segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

CHARLES DE FOUCAULD: JESUS ÚNICO MODELO


O psicólogo e sociólogo alemão Erich Fromm dizia: “É preciso despertar, descartar as ilusões e ver a realidade tal como ela é”.

O renomado sociólogo polonês Zygmunt Bauman em seu livro Ética Pós-moderna, caracteriza nossa nova época como ‘ré encantamento’ do mundo, devolvendo dignidade às emoções e legitimidade ao inexplicável. “Livres da prisão da modernidade, podemos agora nos confrontar com a capacidade ética humana sem ilusões”.

O documento de Aparecida diz: “O compromisso missionário de toda comunidade é sair ao encontro dos afastados, interessa-se por sua situação, a fim de ‘reencantá-los’ com a Igreja e convidá-los a retornarem para ela”, (n. 226 d).

O mundo é uma grande ilusão. Suas paixões são efêmeras e no ingrediente banal e violento resultam em crimes e corrupção.

As aventuras virtuais, vícios capitais, o canzil da depressão e o conceito religioso da teologia da prosperidade levam ao vazio do nada.

Tudo isso conduz ao sistema de fluxo e refluxo, sístole e diástole, expansão e retração, indo e voltando, exatamente como na cópula sem sentido. É o prazer sem gogo, é o tocar sem sentir, é o pouco feliz e muito algoz, é o momento sem futuro e a tomada da sapiência pela boçalidade.

Diante das tantas incompatibilidades, descomunhão eclesial, carreirismo eclesiástico, encontro, reencontro e desencontro, o epônimo eremita Charles de Foucauld é citado gloriosamente no livro O Cisma Silencioso, de Piero Cappelli, com a frase: “O amor louco de Cristo”.

Realmente, a espiritualidade do sábio Charles de Foucauld é a fortaleza para as almas sedentas pelo amor de Jesus de Nazaré.

A nossa era marcada pelo virtual, parcial, superficial e infernal, resta tão somente algo muito forte, impactante e louco para restaurar os quebrados, desconjuntados, perturbados e desencontrados pela ilusão do mundo enganador e mortal do sectarismo.

Dizia Foucauld: “Entrego minha vida em vossas mãos, eu vo-la dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração porque eu vos amo” (Oração do Abandono).

Diante de um mundo capitalista, guerreiro e conflituoso ensina Foucauld: “Ser caridoso, manso, humilde com todos os homens: é o que aprendemos com Jesus. Não ser guerreiro com ninguém: Jesus nos ensinou a ir ‘como cordeiros entre os lobos’, não a falar com aspereza, com rudeza, nem a injuriar, nem a pegar em armas”.

O ‘Cisma Silencioso’, perda da fé, busca do poder eclesiástico, psicologia de príncipe, a indiferença com o sagrado e a hipocrisia religiosa é devido à falta de amor. O sábio e beato eremita Charles de Foucauld afirma de modo magistral: “Amemos a Deus, pois Ele nos amou primeiro. A Paixão, o Calvário, é uma suprema declaração de amor. Porque o amor é o meio mais poderoso de atrair o amor, porque amar é o meio mais poderoso de fazer-se amar...”.

Ver a realidade tal como ela é o ré encantamento do mundo e reencantá-los os afastados da Igreja ao seu Corpo Místico, só com uma espiritualidade focada no amor e no testemunho impactante do Evangelho do Mestre de Nazaré.

Na centralidade do projeto de Cristo, exclama Charles de Foucauld: “Você tem um ÚNICO MODELO: JESUS. Não procure outro”.

Na era do Papa Francisco, temos como modelo a ser seguido no espírito da pobreza e da misericórdia: São Paulo Apóstolo, Santo Antão, São Francisco de Assis, Santa Teresinha do menino Jesus e o beato Charles de Foucauld. Foucauld é conhecido como: Irmãos Carlos de Jesus, Irmão Universal e o eremita ecumênico por excelência.

O maior empreendedorismo que se pode fazer em prol das pessoas é o serviço da dignidade, configurado em Jesus Cristo e no seu Santo Evangelho. Dentro desse contento a espiritualidade foucauldiana entra para alimentar a vida espiritual numa dimensão renovada avivada e sempre reavivada.

A espiritualidade foucauldiana está explícita na autêntica prática missiológica e eremítica de Charles de Foucauld, daí, gritar o Evangelho com a vida tomada de amor e paixão pela libertação das almas.

Essa maravilhosa espiritualidade tem seguidores no mundo inteiro. É uma chama flamejante que conduz as almas pelo verdejante pasto do Bom Pastor.


 Inácio José do Vale


Martírio do Beato Charles de Foucauld - aniversário de 97 anos

No dia 1 de Dezembro de 1916, morria mártir Charles de Foucauld, ou irmão Carlos de Jesus, "irmão universal", o “eremita ecumênico por excelência”. Este monge, padre, missionário e eremita francês, que é pouco conhecido não realizou nenhum “milagre" em vida, mas transformou em milagre como "página viva do Evangelho" sua vida e sua obra. Ele não quis só anunciar o Evangelho onde este já era conhecido, mas foi viver de fato e de verdade a vida de Jesus de Nazaré, sendo pobre entre os pobres no deserto do Saara, em uma região de conflitos de guerra, entre os povos tuaregues. Esse era o tempo da Primeira Grande Guerra Mundial. Charles de Foucauld é o inspirador de uma grande família espiritual espalhada no mundo inteiro. Ele afirmou: “Se não vivemos o Evangelho, Jesus não vive em nós”. -

Inácio José do Vale