quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

AS IRMÃZINHAS EM PORTUGAL


Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus


Categoria: Notícias (tirado do site da diocese de Leiria-Fátima



Fundada pela irmã Madalena de Jesus em 1939, na Argélia, esta congregação apresenta-se também com o nome mais completo
de Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus de Carlos de Foucauld, porque foi a partir do exemplo de vida deste Beato que tudo começou.

Viver como Jesus, na partilha de vida com os mais pobres

Madalena Hutin, nascida em Paris em 1898, desde cedo manifestava a vontade de se consagrar a Deus. Aos 23 anos, descobriu a vida e os escritos de Carlos de Foucauld e encontrou o seu ideal de vida: “o Evangelho vivido, a pobreza total e, sobretudo, o amor”. Seguindo as pegadas daquele Beato, rumou à Argélia para viver “como Jesus de Nazaré”, espalhando o Evangelho entre os povos muçulmanos e partilhando com amizade a dureza da vida dos nômades do Saara.

Foi aí que, em 1939, fez a sua profissão religiosa e deu início à Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus, que sonhava com uma congregação de “nómadas e contemplativas”, vivendo o Mistério da Encarnação no meio do mundo. Dizia que cada fraternidade deveria ser “como a gruta de Belém, uma manifestação da presença de Jesus, um sinal da ternura de Deus, um raio de luz e de esperança”. E aconselhava a cada irmãzinha: “Como Jesus, faz parte da massa humana, de tal modo misturada com os outros, que possas ser no meio deles como o fermento na massa; antes de seres religiosa, sê humana e cristã com toda a força e a beleza do termo, pois quanto mais perfeita e totalmente humana, mais serás perfeita e totalmente religiosa”.


Carisma

Contemplativas no meio do mundo, as Irmãzinhas de Jesus têm como lema “Jesus Amor”, assumindo-O como único modelo e centrando a sua espiritualidade no Evangelho e na Eucaristia. Tal como a fundadora, procuram “manter o coração aberto às dimensões do mundo, desejando que todas as barreiras sejam demolidas e uma solidariedade e aproximação se construam, partilhando a vida com os mais pobres para os ajudar a criar condições de vida mais humanas, justas e fraternas”.

Para tal, num mundo marcado pelas injustiças e pela violência, querem que as suas fraternidades surjam como “pequenos oásis onde todos possam encontrar a esperança e o reconforto”, sabendo que o testemunho do amor fraterno entre si e com todos é o melhor testemunho de Jesus.

Nessa linha, assumem como missão na Igreja “levar Jesus fora das suas próprias fronteiras, alargando sempre o horizonte aos lugares de fraturas humanas de marginalidade e exclusão, a tantos lugares onde a falta de amor fraterno e universal faz sofrer uma imensa maioria de seres através do mundo, escondendo assim o verdadeiro rosto de Deus”.

Em Portugal e na Diocese


Presentes em 65 países dos 5 continentes, chegaram também a Portugal, em 1952, integrando-se no Casal Ventoso, bairro lisboeta marcado por uma extrema pobreza e marginalidade.

Se procuram viver como Jesus de Nazaré, é inevitável uma relação permanente e muito íntima com sua mãe. De facto, Madalena sempre cultivou e incentivou as suas religiosas a um grande amor a Nossa Senhora, a quem dedicou a congregação desde a sua fundação. “Peço-te, irmãzinha, que olhes de uma maneira muito particular para Maria, para compreenderes melhor a tua missão de mulher… que conserves sempre para com a tua Mãe do Céu um coração de criança; que ela te ajude a fazer de Jesus o centro da tua vida e a paixão do teu coração”, escreveu.

Por isso, foi ela mesma que tudo fez para conseguir abrir, no ano seguinte, a fraternidade de Fátima. Inicialmente orientada para o noviciado, ao longo dos anos tem servido essencialmente para encontros da congregação e acolhimento a quem deseja encontrar um espaço de “respiração” e de oração mais prolongada, assim como “uma porta aberta a todos os que precisam de encontrar um lugar onde possam partilhar o que trazem no coração, ou aproveitar do silêncio da nossa capela e da natureza que rodeia a nossa casa”, revela a irmã Casimira, superiora local.

A pequena comunidade residente dedica-se, sobretudo, à “oração e difusão da mensagem de Natal através do artesanato, disponibilidade e escuta a quem nos bate à porta”.

Testemunho vocacional
Não fui para a África, mas a África veio até mim


Nasci há 69 anos na aldeiazinha rural de Pedregais, concelho de Vila Verde, Braga. Sou a última de 8 irmãos, 4 raparigas e 4 rapazes, duma família pobre que vivia do trabalho árduo do campo, mas que soube transmitir-me os valores humanos e cristãos. Eu costumo dizer que muita coisa me faltou na minha infância e juventude, mas nunca me faltou o amor da minha família, sobretudo dos meus pais, o que muito contribuiu para o meu equilíbrio afetivo, para a minha realização e mesmo para a minha vocação. Trabalhei e vivi do trabalho do campo, trabalho que ainda hoje me dá vida


Fiz parte da Juventude Agrária Católica (JAC), movimento que me ajudou, não só na parte espiritual, mas a alargar a minha visão do mundo e das realidades concretas. Lia um jornal chamado Acção Missionária, que uma amiga me dava a cada mês, e o desejo de ser missionária, ir para África dar a conhecer Jesus, ia-se desenvolvendo no meu coração. Aos 19 anos fiz o meu primeiro retiro, e o desejo de me entregar a Jesus foi muito forte. No meu segundo retiro, aos 21 anos, a decisão foi tomada. Não podia fazer outra coisa senão, na minha simplicidade, dar-me, viver só para Deus e para os irmãos. Por motivos familiares, só uns anos mais tarde foi realizado este sonho, não na congregação em que sempre pensei entrar, mas na Fraternidade das Irmãzinhas de Jesus. Vejo aqui a mão do Senhor, que me deu tempo para descobrir esta forma de viver, este belo carisma que tanto amo.

Não fui para a África, mas a África veio até mim. Vivi quase sempre em bairros degradados, o último dos quais na Quinta da Serra, Prior Velho, onde estive 9 anos no meio de bons, sorridentes e simpáticos africanos. Ali pude realizar a missão sonhada, dando a conhecer Jesus, não apenas por palavras, mas através duma amizade dada e recebida.

Agora estou nesta Fraternidade de Fátima, como superiora, há 10 anos, e sinto que o meu dom ao Senhor pode ser vivido em qualquer lugar. Sinto-me feliz e agradecida pelo dom da escolha que Deus me fez e pela graça do “sim” que eu dei.

Se hoje tivesse de recomeçar, faria a mesma escolha e seguiria o mesmo caminho.

Irmãzinha Casimira de Jesus, coordenadora da comunidade de Fátima

Números

No mundo

Fraternidades: 236

Membros: 1220

Em Portugal

Fraternidades: 3

Membros: 12

Na Diocese

Fraternidades: 1

Membros: 5

Mais nova: 69

Mais velha: 84

Média etária: 77