sábado, 25 de novembro de 2023

TEXTOS DA SEMANA

TEXTOS DE 20 a 27/04/2024
Em nosso site estes textos estão separados com links: TEXTOS DA SEMANA.
Os textos ficam AQUI por uma semana, mas alguns podem ser encontrados nos blogs e sites de seus autores, nos links: 
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Bom Pastor- DOM PAULO PEIXOTO


Biblicamente falando, o Bom Pastor é Jesus Cristo, é aquele que testemunha coerentemente tudo aquilo que faz em relação às pessoas, e é Ele mesmo quem se apresenta assim. Mas não deixa de ser e ter autêntico estilo de vida comprometido em seus objetivos, com dimensão extrema de cuidado e de atenção para com as ovelhas pastoreadas, fomentando um trabalho de defesa e proteção.

Na figura do Bom Pastor, Jesus, projetamos as pessoas de autoridade, constituídas no mundo das relações humanas, seja a do pai, seja a da mãe, ou das diversas governanças na sociedade. Assim deve estar formada toda a organização natural do povo, para que aconteça a harmonia no bem viver das pessoas, mas entendemos a autoridade que se converte em verdadeiro serviço comunitário.

 A autoridade vem de Deus, mas ela se consolida quando é realizada como verdadeiro serviço de doação ao próximo. Criticaram a autoridade dos apóstolos, ao dizer: “Com que poder ou em nome de quem vocês fizeram isso?” (At 4,7). Pedro, porque o Espírito de Deus estava nele, deu-lhes uma resposta sábia e segura, afirmando agir em nome de Jesus Cristo, a serviço da comunidade.

A prática da arrogância, o espírito de dominação e dos atos injustos desabonam totalmente a força das autoridades e de qualquer liderança. O espelho, que deve ser contemplado, é a Pessoa do Bom Pastor, despido de qualquer formalidade arbitrária em relação ao outro, principalmente para com os mais pobres e vulneráveis. Toda autoridade deve ser de confiança e fazer o bem para ser confiável.

O pastor tem o compromisso de ser sempre humano, de amar e ser amado para desempenhar bem sua tarefa. Jesus revela essa prática como pessoa humano/divina, para conduzir os humanos, levando-os ao divino. Era diferente dos mercenários, exploradores, sem compaixão e manipuladores das ovelhas. Lançavam mão dos próprios caprichos para conduzi-las à total submissão.

 A ação de um pastor acontece numa comunidade concreta, onde está presente a diversidade de pensamento e de atitudes. É seu papel ser aglutinador das diferenças para acontecer a unidade, evitando as arestas destoantes e provocadoras de atritos. Mas o bem pode acontecer também em ambientes conflitantes, desde que sejam conduzidos com determinação por quem é bom pastor.

Dom Paulo Mendes Peixoto 

Arcebispo de Uberaba. 


 CAPITALISMO DE VIGILÂNCIA  - FREI BETTO

        Após carregarem pesadas pedras para erguer as pirâmides, arrastadas à tração animal, os escravos egípcios devem ter ficado agradecidos e, ao mesmo tempo, perplexos, quando um deles, na Mesopotâmia (atual Iraque), inventou a roda. Do mesmo modo nossa geração se surpreende com a agilidade “mágica” da robótica para desempenhar tarefas com maior velocidade e precisão que a habilidade humana.  

        O algoritmo veio inaugurar uma nova era civilizatória ao nos oferecer uma outra “roda”: a inteligência artificial que, diga-se de passagem, nem é propriamente inteligência nem artificial, pois é toda programada por seres humanos, embora tenha desempenho automático. Mas, sem ela, não poderíamos pesquisar os buracos negros nos longínquos espaços siderais e penetrar os diminutos recônditos da matéria graças à nanotecnologia. 

        A roda veio facilitar todo tipo de transporte, da mala de viagem, que já não temos que carregar, ao caminhão que leva pesados blocos de pedra. Mas, sem ela, não haveria tantos acidentes de trânsito. A culpa, com certeza, não é da tecnologia. É do uso que dela fazemos, e isso vale para a inteligência artificial. É programada pela inteligência humana, supera-a em agilidade, porém não em criatividade. Pode fazer complexos cálculos matemáticos em milésimos de segundos, mas é incapaz de produzir um romance à altura de “Dom Quixote”, de Cervantes ou “Grande sertão, veredas”, de Guimarães Rosa. 

       Na pauta de defesa da democracia há que entrar a regulação do uso dos algoritmos, de modo a amenizar o impacto do que a socióloga estadunidense Shoshana Zuboff chama de “capitalismo de vigilância”. Todos os dados que geramos ao utilizar o Google, por exemplo, são coletados em grandes bancos de dados e analisados por especialistas para detectar as tendências em voga e as futuras potencialidades do mercado. 

        O Google sabe, por meio do algoritmo, que o usuário “A” aprecia vinhos e, assim, inunda o e-mail dele de publicidade de vinhos. O mesmo acontece quando o usuário “B” procura um novo par de sapatos. Quando o usuário C” capta informações sobre trânsito, de interesse público, cria um software e oferece aos governos. Software são os aplicativos que utilizamos no acesso à internet, como Word, Spotify, Tik Tok etc. 

        O problema é que não sabemos o que é feito com esses dados. O que sabemos do Facebook é porque alguém vazou um documento interno. As empresas não falam sobre seu modelo de negócio. Não existem dados consolidados, os termos de uso e as políticas de privacidades são muito confusas.

        Qualquer governo que pretenda reduzir as desigualdades e promover a democracia e a justiça social deve se preocupar com a regulação do uso dos algoritmos. Como se sabe, são programas concebidos para fazer buscas em imensos bancos de dados, classificar essas informações segundo um critério previamente definido por seu autor e orientar sua destinação. Em tese, eles eliminariam distorções subjetivas, mas o que acontece de fato na internet é que os critérios não são conhecidos nem passíveis de sê-lo.

 

 Frei Betto é escritor, autor de “Por uma educação crítica e participativa” (Rocco), entre outros livros. Livraria virtual: freibetto.org

          

Frei Betto é autor de 78 livros editados no Brasil, dos quais 42 também no exterior. Você poderá adquiri-los com desconto na Livraria Virtual – www.freibetto.org  Ali os encontrará  a preços mais baratos e os receberá em casa pelo correio.


Clericalismo - Pe Waldemir Santana.

O Papa Francisco tem veementemente proferido críticas ácidas contra o clericalismo na Igreja. O que leva um Papa a criticar o clericalismo? Quais razões ele apresenta para tais críticas? Um Papa não seria irresponsável a ponto de cometer erros ao criticar tais posturas do clero. As razões que ele apresenta estão nas inúmeras entrevistas e artigos por ele produzidos. Para o clericalismo, receber inúmeras críticas é sinal de que essa realidade está produzindo muito mal na vida eclesial. Isso é notório no cotidiano das comunidades, onde os Padres se apresentam mais como príncipes, que estão acima do bem e do mal, do que como pastores do rebanho.


O clericalismo em todas as suas manifestações tem sido um empecilho à atividade evangelizadora da Igreja. O Papa Francisco propõe uma Igreja em saída e missionária, não obstante, o clericalismo se enraíza cada vez mais, corrompendo o corpo de Cristo. 


Como se manifesta o clericalismo? Existe toda uma característica do clericalismo, a começar pelo uso excessivo de uma indumentária própria desse seguimento eclesial. A vida burguesa cheia de privilégios é outra característica seguida de celebrações litúrgicas cheias de penduricalhos e abusos de poder. O pior dessa enfermidade é que ela visa clericalizar os leigos para aplaudirem o super-homem que, revestido de um poder sagrado, tem a última palavra em todos os campos. Assim sendo, o clérigo é transformado num senhor feudal e, por isso, não pode ser questionado, mas somente obedecido. Esse clericalismo, no dizer do Papa Francisco, é a expressão do mundanismo espiritual.


O clericalismo enquanto expressão eclesial, é a atitude de bispos, padres, diáconos que concebem o ministério não como serviço, mas como um poder sem limites conferidos por Deus. Ele ocupa determinados espaços, onde o serviço se transforma em domínio e poder pessoal para estar acima dos outros. Quando se fala em mundanismo espiritual, o que está por trás é um clericalismo necrosado. Destarte o clericalismo não é nenhum sinal de amor pela Igreja, mas é uma enfermidade que se instalou no corpo eclesial e que está difícil de ser curada. Como já foi dito, clericalismo e cristianismo são incompatíveis.


Onde começa a se consolidar essa cultura clerical? O primeiro lugar é nos seminários, pois os jovens são formados para administrarem as paróquias como se fossem feudos, deixando a evangelização para um segundo plano menos importante. A estrutura eclesial proporciona esse tipo de cultura clerical que facilita a ambição de uma aristocracia que visa obter vantagens e poder, muitas vezes se utilizando de uma falsa moral, ancorada numa teologia obsoleta e arcaica que nega a realidade nas múltiplas manifestações. Não é fácil eliminar esse câncer da Igreja. Como de forma lúcida, assevera o Papa Francisco, por trás do clericalismo se esconde o fascínio pelo poder e pela evidência.


O clericalismo faz com que a pessoa se ache uma autoridade que tem competência para dar respostas a todos os problemas que estão além de sua competência e capacidade. O mais deprimente é que os clericalistas distorcem qualquer relacionamento de valor fraterno, com insinuações perversas. Isso demonstra a personalidade da pessoa que se esconde atrás de uma veste clerical. Esse tipo de comportamento vai à contramão da evangelização. Diante do câncer que é o clericalismo, percebemos que a Igreja precisa de padres cristãos, pastores e missionários que tenham cheiro de ovelhas, e não de funcionários de uma organização religiosa dirigida por uma casta que se imagina acima do bem e do mal.

O padre Agenor Brighenti, numa pesquisa realizada com grande seriedade, mostrou que os padres jovens são muito clericais, autoritários, ortodoxos e moralistas. Ele acrescenta, saímos do profético para o terapêutico, do ético para o estético. Com isso, se torna claro que os caminhos para a superação do clericalismo são poucos. Será necessário fazer mudanças profundas nas estruturas eclesiais em todos os aspectos. Se o clericalismo em si já é um grosso problema difícil de se eliminar, mudar estruturas na Igreja é quase uma utopia longínqua. Segundo o Papa Francisco, por trás de todo clericalismo rígido há sérios problemas. E a fixação no sexto mandamento revela algo muito mais profundo.


A partir de estudos sobre o problema do clericalismo na Igreja, se constata que os abusos em todos os seus matizes se relacionam com essa problemática. Os abusos estão relacionados com disfunções psicossexuais, psicossociais e clericais. O clericalismo se manifesta muitas vezes na vida do padre, quando ele se ausenta da realidade, refugiando-se num mundo privado de uma piedade amorfa e práticas litúrgicas que se voltam para o passado, rejeitando o presente. Ou a Igreja desmantela as estruturas do clericalismo, ou verá crescer o número de abusos de variadas formas. Até a volta de um tipo de veste na vida do clero revela a afirmação de um poder sagrado dominador e autoritário.


Os adeptos do clericalismo entendem a Igreja como a continuação de um governo imperial eclesiástico, por isso, simboliza a manutenção de um poder de posição que está a anos-luz do poder revelado por Jesus. Um presbítero asseverou que os clericalistas desejam a manutenção dos 5 cês: casa, comida, celular, carro e casula. Excluindo a dose de exagero que a afirmação pode ter, devemos nos fixar na dose de verdade que ela comporta. O maior inimigo da fé verdadeira não são os adeptos da teologia da libertação, mas os que buscam segurança nas vestes, nas liturgias pomposas e no autoritarismo inconsequente. Os leigos que aderem ao clericalismo muitas vezes colocam o padre num pedestal, como se ele fosse a encarnação da divindade, privando-o de toda crítica e questionamentos.


O clericalismo no seu desdobramento impõe uma obediência cega, não consegue dialogar, é autoritário, centralizador, não suporta pessoas críticas e exclui as pessoas conscientes da comunidade. Na Paróquia, o clericalista se comporta como Luís XIV, como um rei absolutista: “A Paróquia, sou eu”. Onde o clericalismo finca raízes, uma Igreja com espírito sinodal não tem vez e nunca será implementada. Só nos resta continuar acreditando e depositando nossa esperança nas minorias abraâmicas.

Pe Waldemir Santana.

Arquidiocese da Paraíba.


O clericalismo continua gordo, forte e corado. Viva a sinodalidade!- Por Celso Pinto Carias

A coluna precisa começar pedindo perdão aos bispos, presbíteros, diáconos, ministros e ministras não clericalistas. Não são muitos, mas existem. Chicão, o Papa Francisco, desde o início de seu pontificado fala disso. Chegou a comparar com um câncer. Mas apesar do papa, continua gordo, forte e corado. Por quê?

José Comblin, um teólogo visionário falecido em 2011, afirmou, com razão, que o sistema teológico cristão foi fortemente influenciado pelo império, inicialmente o romano, depois outros impérios foram fazendo o mesmo papel. O clericalismo é a forma de manutenção de um governo imperial eclesiástico. Para um império se manter, ele precisa dominar de todas as formas, inclusive ou principalmente, com armas simbólicas. Armas que não precisam ser ostensivas, mesmo que em certos momentos históricos, até armas que produzem dor e sofrimento sejam utilizadas, como nas guerras. Sabemos muito bem, por exemplo, a razão pela qual os EUA lançaram duas bombas atômicas sobre civis japoneses em uma guerra já vencida. Tratava-se de uma mensagem para o mundo, isto é, uma afirmação do poder dominador.

Aqueles que agem como aliados do poder dominador na Igreja não precisam mais, graças a Deus, enviar “bruxas” para o “braço civil” queimar na fogueira. Mas queimam de outra forma. Relacionam pessoas boas, caso recente do Pe. Júlio Lancellotti, do próprio Papa Francisco, com o mal, buscando justificar o ódio como um sentimento de rejeição ao “pecado”. Libertando as consciências de uma possível autoavaliação de seus atos como desumanos e justificando a injustiça social como vontade de Deus: “Jesus disse: pobres sempre terão entre vós”. 

Ora, o clericalismo é uma forma simbólica da manutenção de um poder que não é poder do amor, aquele vivido e revelado por Jesus de Nazaré. O “manto sagrado” que o disfarça induz a maior parte do povo santo de Deus a uma obediência cega que desculpa, muitas vezes, transgressões perversas dos clérigos e de todas as pessoas na Igreja que agem sob o manto do clericalismo, pois leigos e leigas também podem ser clericalistas. Até abusos morais são camuflados. A imagem de um Deus Misericordioso, como o revelado por Jesus Cristo, é muito condescendente com aqueles que mostram, por sua própria condição, a contradição da sociedade, por isso devem ser eliminados sem pudor.  Como assim “bem-aventurados os pobres”? Por isso, a imagem de um Deus que condena o pecador é muito mais eficaz para garantir a manutenção dos privilégios daqueles que tem poder, mesmo que seja um privilégio menor diante dos grandes privilégios dos verdadeiros dominadores. 

Os clérigos que incorporam o clericalismo, consciente ou inconscientemente, desejam a manutenção dos cincos “Cês”, como diz um presbítero amigo, não clericalista evidentemente: casa, comida, celular, carro e casula. As ovelhas, muitas vezes, cheiram mal, por isso é melhor atrair o povo “cheiroso” e vestir paramentos litúrgicos que brilham no altar e resplandecem o poder do sagrado na figura humana do padre, sem precisar do trabalho cotidiano, do contato com a miséria humana que precisa de ajuda. 

Neste contexto, uma Igreja Sinodal não pode ser bem recebida. Uma Igreja onde, de fato, o batismo seja o grande vínculo com o Caminho de Jesus atrapalha. Daí se entende porque o Sínodo Comunhão, Missão e Participação não seja bem recebido por boa parte do mundo clericalista. 

O clericalismo exige obediência cega, não tolera o diálogo, confunde autoridade com autoritarismo, é autorreferencial, centralizador, não suporta ser contestado, mesmo que a contestação seja feita com fraternidade. Exclui leigos e leigos que tenham alguma iniciação teológica, pois podem oferecer contrapontos não desejáveis, que induzam a pensar, a refletir em possibilidades de uma participação mais efetiva de todas as pessoas batizadas que desejam servir a Igreja em algum ministério. 

A volta da batina, por exemplo, já tratada em outra coluna, pode ser um forte símbolo de afirmação de um poder sagrado dominador e não de desapego. Evidentemente que pode ser um desapego, como foi no caso de Dom Hélder; mas o que está acontecendo nos últimos anos vai em outra direção. É significativo que o uso das vestes clericais hoje seja mais dos presbíteros jovens, sem generalizar, do que dos mais velhos. Em uma determinada paróquia, de um determinado lugar do Brasil, um fiel chegou a afirmar quando um presbítero jovem tomou posse em substituição a um falecido presbítero, depois de ter dado a vida durante anos àquela paróquia: “agora sim temos um sacerdote”. Sim, o uso do conceito “sacerdote” em detrimento do conceito de “presbítero”, no sentido neotestamentário, ganhou força. O “sacerdote” é aquele que quase é outro Cristo, e o “presbítero”, como a palavra grega original, é o ancião, a pessoa mais velha que orienta, acolhe, ajuda a comunidade a seguir o Caminho de Nosso Senhor Jesus Cristo. O presbítero simboliza mais o Jesus do lava-pés. 

Por isso, rogamos a Deus para que o Sínodo possibilite o recomeço de uma Igreja que anuncia o Reino de Deus como fez o mestre Jesus Cristo. Que a Igreja seja sinal, luz, fermento no meio do mundo, e não aliada dos impérios. Louvado seja nosso Senhor Jesus Crist


Como se formou o Pentateuco e tipos de leitura da Bíblia - Por frei Gilvander Moreira 

Para compreendermos as formas e os gêneros literários no Primeiro Testamento da Bíblia, é importante conhecermos a Hipótese Documentária que possivelmente deu origem aos cinco primeiros livros da Bíblia para percebermos que um estudo sério da Bíblia exige conhecimento, pesquisa e dedicação para adentrarmos não apenas no texto em si, mas no contexto e pretexto das comunidades que estão por detrás dele. Como teriam se formado os cinco primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco? 

Já em 1753, Jean Astruc , assíduo e atento leitor da Bíblia, escreveu um livro sem colocá-lo sob a sua autoria, questionava que os cinco primeiros livros da Bíblia, fossem de Moisés, mas que ele teria se servido de fontes já existentes, para escrevê-los. O que colocava em risco a inspiração bíblica, pois se afirmava que Deus havia ditado aos ouvidos de Moisés estes cinco livros. Ele se deu conta de que Deus era chamado ora de Yaweh, ora de Elohim; percebera rupturas bruscas em alguns textos, repetições em outros, estilos diferentes etc. Tudo isso só poderia comprovar a diversidade de autores de textos de diferentes épocas e autores reunidos sob o título de um único livro. Já nesse tempo ele atribuía os textos a um autor que poderia ser chamado de Javista e outro de Eloísta. Era o estudo da Bíblia a partir de fontes.

O biblista alemão Julius Wellhausen (1844-1918) deu continuidade a estes estudos de Jean Astruc, na segunda metade do século XIX, foi um grande estudioso que identificou também outras fontes documentais que contribuíram para a formação do Pentateuco. Wellhausen afirma que a idade de ouro da religião de Israel foi o início da monarquia unida, com os reis Saul e Davi, quando teria nascido a primeira fonte da Hipótese Documentária do Pentateuco, a Javista. Eis as quatro fontes prováveis do Deuteronômio: a) Fonte Javista (J), escrita no Reino de Judá, ao Sul, por volta do séc. IX Antes da Era Cristã (a.E.C.), na perspectiva de Deus como Javé, solidário e libertador; b) Fonte Eloísta (E), escrita um século depois, no Reino de Israel, ao Norte, e foi influenciada pelos primeiros profetas (séc. VIII), na perspectiva de Deus como Criador e Justo; c) Fonte Deuteronomista (Dtr) que, em seu núcleo mais antigo, situa-se por volta do início do séc. VII na época da Reforma do rei Josias (640-609 a.E.C.). Ela tem um enfoque profético, que denuncia a monarquia como regime opressor; d) Fonte Sacerdotal  (P), uma obra do exílio ou do pós-exílio , com interesse pelo culto e da celebração da vida/fé em Deus, durante a caminhada de libertação. Muitas regras litúrgicas são apresentadas, como instrumentos, para o cultivo da fé em Deus libertador e não por ritualismo. 

Enfim, o Pentateuco atual (Gn, Ex, Lv, Nm e Dt), provavelmente, foi escrito na época do segundo Templo – após a volta do exílio babilônico a partir de 539 a.E.C.  muitos atribuem a redação à Reforma de Esdra (cf. Ne 8).

Há vários tipos de leituras da bíblia. Muitas pessoas têm a Bíblia em casa, poucas a leem e a conhecem por meio de uma leitura assídua ou mesmo do estudo da mesma. Há uma curiosidade e um interesse em conhecê-la por parte de muitas pessoas, outras têm sede e fome da Palavra de Deus na Bíblia, buscam-na de diversas formas: no aprofundamento pessoal, na participação de grupos de reflexão bíblica, em cursos bíblicos sistemáticos. Mesmo assim, percebe-se que muitas pessoas, por falta de conhecimento ou de uma orientação adequada, fazem leituras aleatórias, ingênuas, fundamentalistas ou literalistas; e são raras as pessoas que fazem a leitura libertadora dos textos bíblicos. 

A leitura Aleatória é feita sem nenhuma iniciação ou orientação sobre a leitura da Bíblia. Abre-se o livro aleatoriamente e leem-se alguns versículos, pinçando-os, quando estes trazem uma mensagem compreensível, mas quando aparece um texto escabroso, ocorre o susto e o escândalo, porque a Bíblia fala em guerra, estupro, corrupção, homicídio e outros. Daí vêm, muitas vezes, o desinteresse e a desistência porque se entende a Bíblia como um livro chato, cansativo, que fala de coisas difíceis, incompreensíveis, estranhas, misteriosas, que parecem retratar a realidade atual, por isso, abandona a sua leitura. Outros sacralizam e absolutizam de tal forma o livro da Bíblia: ‘como se ele tivesse sido ditado palavra por palavra pelo Espírito Santo e não se chega a reconhecer que ela foi formulada em uma linguagem e uma fraseologia condicionada por sua época. Não dão atenção às formas literárias e às maneiras humanas de pensar, presentes nos textos bíblicos’ . Essas pessoas transformam a Bíblia em um amuleto, fetiche, um objeto de decoração, menos Palavra de Deus para suas vidas, não por má vontade, mas porque não sentem atração e nem interesse por ela. Já na leitura ingênua o uso da Bíblia é frequente, mas não avançam do primeiro nível de leitura, ficando sempre na superfície do texto.

Na Leitura Ingênua, as pessoas têm medo de estudar a Bíblia, porque perderiam a própria fé. Preferem continuar em uma leitura superficial, não passando de uma compreensão literal, nada aprofundando, quando são interpeladas por alguém, pelos filhos, netos ou por alguma criança, sobre a Bíblia, não sabem responder e dar razões para aquilo que elas mesmas acreditam, mas não encontram justificativas plausíveis. Certamente essas pessoas confundem a fé com a Bíblia, quando a fé é dom de Deus que precisa ser cultivada. Deus não retira o dom que ele deu à pessoa, contudo, ele precisa ser cultivado e desenvolvido por ela. Como uma postura existencial de abertura ao divino existente em nós, a fé é um dos talentos mais preciosos que recebemos do Deus da vida. Entre os meios para cultivar esse dom, está a leitura da Bíblia, ela se tornará sagrada, Palavra de Deus, quando a pessoa se dispor a ouvi-la e praticá-la, então sim, ela começará a falar ao coração. Da mesma forma é falha a leitura fundamentalista. 

P.S. Sobre as Leituras Fundamentalista e Libertadora veremos no próximo texto. 


16/04/2024

Obs.: As videorreportagens nos links, abaixo, versam sobre o assunto tratado, acima.

1 – Um Tom de resistência - Combatendo o fundamentalismo cristão na política

https://www.youtube.com/watch?v=5zOV-dOpW-Q  

2 - Bíblia: privatizada ou lida de forma crítica libertadora? Por frei Gilvander, no Palavra Ética 

https://www.youtube.com/watch?v=pFRiBrjmcMQ 

3 - Deram-nos a Bíblia. “Fechem os olhos!” Roubaram nossa terra. Xukuru-Kariri, Brumadinho/MG. Vídeo 5

https://www.youtube.com/watch?v=8ACp7JOtRb8   

4 - Agir ético na Carta aos Efésios: Mês da Bíblia de 2023. Por frei Gilvander (Cinco vídeos reunidos)

https://www.youtube.com/watch?v=IBMdrHRNkB0   

5 - Andar no amor na Casa Comum: Carta aos Efésios segundo a biblista Elsa Tamez e CEBI-MG - Set/2022

https://www.youtube.com/watch?v=nUsZeprbRBY 

6 - Toda a Criação respira Deus: Carta aos Efésios segundo o biblista NÉSTOR MIGUEZ e CEBI-MG, set 2022

https://www.youtube.com/watch?v=bcIzASpx9Lo 

7 - Chaves de leitura da Carta aos Efésios, segundo o biblista PEDRO LIMA VASCONCELOS e CEBI/MG –Set./22

https://www.youtube.com/watch?v=1uc95pm6GeE 

8 - Estudo: Carta aos Efésios. Professor Francisco Orofino

https://www.youtube.com/watch?v=csZGT2S49SA 

9 - Carta aos Efésios: Agir ético faz a diferença! - Por frei Gilvander - Mês da Bíblia/2023 -02/07/2023

https://www.youtube.com/watch?v=IuTKCuFgfhw 

10 - Bíblia, Ética e Cidadania, com Frei Gilvander para CEBI Sudeste

https://www.youtube.com/watch?v=SHIi1O66RCg 

11 - Contexto para o estudo do Livro de Josué - Mês da Bíblia 2022 - Por frei Gilvander - 30/8/2022

https://www.youtube.com/watch?v=6XJpE9u8a18 

12 - CEBI: 43 anos de história! Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos lendo Bíblia com Opção pelos Pobres

https://www.youtube.com/watch?v=n8CGPjlaApE 


*O silêncio de Deus e a morte dos inocentes: Deus por que te calas?*Leonardo Boff


Teremos tempo, coragem e sabedoria para esta conversão ecológica?


Vivemos globalmente num mundo trágico, cheio de incertezas, de ameaças e de perguntas para as quais não temos respostas que nos satisfaçam. Ninguém nos poderá dizer para onde estamos indo: para o prolongamento do atual modo de habitar a Terra, devastando-a em nome de um maior enriquecimento de poucos. Ou mudaremos de rumo?

No primeiro caso, seguramente a Terra não aguentará a voracidade dos consumistas (já agora precisamos de uma Terra e meia para atender o nível atual de consumo dos países ricos) e nos confrontaremos com crises e mais crise, como o coronavírus e o aquecimento global já irrefreável (lançamos na atmosfera por ano 40 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa). Poderemos não ter mais retorno e iremos ao encontro do pior.

Ou, forçados pela situação, recuperaremos a razão sensível e sensata, pois agora está enlouquecida, definimos um novo rumo mais amigável para com a natureza e a Terra, mais justo e participativo de todos os humanos. Trabalharemos a partir do território, desenhado pela natureza, pois aí pode ser sustentável e criar uma verdadeira participação de todos. Então começará um novo tipo de história com um futuro para o sistema-vida e o sistema-Terra.

Teremos tempo, coragem e sabedoria para esta conversão ecológica? O ser humano é flexível, tem mudado muito e se adaptado aos vários climas. Ademais, a história não é linear. De repente surge o inesperado e o impensável (um salto para cima em nossa consciência) que inaugurariam um rumo para a história.

Enquanto esperamos, sofremos pelos males que estão ocorrendo na Terra: há 17 lugares de guerra. O Papa Francisco falou muitas vezes que estamos já na Terceira Guerra Mundial aos pedaços. Não é impossível que irrompa um conflito nuclear inteiro e leve a perder toda a humanidade. Neste contexto nos colocamos no lugar de Jó e clamamos a Deus no meio de tantas mortes de inocentes, de genocídios e de guerras altamente letais.

Deus, onde estavas naqueles momentos aterradores em que a fúria genocida de Netanyahu dizimou 13 mil crianças inocentes e mais de 80 mil pessoas e mães na Faixa de Gaza? Por que não intervieste, se podias fazê-lo? Mais de 500 mil casas, hospitais, escolas, universidades, mesquitas e igrejas foram arrasadas. Por que não detiveste aquele abraço assassino? Teu Filho bem-amado, Jesus, saciou cerca de 5 mil pessoas famintas. Por que permites que centenas e centenas morram de sede e de fome?

Onde está a tua piedade? Estas vítimas não são também teus filhos e filhas, especialmente queridos, porque representam teu Filho crucificado? Recordo com dor as palavras do Papa Bento XVI quando visitou o campo de extermínio de judeus em Auschwitz-Birkenau: ”Quantas perguntas surgem neste lugar. Onde estava Deus naqueles dias? Por que Ele silenciou? Como pôde tolerar esse excesso de destruição, este triunfo do mal?”

Jó tinha razão em reconhecer que “Deus é grande demais para que possamos conhecê-lo” (Jó 36,26). Ele pode ser e fazer aquilo que não entendemos, pois somos limitados. Não obstante teimosamente Jó professa sua fé, dizendo a Deus: ”Mesmo que me mates, ainda assim creio em ti” (Jo 15,13)?

Inesquecível é o testemunho do judeu antes de ser exterminado no Gueto de Varsóvia em 1943. Deixou escrito num papelzinho posto dentro de uma garrafa: “Creio no Deus de Israel, mesmo que Ele tenha feito tudo para que não creia n’Ele. Escondeu seu rosto… Se, um dia, alguém a encontrar esse papelzinho e o ler, vai entender, talvez, o sentimento de um judeu que morreu abandonado por Deus, esse Deus em quem continuo a crer firmemente”.

Não pretendemos ser juízes de Deus. Mas podemos ser como o Filho do Homem no Jardim das Oliveiras e no alto da cruz. Jesus, quase desesperado, clamou: ”Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Marcos 15,34)

Nossos lamentos não são blasfêmias, mas um grito doloroso e insistente a Deus: desperta! Não tolera mais o sofrimento, o desespero e o genocídio de inocentes. Acorda, vem libertar aqueles que criaste no amor. Acorda e venha, Senhor, para salvá-los.

No meio desta melancolia, nossa esperança prevalece, porque, pela ressurreição de um irmão nosso, Jesus de Nazaré, antecipou-se nosso fim bom. É isso que nos confere algum sentido e de não desesperar face à dramática situação da humanidade e da Terra.


Marcelo Barros -  “Para as águas tranquilas nos conduz”

4º Domingo da Páscoa:  Jo 10, 11- 18. 

Esta palavra do salmo 23 pode ser bem o horizonte da nossa meditação neste 4º Domingo da Páscoa, ocasião na qual, a cada ano, sempre lemos o capítulo 10 do quarto evangelho. Neste ano B, temos como texto João 10, 11 – 18. É a segunda parte da alegoria que o evangelho situa como palavra que Jesus teria dito aos sacerdotes, no templo de Jerusalém, no contexto da festa das Tendas. 

Até hoje, no Judaísmo, Sucot é uma festa anual que recorda a peregrinação do povo hebreu pelo deserto. Mesmo em nossos dias, no terreno de suas casas, as famílias judaicas improvisam tendas, montadas para reavivar a esperança messiânica da libertação. 

Conforme o evangelho de hoje, é nesse contexto de uma festa que lembra o nomadismo que Jesus se apresenta como pastor, figura nômade, cuja função é conduzir as ovelhas para o pasto. O pastor as tira da segurança do curral, onde, durante a noite, ficam protegidas. No grego, o termo redil ou pátio das ovelhas, (aulé) é o mesmo termo usado no capítulo 18 para falar do pátio da casa do sumo sacerdote, onde Pedro negou que conhecia Jesus. É o mesmo termo para falar do pátio do templo. Portanto, nesse evangelho, essa imagem de tirar as ovelhas do aprisco parece aludir a libertá-las da prisão da instituição religiosa que as aprisiona e as controla. 

Na Bíblia, o termo pastor era usado para indicar o chefe político, o governante. Na época de Jesus, como o Império Romano oprimia economicamente o povo através do templo, os sacerdotes de Jerusalém e os rabinos das sinagogas acumulavam as duas funções. Eram, ao mesmo tempo, chefes da religião e líderes políticos, submissos ao império. Então, Jesus os agride diretamente, ao se colocar como único pastor que tem direito a entrar no pátio das ovelhas. O adjetivo usado para o Pastor que é bom, ou verdadeiro, (kalos) é o mesmo que o evangelho usa para o vinho melhor em Caná. Cristo ressuscitado é o melhor pastor.  

Hoje, vivemos em um mundo urbano e não temos mais a experiência rural de pastor e ovelhas. Além disso, hoje, ninguém quer se colocar como ovelha de ninguém. A palavra “carneirada” é negativa. A nossa fé deve ser lúcida e crítica. De todo modo, o que a figura de pastor nos diz é que Jesus se coloca como nosso guia e cuidador. Guardião de nossas vidas. Nessa alegoria, Jesus contrapõe duas figuras: a do pastor e a do funcionário (mercenário). Em nossos dias, tanto na Política como no âmbito da fé, conhecemos as duas figuras. Há pessoas que vivem a Política como arte de cuidar do bem comum e há os que, na Política, se comportam como funcionários que querem apenas ganhar dinheiro e fazer a sua vida. No campo religioso, conhecemos pastores verdadeiros que cuidam do povo e testemunham o amor divino e conhecemos funcionários que se encastelam na instituição em busca de poder, prestígio e dinheiro. Esses usam Deus como arma para se banquetear das ovelhas e não para dar vida.

Essa parábola do pastor nos lembra a lamentação do salmo 80 que chama Deus de Pastor de Israel, mas diz que o povo está saqueado e a vida tem sido destruída.  Este capítulo 10 do quarto evangelho é das páginas bíblicas mais duras e mais críticas em relação a governantes e poderosos do mundo. Sem fazer nuances, diz que todos os governantes de Israel anteriores a Jesus têm sido bandidos e salteadores que entraram no aprisco não pela porta normal, mas pelas janelas da exploração da ignorância de muita gente e do poder do dinheiro. E Jesus se coloca como pastor contrário aos grupos religiosos que, indiferentes ao mundo dos pobres, pensam só em seus interesses e no caso de grupos católicos, vivem fechados na idolatria do poder divinizado e do Deus da lei a qual obedecem. Jesus veio justamente para trazer vida no próprio reinado da morte. 

Na realidade que vivemos hoje, este evangelho nos chama a acolher o chamado de Jesus para um maior nomadismo espiritual. 

Em nossos dias, a vida plena que Jesus afirmou ter vindo trazer (v 10) se concretiza como paradigma para toda a humanidade no Bem-viver. Isso significa lutar pelos bens comuns da humanidade e fortalecer a esperança de tempos novos. Para retomar as imagens deste evangelho, precisamos retomar a esperança da terra partilhada, da natureza respeitada e de uma política participativa. As pastagens de águas límpidas e transparentes para onde o Pastor promete nos conduzir é nova primavera do mundo e da vida. Ele veio realizar o que dizia o poema do Cântico dos Cânticos: “Vem, minha amada. O inverno já passou. As flores já nascem nos campos, a rolinha está cantando. É tempo de amar” (Ct 2, 11- 13). 


SOU BOM PASTOR, OVELHAS GUARDAREI:

NÃO TENHO OUTRO OFÍCIO NEM TEREI.

QUANTAS VIDAS EU TIVER EU LHES DAREI!


1. MAUS PASTORES NUM DIA DE SOMBRA,

NÃO CUIDARAM E O REBANHO SE PERDEU.

VOU SAIR PELO CAMPO, REUNIR O QUE É MEU,

CONDUZIR E SALVAR. (Waldecir Farias). 



SEMANA DOS POVOS INDIGENAS (2017)

PE. NELITO

“A Igreja está na Amazônia não como aqueles que têm as malas na mão, para partir depois de terem explorado tudo o que puderam”.

(Papa Francisco aos Bispos do Brasil, Rio de Janeiro, 27 de julho de 2013)


Tema: Povos indígenas, Territórios e Biomas: Berços de Vida, Lutas e Esperança


Objetivos específicos


1- Conhecer as características dos principais biomas brasileiros.

2- Demonstrar as múltiplas formas com que se organiza a trama da vida, nos diversos biomas brasileiros.

3- Reconhecer que a manutenção da diversidade destes biomas requer que se conheçam suas características, que se respeite a teia complexa que mantém a vida em equilíbrio em cada contexto.

4- Discutir sobre alguns dos problemas enfrentados pelos povos indígenas e comunidades tradicionais quando seus territórios são invadidos ou quando, sobre eles se estabelecem empreendimentos predatórios. 

5- Convidar a refletir sobre os efeitos das ações predatórias em curso, que violam os direitos das populações indígenas e, em última instância, colocam em risco a vida no planeta.

6- Debater e refletir sobre a questão indígena no Brasil, discutindo sobre o inaceitável modelo de desenvolvimento econômico que prima pela exploração e destruição do meio ambiente, dos mananciais ecológicos, das águas, rios e mar. 

7- Denunciar o desrespeito aos direitos dos povos indígenas e das práticas de violência que contra eles são cotidianamente desencadeadas pela omissão ou conivência dos poderes públicos.

8- Renovar a esperança dos povos indígenas, articulando pessoas, instituições civis, sociais e religiosas que se dedicam à promoção do bem comum, da justiça e da solidariedade. 

9- Criar mecanismos que possibilitem a reverção da realidade de desigualdades, de violências e de destruição. 

10- Refundar os espaços coletivos para partilhar as inquietações e descobrir soluções conjuntas.


Povos indígenas, quem são e como vivem?


Estima-se que, na época da chegada dos europeus em 1500 em nosso território, os indígenas aqui existentes eram estimados em mais de 1.000 povos, somando entre dois e quatro milhões de pessoas. 

Em pleno século XXI a grande maioria dos brasileiros ignora a imensa diversidade de povos indígenas que vivem no país. 

Vivem hoje no Brasil, segundo dados do IBGE de 2010, 305 povos indígenas em milhares de aldeias, situadas no interior de 705 Terras Indígenas, com uma população de 896.917 pessoas, pertencentes a 253 povos, falando mais de 274 línguas diferentes, além de 70 tribos vivendo em locais isolados e que ainda não foram contatadas. 

Destes, 324.834 vivem em cidades e 572.083 em áreas rurais, o que corresponde aproximadamente a 0,47% da população total do país.

Das 1.113 terras indígenas reconhecidas, em processo de reconhecimento pelo Estado brasileiro ou reivindicadas pelas comunidades, até dezembro de 2016, apenas 398, ou 35,75%, tinham seus processos administrativos finalizados, haviam sido registradas pela União.

Os povos indígenas estão presentes em todos os Estados brasileiros, exceto no Piauí e Rio Grande do Norte. A maior concentração está nas regiões Norte e Centro-Oeste.


Biomas e as teias da vida 


Os povos indígenas e as comunidades tradicionais têm muito a nos ensinar sobre uma atitude atenta ao meio ambiente, e esta é uma capacidade desenvolvida a partir de seus modos próprios de viver e de entender as relações entre os seres, na terra. Para viver, e não meramente sobreviver, é preciso ver nos outros - pessoas, animais, plantas - não um inimigo ou um concorrente, e sim um elemento que integra a trama da vida e que tem, nela, o seu lugar.

Na cultura ocidental somos desabilitados para a construção de relações respeitosas com o meio que nos cerca. Somos ensinados a pensar que os seres humanos estão acima dos demais seres vivos, e que seria sua tarefa dominar o mundo natural e subjugá-lo à sua vontade. Desse modo, vamos perdendo gradativamente a capacidade de nos afetar e de nos compadecer com cenas de destruição cada vez mais comuns de espécies vegetais e animais, pois passamos a compreendê-las como perdas necessárias para assegurar a construção de um país desenvolvido.

Ironicamente, perdemos também a capacidade de nos sensibilizarmos com a dor de outros seres humanos, especialmente se estes não comungam das mesmas crenças e da mesma disposição de tudo dominar e subjugar. É preciso, portanto, restabelecermos os fios que nos conectam com os outros, e que nos integram à teia da vida. Esta é uma perspectiva ancestral, sabiamente enunciada pelo Cacique Seattle, em 1854, quando o presidente dos Estados Unidos propôs comprar uma grande área das terras do povo Duwamish.

O discurso do cacique Hatuey, diante da iminente invasão de Cuba, pelos espanhóis, em 1511, é novamente atual. Bartolomeu de Las Casas nos relata como o cacique explica a seu povo as atrocidades dos invasores, por causa do seu Senhor: “Esse senhor é o ouro. (...) Por ele nos perseguem; por ele mataram nossos pais e irmãos e toda a nossa gente e nossos vizinhos, e nos privaram de todos os nossos bens, e por ele nos procuram e maltratam.”   E o cacique manda jogar o ouro da aldeia no rio. 


Cosmovisão indígena


Sobre o equilíbrio frágil das relações entre os seres que constituem o que nós chamamos de “biomas”, os povos indígenas costumam utilizar uma linguagem metafórica que concebe todos os envolvidos, sejam eles “humanos”, “animais”, “vegetais”, “elementos geológicos” ou “cursos de água”, como pessoas – sujeitos políticos que conversam, brigam, namoram, trocam alimentos ou cantos e podem até guerrear e canibalizar-se entre si. 

Não são simplesmente “administradores” ou “dominadores” de um lado enquanto do outro estão “espécies” cadastradas, exploradas, gerenciadas e mercantilizadas. 

Empresas do setor privado e instituições governamentais do Estado brasileiro se dedicam a mapear jazidas de minérios e discutir regras sobre o processo de autorização de lavra, a determinar o potencial energético de um rio medido em kilowatts ou a calcular o valor financeiro gerado pela exploração turística de determinada paisagem, estes povos - Suruwaha, Paumari, Jamamadi, Yanomami, Ticuna - passam seus dias prestando atenção ao canto de determinado tipo de cigarra para saber dela se já devem começar a plantar mandioca; criam músicas sobre as viagens do povo das matrinchãs ou o amor que o espírito da embira sente por seu animal de estimação. Ensinam aos seus filhos como agradar ao arumã depois de retirar suas fibras vegetais para fazer um cesto, e planejam a abertura de caminhos baseando-se, entre outros, em critérios como o cuidado para não invadir o território das pessoas – tabocas, que poderão irritar-se com a presença humana e resolver fazer adoecer os transeuntes.


Cultura do desprendimento coletivo


Os franciscanos da primeira hora da conquista elogiavam o “desprendimento” dos índios. Esse “desprendimento” dos povos indígenas não era uma questão de “virtude” individual, mas de seu projeto de vida coletivo. Ao salvar o papagaio, a yanomami, como pessoa no meio de seu povo, não é mais virtuosa que muitas pessoas da nossa sociedade. O que faz a diferença entre a sociedade indígena e a sociedade não indígena é a escolha não entre dois senhores, mas a escolha de um senhor e de nenhum senhor. As sociedades indígenas rejeitam as falsas alternativas entre anarquia e senhorio, entre igualdade e liberdade, entre felicidade e justiça. Vivem a “coincidência dos opostos”, as igualdades em liberdade, a felicidade com justiça, o consenso na diversidade, a festividade no trabalho. A transformação do mundo não vai ser o resultado de mais virtude individual, mas de mudanças estruturais. 

Para a sociedade indígena, “tempo” não significa “dinheiro”. Os índios sabem "perder" tempo com o crescimento de seus filhos. Desde que nasce, a criança indígena é bem amparada, como indivíduo, em sua comunidade, e é educada para viver em comunidade. A criança que nasce é de todos. A comunidade indígena não deixa ninguém cair na marginalidade social. Entre os 5 mil xavante nasce a cada ano uma aldeia nova, com mais de 250 crianças, sem “menores abandonados”. As crianças não são um impedimento para a prosperidade do povo, mas causa de alegria e bem-estar social e ecológico. A "água viva" dos rios é habitada pelos bons espíritos. A "água morta", a água parada dos lagos, é habitada pelos espíritos maus. Assim, a luta pela preservação dos rios é uma luta vital, ecológica e espiritual pela presença dos bons espíritos. 

A educação indígena não algema o indivíduo ao mundo produtivo e competitivo do mercado. A educação não é estressante porque não é fonte de renda nem visa ao lucro. Prepara para a vida e para a alteridade, que é a liberdade de ser respeitado em sua diferença. 

A escola do “outro mundo” nascerá no exato momento em que o "eu tenho uma coisa para ti ensinar" for substituído pela atitude do "nós temos algo a aprender juntos". Numa sociedade onde um sabe o que todos podem saber, e onde um tem o que todos podem ter, a sabedoria e a propriedade não se transformam em instrumentos de dominação. 

Na sociedade tradicional dos povos indígenas se aprende, desde o nascimento, que a solidariedade com a vida é de responsabilidade de todos. Por isso não pode ser terceirizada para o Estado ou outras instituições. Nas sociedades indígenas não existe um orfanato para menores, nem um asilo para os velhos, nem um hospital para os doentes, nem uma cadeia para criminosos. A sociedade indígena sabe resolver todos os “problemas” que levaram a “sociedade civilizada” à fundação dessas casas de caridade e reclusão que separam os indivíduos da comunidade e que se tornaram fontes de lucro na rede privatizada de privilégios e poder.

O projeto de vida do mundo “tradicional” produz uma solidariedade imediata e pré-institucional. Atrás dessa solidariedade está a experiência de que a vida é vida em rede, onde uns têm necessidade dos outros. A vida do outro é necessária. Todos são necessários. E desde cedo a criança aprende em sua aldeia que não só o vizinho, mas também os animais e as estrelas, as plantas e as árvores, os espíritos e as almas fazem parte desta rede da vida onde as fronteiras entre “sujeito” e “objeto” ainda não são marcadas por muros que separam, e pela dominação. Quando, algumas décadas atrás, os antropólogos chegaram ao povo mynky, encontraram uma comunidade que, antes de cortar uma árvore, pedia o perdão da árvore a ser cortada. 

Depois do contato com a sociedade não indígena, muitas coisas mudam nas aldeias. Nada se encontra mais no estado “puro”. Aliás, esse estado puro nunca existiu. Porém, no centro da vida do povo guarani, por exemplo, estava a festa. Quando os missionários do século XVI  proibiram ou reduziram as festas, os guarani deixaram de plantar suas roças. A sociedade guarani não vive para produzir, mas produz e trabalha para viver. Os eixos de sua cultura são a reza, o canto e a dança. O “outro mundo” dos povos indígenas é um mundo festivo e ritual, centrado na pessoa e na comunidade, na gratuidade recíproca e na partilha. Na festa, ao repartir o alimento o espaço se transforma e o tempo para. 


Código de ética dos indígenas norte americanos


Levante-se com o Sol para orar. Ore sozinho. Ore com frequência. O GRANDE ESPÍRITO o escutará, se você ao menos, falar!

Seja tolerante com aqueles que estão perdidos no caminho. A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e a avareza, originam-se de uma alma perdida. Ore para que eles reencontrem o caminho do Grande Espírito.

Procure conhecer-se, por si mesmo. Não permita que outros façam seu caminho por você. É sua estrada, e somente sua! Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você!

Trate os convidados em seu lar com muita consideração. Sirva-os com o melhor alimento, a melhor cama e trate-os com respeito e honra.

Não tome o que não é seu. Seja de uma pessoa, da comunidade, da natureza, ou da cultura. Se não lhe foi dado, não é seu!

Respeite todas as coisas que foram colocadas sobre a Terra. Sejam elas pessoas, plantas ou animais. Respeite os pensamentos, desejos e palavras das pessoas. Nunca interrompa os outros nem os ridicularize, nem rudemente os imite. Permita a cada pessoa o direito da expressão pessoal.

Nunca fale dos outros de uma maneira má. A energia negativa que você colocar para fora no Universo, voltará multiplicada para você!

Todas as pessoas cometem erros. E todos os erros podem ser perdoados!

Pensamentos maus causam doenças da mente, do corpo e do espírito. Pratique o otimismo!

A natureza não é para nós, ela é uma parte de nós. Toda a natureza faz parte da nossa família terrenal.

As crianças são as sementes do nosso futuro. Plante amor nos seus corações e regue com sabedoria e lições da vida. Quando forem crescidos, dê-lhes espaço para que continuem crescendo!

Evite machucar os corações das pessoas. O veneno da dor causada a outros, retornará à você.

Seja sincero e verdadeiro em todas as situações. A honestidade é o grande teste para a nossa herança do Universo.

Mantenha-se equilibrado. Seu corpo Espiritual, seu corpo Mental, seu corpo Emocional e seu corpo Físico, todos necessitam ser fortes, puros e saudáveis. Trabalhe o seu corpo Físico para fortalecer o seu corpo Mental. Enriqueça o seu corpo Espiritual para curar o seu corpo Emocional.

Tome decisões conscientes de como você será e como reagirá. Seja responsável por suas próprias ações.

Respeite a privacidade e o espaço pessoal dos outros. Não toque as propriedades pessoais de outras pessoas, especialmente objetos religiosos e sagrados. Isto é proibido.

Comece sendo verdadeiro consigo mesmo. Se você não puder nutrir e ajudar a si mesmo, você não poderá nutrir e ajudar os outros.

Respeite outras crenças religiosas. Não force as suas crenças sobre os outros.

Compartilhe sua boa fortuna com os outros. Participe com caridade.


Para concluir

Ficaram alguns aprendizados: podemos sempre começar de novo, no luto e na vitória, a luta continua, não é a chegada que importa, mas a caminhada. Façamos das pedras caminho, das perdas,  memória, da dor, oportunidades, do medo, arado, do sonho, pão e horizonte.  (Pe Paulo Suess)


Oração da causa indígena

Dom Pedro Casaldáliga

Pai-Mãe da Terra e da Vida,

Deus Tupã de nossos pais e mães,

Venerado nas selvas e nos rios,

No silêncio da lua e no grito do sol:

Pelos altares e pelas vidas destruídas

Em teu nome, profanado,

Nesta nossa Abia Yala colonizada,

Te pedimos que fortaleças

A luta e a esperança dos povos indígenas

Na reconquista de suas terras, 

Na vivência da própria cultura,

Na fruição da autonomia livre.

E dá-nos (a nós, neocolonizadores)

Vergonha na cara e amor no coração

Para respeitarmos esses povos-raiz

E para comungar com eles em plural Eucaristia.

Awere, Amém, Aleluia!


LEITURA ORANTE – 4º Domingo da Páscoa - Thomas McGrath

DUAS INTENÇÕES e LEMBRANÇAS para o mês de abril

1.No dia 4/4/1984 morreram, de forma trágica, 38 boias-frias em Ituiutaba. Levantarem as 3:00 da manhã, prepararam o almoço, e foram de caminhão para a colheita de algodão. No almoço comeram a comida fria, e as 17:30 entraram no caminhão para voltar para casa. Passando pela represa o caminhão desgovernou, caiu na lagoa matando 38 das 70/80 pessoas porque estes não conseguiram quebrar a gaiola. O meio de transporte foi um caminhão gaiola de transportar gado. A pessoa mais velha tinha 72 anos (uma senhora) e o mais novo um menino de apenas 7 anos.

2.No dia 17/4/1996 21 trabalhadores rurais foram assassinados pela Polícia Militar do Pará, no Massacre de Eldorado do Carajás. Neste dia, na “Curva do S” os trabalhadores e as trabalhadoras bloquearam a estrada PA-150, no km 95, em protesto para exigir a desapropriação da fazenda Macaxeira, ocupada por 3,500 famílias. 155 policiais militares atacaram os trabalhadores/as resultando no assassinato de 21 pessoas. 

Como vimos no domingo passado, a marca registrada da Comunidade dos seguidores de Jesus (como também uma sociedade que se diz cristão) é a sua capacidade de dividir de acordo com as necessidades de cada um.

Introdução

O quarto Domingo da Páscoa é o “Domingo do Bom Pastor”, pois neste domingo, somos convidados a escutar, meditar e contemplar um trecho do capítulo 10 do Evangelho de João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. 

Vamos nos preparar para a Leitura Orante deste dia 

Em nome do Pai ...

Confesso a Deus ...

Vinde Espírito Santo ... 


Oração

Deus de ternura, o seu filho Jesus é o bom pastor, que leva todos os homens e mulheres que buscam seu rosto com sinceridade a fazer parte do seu Reino, ajude nos, por meio dessa Leitura Orante de hoje, a descobrir o caminho certo a seguir, e dai-nos a coragem de escutar a voz do pastor. Amém.  

Vamos para as leituras Bíblicas

A primeira leitura traz-nos o testemunho de Pedro, proclamado diante das autoridades judaicas que Jesus é o único Salvador, porque “não existe debaixo do céu outro nome, pelo qual possamos ser salvos”. Para Pedro Jesus é o único pastor que nos conduz em direção à Vida verdadeira. 

Vamos para a primeira leitura.

Atos dos Apóstolos 4, 8-12

8 Então Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu:

— Autoridades e líderes do povo! 9 Os senhores estão nos perguntando hoje sobre o bem que foi feito a este homem e como ele foi curado. 10 Pois então os senhores e todo o povo de Israel fiquem sabendo que este homem está aqui completamente curado pelo poder do nome de Jesus Cristo, de Nazaré — aquele que os senhores crucificaram e que Deus ressuscitou. 11 Jesus é aquele de quem as Escrituras Sagradas dizem:

“A pedra que vocês, construtores, rejeitaram veio a ser a mais importante de todas.”

12 A salvação só pode ser conseguida por meio dele. Pois não há no mundo inteiro nenhum outro que Deus tenha dado aos seres humanos, por meio do qual possamos ser salvos.

  Na véspera da morte de Jesus Pedro o negou, fugiu e se escondeu de medo dos Judeus. De onde veio essa coragem: “A pedra que vocês rejeitaram veio a ser a mais importante de todas.”?

  Pedro confirmou: “Não há no mundo nenhum outro por meio do qual possamos ser salvos.”. O que quer dizer isso na prática?


Vamos para o trecho do Evangelho segundo São João 

O próprio Jesus se apresenta como “o Bom Pastor”. Ele ama as suas ovelhas, cuida delas em cada passo do caminho, dá a vida por elas, se for necessário. As ovelhas de Jesus sabem que podem confiar n’Ele. Com esta imagem, somos convidados a seguir Jesus e a fazer d’Ele a referência fundamental para construir a nossa vida e a vida da Comunidade.


Evangelho de João. (10,11-18)

Jesus, o bom pastor

11 — Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a vida pelas ovelhas.12 Um empregado trabalha somente por dinheiro; ele não é pastor, e as ovelhas não são dele. Por isso, quando vê um lobo chegando, ele abandona as ovelhas e foge. Então o lobo ataca e espalha as ovelhas.13 O empregado foge porque trabalha somente por dinheiro e não se importa com as ovelhas.14,15 Eu sou o bom pastor. Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, assim também conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem. E estou pronto para morrer por elas.16 Tenho outras ovelhas que não estão neste curral. Eu preciso trazer essas também, e elas ouvirão a minha voz. Então elas se tornarão um só rebanho com um só pastor.

17 — O Pai me ama porque eu dou a minha vida para recebê-la outra vez.18 Ninguém tira a minha vida de mim, mas eu a dou por minha própria vontade. Tenho o direito de dá-la e de tornar a recebê-la, pois foi isso o que o meu Pai me mandou fazer.

(Para ajudar entender melhor a comparação entre Jesus e o pastor, leia a reflexão do Carlos Mesters, Francisco Orofino e Irmã Mercedes em anexo).


Vamos rezar um Salmo

SALMOS 118

Agradecimento pela vitória

1Deem graças a Deus, o Senhor, porque ele é bom e porque o seu amor dura para sempre.

2Que o povo de Israel diga: “O seu amor dura para sempre!”

3Que os sacerdotes de Deus digam: “O seu amor dura para sempre!”

4E que todos os que o temem digam: “O seu amor dura para sempre!”

5Na minha aflição, eu clamei ao Senhor; ele me respondeu e me livrou da angústia.

6O Senhor está comigo, e eu não tenho medo; que mal pode alguém me fazer?

7O Senhor está comigo; é ele quem me ajuda.

Por isso, verei a derrota dos meus inimigos.

8É melhor confiar no Senhor, do que depender de seres humanos.

9É melhor confiar no Senhor do que depender de pessoas importantes.

10Os inimigos que estavam em volta de mim eram muitos,

mas, pelo poder de Deus, o Senhor, eu acabei com eles.

11Eles me cercaram por todos os lados, mas, pelo poder do Senhor, eu acabei com eles.

12Eles se juntaram, como abelhas, em volta de mim, porém foram queimados no fogo

como galhos secos; pelo poder do Senhor, eu acabei com eles.

13Eles me atacaram com violência, e eu quase fui derrotado, porém o Senhor me ajudou.

14O Senhor Deus me torna forte e poderoso; ele me salvou.

15Escutem os gritos alegres de vitória no acampamento do povo de Deus:

“O poder do Senhor nos deu a vitória.

16Com o seu poder ele fez grandes coisas. O poder do Senhor nos deu a vitória.”

17Não vou morrer; pelo contrário, vou viver e anunciar o que o Senhor Deus tem feito.

18Ele me castigou com dureza, mas não deixou que eu morresse.

19Abram os portões do Templo para mim; eu entrarei e louvarei o Senhor.

20Este é o portão do Senhor; somente os que lhe obedecem podem entrar por ele.

21Ó Deus, eu te louvo porque me escutaste e me deste a vitória.

22A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas.

23Isso foi feito pelo Senhor e é uma coisa maravilhosa!

24Este é o dia da vitória de Deus, o Senhor; que seja para nós um dia de felicidade

e alegria!

25Salva-nos, ó Senhor, salva-nos! Dá-nos prosperidade, ó Deus!

26Que Deus abençoe aquele que vem em nome de Deus, o Senhor!

Daqui do Templo do Senhor, nós abençoamos todos vocês.

27O Senhor é Deus; ele é a nossa luz. Com ramos nas mãos, comecem a festa e andem em volta do altar.

28Tu és o meu Deus — eu te louvarei; tu és o meu Deus — eu anunciarei a tua grandeza.

29Deem graças a Deus, o Senhor, porque ele é bom e porque o seu amor dura para sempre.


Nossos pedidos e agradecimentos

1. Senhor, abençoai as lideranças das nossas comunidades, para que sejam pastores e não construtores 

 2. Senhor, iluminai os governantes, para que sejam servidores de todos, e não dos privilegiados promovendo justiça e paz. 

3. Senhor, abençoai os jovens que o Bom Pastor chama a segui-lo e despertai muitas vocações para o sacerdócio e para a vida religiosa consagrada. 

4. Senhor, fazei que nós possamos seguir com a nossa vida o exemplo da vida de Jesus o Bom Pastor. 

Acolhei, ó Pai Santo, a oração dos vossos filhos e filhas feito junto com Jesus e o Espírito Santo, a fim de que os nossos pedidos sejam atendidos. Amém. 


BENÇÃO FINAL – O Senhor nos abençoe e nos guarde. O Senhor faça brilhar sobre nós a sua face e nos seja favorável. O Senhor dirija para nós o seu rosto e nos dê a paz agora e para sempre. Amém