segunda-feira, 18 de julho de 2022

CHARLES DE FOUCAULD: SAUDAÇÃO DO PAPA


SAUDAÇÃO DO PAPA FRANCISCO À ASSOCIAÇÃO FAMÍLIA ESPIRITUAL CHARLES DE FOUCAULD


Caros irmãos e irmãs, sejam bem-vindos.

Estou muito feliz por este encontro e em compartilhar com vocês a alegria da canonização do Irmão Carlos. Nele podemos ver um profeta do nosso tempo, que soube trazer à luz o aspecto essencial e universal da fé.

O essencial é condensado pelo fato dele acreditar em duas palavras simples, nas quais encontramos tudo: “Iesus-Caritas”; e sobretudo, voltando ao espírito original, ao espírito de Nazaré. Desejo a vocês também, como o irmão Carlos, que continuem imaginando um Jesus que caminha no meio das pessoas, que realiza pacientemente um trabalho difícil, que vive o cotidiano de uma família e de um povo. Quão satisfeito ficará o Senhor, vendo que o imitam na sua vida simples e humilde, partilhando com os pobres! Charles de Foucauld, no silêncio da vida eremítica, na adoração e no serviço dos irmãos, escreve que "não somos chamados a colocar as obras em primeiro lugar, onde os efeitos são visíveis e tangíveis, enquanto Deus dá o primeiro lugar ao amor e depois ao sacrifício inspirado pelo amor e à obediência derivada do amor” (carta a Maria de Bondy, 20 de maio de 1915). Como Igreja, precisamos voltar ao essencial, para não nos perdermos em meio a tantas coisas secundárias, correndo o risco de perder de vista a pureza simples do evangelho.


Em seguida, a universalidade. O novo Santo viveu sua identidade cristã como irmão de todos, começando pelos menores (da sociedade). Seu objetivo não era converter os outros, mas viver o amor gratuito de Deus, realizando "o apostolado da bondade”. Ele escreveu isso: "Quero acostumar todos os cristãos, muçulmanos, judeus e idólatras, a me considerarem como seu irmão, o irmão universal". (Carta a Maria de Bondy, 7 de janeiro de 1902). E para isso, abrir as portas de sua casa, para que seja “um porto” para todos, “o teto do bom pastor”. Agradeço-lhes porque vocês continuam este testemunho que tanto faz bem, sobretudo num momento em que se corre o risco de se fechar em particularismos, de se aumentar as distâncias e de se perder de vista o irmão. Infelizmente, vemos isso nos noticiários todos os dias.


O Irmão Carlos, nos trabalhos e na pobreza do deserto, reconhece: “minha alma está sempre alegre” (Carta ao Abade Huvelin, 1º de janeiro de 1998). Queridos irmãos e irmãs, que a Virgem vos conceda guardar e alimentar a mesma alegria, porque a alegria é o testemunho mais claro que podemos dar de Jesus a todo momento e em todos os lugares.


Além disso, gostaria de agradecer a São Carlos de Foucauld, porque sua espiritualidade me fez muito bem quando estudava teologia, que é um tempo de amadurecimento, mas também de crise. Ela veio a mim através do padre Paoli (Arturo) e dos escritos de Voillaume, os quais eu lia muito. Ele me ajudou muito a superar as crises e a encontrar um caminho de vida cristã mais simples, menos pelagiana, mais próxima do Senhor. Agradeço ao Santo e dou testemunho disso, porque ele me fez muito bem.


Boa missão! Eu os abençoo e peço que continuem orando por mim. Obrigado!


(Sala de Audiências Paulo VI, quarta-feira, 18 de maio de 2022)