“O Espirito de
Cristo é o espirito de missões e quanto mais próximos estivermos d’Ele mais nos
tornaremos missionários com maior intensidade”.
Henry Martin
(1781-1812) Missionário
britânico na Índia e Pérsia.
Há um provérbio
africano que diz: “Aquele que não ama missões, é possível que nunca tenha
encontrado Cristo”. No norte da África, um fenômeno de nível espiritual chamou
a atenção de missionários, pastores e líderes cristãos que se dedicam a
evangelizar o continente. Eles afirmam categoricamente que desde o surgimento
do islamismo na região, não era possível identificar tantas pessoas confessando
a sua crença em Jesus Cristo.
O fato é
que um notável avivamento está conduzindo homens e mulheres a uma comunhão com
Deus nunca antes vista. Após viajar e presenciar o que Deus tem realizado nesse
território africano, o cineasta cristão Tino Qahoush trouxe na bagagem imagens
que serão reunidas em um documentário. “O que Deus está fazendo na África do
Norte, da Mauritânia até a Líbia é algo sem precedentes na história das
missões. Tive o privilégio de gravar depoimentos e ouvir histórias de homens e
mulheres de todas as idades... Eles viveram a presença de Deus de modo real...
Alguns contam histórias de como conversaram com ele, não apenas com uma luz que
aparece”, comemora.
Analistas ligados à
missiologia indicam que há mais de 10 anos que os nativos do norte africano
experimentam uma grandiosa ação divina nas ações onde habitam. São países onde
as estatísticas indicam a predominância islâmica, como Mauritânia, Saara Ocidental,
Marrocos, Argélia, Líbia e Tunísia. “Às vezes eu sinto inveja de como Jesus
visita o mundo mulçumano neste momento. Já não ouvimos falar disso nas
comunidades tradicionalmente cristã”, afirma o cineasta.
Mas o que realmente
pavimentou esse poderoso avivamento foi o desenvolvimento do cristianismo nos
últimos 20 anos. Algo sem precedentes. Mas o país que chama mais a atenção
dentro deste contexto é a Argélia. No vídeo, o pastor Salah disse que jamais
imaginaria que a igreja nacional fosse crescer tanto. O curioso é que o
ministro evangélico mora e trabalha em um país onde 99% da população professa a
fé islâmica. Hoje ele é responsável por uma igreja de 1,2 mil pessoas. Ele
conta que uma grande fatia dessas pessoas são egressas do islamismo e não foi
nada fácil terem trocado Maomé por Jesus. As perseguições foram inevitáveis.
Youssef Ourahmane, outro pastor de Argélia denuncia a
intolerância das autoridades aos cidadãos que ousam “apostatar” da crença
nacional. Segundo ele, os cristãos são ocasionalmente intimidados e
perseguidos. Apesar das hostilidades, os crentes veem portas abertas para
testemunhar toda vez que são conduzidos à cadeia. O missionário estima que o
advento dos canais de televisão cristãos via satélite e a internet contribuíram
para uma nova percepção das pessoas acerca do cristianismo. A tecnologia ajudou
não somente na evangelização das pessoas, mas também em seus conceitos
religiosos. A instrumentalidade tecnológica é uma grande ferramenta na obra
missionária que faz alcançar pessoas e lugares que jamais seriam alcançadas
pela pessoa do missionário.
CHARLES DE FOUCAULD
– APÓSTOLO DO SAARA
Este “Apóstolo do
Saara” missionário dos Tuaregues, mundialmente conhecido como “Irmão Universal”, nasceu em Estrasburgo,
França, em 15 de setembro de 1858. Sua origem rica e aristocrática – visconde
de Foucauld, torna-se um missionário pobre entre os mais pobres.
O legado da vida e
da obra de Charles de Foucauld nas missões africanas foi e continua importante
para posteridade. Seu trabalho vive de forma atual e fecunda. Seu lema era:
“Gritar com a vida o Evangelho de Cristo”. Seu amor por aqueles que não
conhecem Jesus Cristo e seu Evangelho foi de forma colossal! A sua entrega foi
radical pela causa missionária.
A evangelização do
Marrocos era seu projeto, já que tinha bem conhecido devido seu trabalho de
explorador, pelo qual foi premiado com uma medalha de ouro pela Sociedade
Francesa Geográfica. Não conseguindo
residir neste país, como era o
seu desejo, ele se estabeleceu o mais próximo possível, em Béni-Abbes, Argélia.
Ele já estava convencido: “Farei o bem na medida em que for santo”. O espírito
de sacrifício, a pobreza, o cuidado dos doentes e dos necessitados tornou-se o
principal objetivo de sua vida, que inflamava em suas longas horas de adoração
diante da Eucaristia: “A Eucaristia é
Deus conosco, é Deus em nós, é Deus que se dá perenemente a nós, para amar,
adorar, abraçar e possuir”. Sabia por experiência que “quanto mais se ama,
melhor se ora”.
Entre 1904 e 1905
se estabeleceu em Tamanrasset com os Tuaregues do Hoggar argelino. Ele
corajosamente realizou um trabalho formidável de inculturação, primeiramente,
traduzindo em tuareg os Evangelhos e, no sentido inverso, traduzindo poesias
tuareg para o francês. Ele é autor de um dicionário francês-tuareg e
tuareg-francês, de uma gramática e de várias obras sobre esta tribo nômade.
Este era o seu desejo: “Eu quero ser bom o suficiente para que digam: “Se tal
for o servidor, como então será o Mestre”?”.
Em 1909 ele deu
início a União de Irmãos e Irmãs do Sagrado Coração de Jesus a fim de levar a
fé à África. Nos onze anos em que viveu com os tuaregues se tornou um com eles,
sem medir esforços, com a alegria de saber que assim cumpriria fielmente a
missão para a qual ele sentiu-se chamado por Cristo. Ele amou aquele povo até o
fim e ali entregou a sua vida. No dia 01 de dezembro de 1916 uma bala no meio
de uma emboscada de bereberés deu fim a este grande apóstolo.
A sua influência na
obra missionária e a sua espiritualidade é encontrada em várias instituições:
nos Irmãozinhos e Irmãzinhas de Jesus, nas Irmãs e os Irmãos do Evangelho, nos
Irmãozinhos da Visitação, na Comunidade Monástica dos Pequenos Irmãos da Cruz,
nas Irmãs de Nazaré, nas Irmãs do Sagrado Coração de Jesus e na Fraternidade
Sacerdotal Jesus Caritas.
CONCLUSÃO
Não há nada mais
poderoso no mundo do que a proclamação da Palavra de Deus. Ela gera fé (Rm 10, 17). Ela transforma o coração mais
duro, a nação mais incrédula, o homem mais ímpio. Ela transforma sistema
iníquo. Fará isto e ainda muito mais com milhões pessoas pela nossa prática
missionária, seja ajudando economicamente, ou indo ao campo em missões.
“Missões se fazem com os pés dos que vão, com os joelhos dos que ficam e com as
mãos dos que contribuem”. A principal missão da Igreja é missionar, é informar,
formar e enviar seus missionários para o mundo inteiro. Obedecer ao ide Jesus
Cristo (Mc 16, 15) é ser verdadeiramente discípulo e missionário do projeto do
Reino de Deus e alegrar-se pelo crescimento da Igreja e pela felicidade de
contemplar o mundo mais justo, fraterno e de paz no Espírito Santo. O
reavivamento missionário é obra grandiosa do Espírito Santo numa nova
configuração libertadora diante dos atuais desafios contrários ao Evangelho da
vida.
Inácio José do
Vale
Fraternidade
Sacerdotal JesusCáritas
Irmãozinho da
Fraternidade da Visitação de Charles de Foucauld
E-mail:
pe.inacio.jose@gmail.com
Fontes:
Seara em Foco,
Julho/agosto de 2016, p.20.
Chatelard, Antoine.
Charles de Foucauld, o caminho rumo a Tamanrasset, São Paulo: Edições Paulinas, 2009.
Charles de
Foucauld. Ermitão no Saara: Écrits spirituels, Paris, 1927.