A Diocese de Itabira – Cel. Fabriciano e seu bispo diocesano, Dom Marco Aurélio Gubiotti, comunica o falecimento do Pe. Ernesto de Freitas Barcelos, ocorrido na manhã de sábado, 27 de julho, no Hospital em Pitangui (MG), sua terra natal.
Filho de Geraldo Luiz de Barcelos e Waldemira de Freitas, Pe. Ernesto nasceu aos 08 dias do mês de setembro de 1955. Entrou para o Seminário em 1978; foi ordenado Diácono em setembro de 1984 na Paróquia Cristo Rei, em Ipatinga e sua ordenação presbiteral foi aos 13 de janeiro de 1985, por Dom Lelis Lara, na Paróquia Nossa Senhora do Pilar, em Pitangui. Antes de ficar licenciado era pároco da Paróquia Bom Jesus, em Bom Jesus do Amparo.
(Seu corpo foi velado na Igreja São Francisco de Assis, comunidade da Paróquia Nossa Senhora do Pilar, em Pitangui. A última missa de corpo presente foi celebrada domingo, dia 28 de julho, às 15h e o sepultamento foi feito logo em seguida no cemitério de Pitangui).
Nossas orações e preces acompanhadas pela esperança da ressurreição. Pedimos ao Senhor para que conforte o coração de seus familiares, parentes, amigos e todo o clero.
Que o Senhor em sua infinita bondade e misericórdia conceda ao Pe. Ernesto o descanso eterno e a recompensa pelo ministério que ele viveu em favor do seu povo.
Pe. Ueliton Neves da Silva
Assessor Diocesano de Comunicação
Sua vida, seu testemunho!
- julho 27, 2019
do Pe. Geraldo Martins
A morte, como a vida, é sempre uma surpresa! Seja qual for a circunstância que a envolve, vem sempre acompanhada de dor, tristeza, lágrima. O consolo vem da esperança que nos faz crer na ressurreição de Cristo, vencedor da morte e de todo mal.
Este é o pensamento que vem à minha mente ao receber a pesarosa notícia da páscoa de nosso grande irmão e companheiro, padre Ernesto, ocorrida neste sábado, 27 de julho, em sua querida terra natal, Pitangui (MG). Soube que estava na prelazia de Altamira, no Xingu, no estado do Pará, em missão. Sentindo-se mal após alguns dias de missão, voltou para Pitangui nesta semana, mas seu estado de saúde se agravou, sendo internado na sexta-feira, 26/7, no hospital da cidade. Não resistiu e faleceu na manhã deste sábado, pegando a todos de surpresa. Aliás, padre Ernesto foi sempre surpreendente!
No exercício de seu ministério presbiteral, sobressai o testemunho de amor e de serviço aos pobres com os quais se identificava através de uma vida simples, desapegada, pobre. Sua espiritualidade, inspirada no Irmão Carlos de Foucauld, tinha o evangelho como fonte primeira e única, buscando o último lugar, vivendo o anonimato, gritando o Evangelho com a vida, fazendo o apostolado da bondade, adorando Cristo na eucaristia, servindo os pobres.
A profecia também sempre esteve presente na vida e no ministério do padre Ernesto. Tomado de indignação, revoltava-se contra o sistema político-econômico que governa o país, gerando pobreza e exclusão, alimentando a gritante desigualdade social que caracteriza o Brasil. Somava-se sempre às multidões que se colocavam nas ruas e praças para gritar contra as injustiças e a perda de direitos da população mais vulnerável. No último dia 2 de junho, lá estava ele misturado aos mais de sete mil romeiros/as que se encontraram em Itabira (MG) para a 4ª Romaria das Águas e Terra da Bacia do Rio Doce, organizada pela Província Eclesiástica de Mariana.
Seu grande sonho era ver a Igreja cada vez mais comprometida com os pobres e as causas populares, despida de poder e de luxo, a exemplo de seu fundador, Jesus Cristo. Falava com entusiasmo do papa Francisco que, pela palavra e pelo testemunho, tem provocado a Igreja a retornar às fontes na vivência do Evangelho e na sua opção pelos pobres. Seu engajamento na pastoral carcerária o levava a gritar com convicção por um mundo sem prisões, utopia do Reino que Jesus mostrou presente entre nós.
Na liturgia, usava de ousadia e criatividade incomuns, com grande capacidade de ligar a Palavra com a vida. Toda reflexão que fazia era extremamente provocativa, inquietando a todos que a ouviam. Sabia ler as entrelinhas do evangelho como poucos. Dom de Deus! Sentiremos falta também disso!
Vamos sentir muito a ausência do padre Ernesto. É claro que, de junto do Crucificado-Ressuscitado e ao lado dos/as mártires da caminhada, ele continuará conosco. Seu exemplo e testemunho nos acompanharão sempre. Seu sorriso, seu companheirismo, sua determinação e seu amor às causas do Reino são uma herança da qual seus amigos e companheiros desfrutaremos com a alegria de quem crê na Páscoa dos que fizeram de sua vida uma entrega constante a Deus.
Vá em paz, padre Ernesto, na alegria que sempre o animou, embalado pela canção do poeta e amigo Zé Vicente: “Vidas pela vida/ Vidas pelo reino /Vidas pelo reino. / Todas as nossas vidas/ Como as suas vidas/ Como a vida dele/ O mártir Jesus”.
Comentários
Valdiene27 de julho de 2019 15:18
Homem de Deus! Extremamente humano!
Tributo ao Padre Ernesto
Pe. Nelito Dornelas
Na porta do céu
Tira esse avental e entra logo Ernesto, camarada justo e fiel. A casa é tua, descansa e não me leves a mal: da voz rouca, da pouca saúde da perna, da viagem breve, do peso (leve), do preço (caro) da coerência e da licença pra partir (Pe. Claret)
Nesse 28 de julho de 2019, na igreja de São Francisco, em Pitangui-MG, nos despedimos de nosso irmão Padre Ernesto de Freitas Barcelos, ao som da música traga a bandeira de luta, deixa a bandeira passar, essa é a nossa conduta, vamos unir pra mudar.
Conheci o Ernesto no ano de 1986, em Itanhomi-MG, quando ele era pároco em Ipatinga-MG, em plena campanha pela Assembleia Nacional Constituinte Livre e Soberana. Desde então nunca mais nos separamos. Nossos caminhos sempre se cruzaram. Fomos parceiros de caminhada e de enfretamentos nas CEBs, na Pastoral Carcerária, na CPT, no CIMI, na Comissão do Meio Ambiente, nas Romarias das Águas e da Terra, na PJ, na PJMP, no CEBI, no Ecumenismo, na Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, no CESEP, nos cursos de Verão e de Inverno e em tantas outras veredas da caminhada.
Ele sempre se demonstrou amigo leal e fiel, sensível às dores e aos sofrimentos do povo simples, consolador dos aflitos e acolhedor dos excluídos e discriminados, mas duro e até indelicado nas criticas aos inimigos dos pobres, não poupando nem mesmo seus amigos mais próximos.
Para conviver com Ernesto tínhamos que nos desinstalar sempre e nos desalojarmos de nossas confortáveis zonas de neutralidade, estabelecendo uma relação marcada pela gratuidade e o amor, como nos adverte o teólogo Gustavo Gutierrez: a gratuidade marca nossas vidas de tal modo que somos levados a amar e procurar sermos amados gratuitamente. Trata-se de uma questão-matriz. O verdadeiro amor sempre é um dom, algo que está além das motivações e dos méritos. Aspiração humana profunda, porque é o terreno da doação radical e da presença da beleza em nossas vidas. Doação e belezas sem as quais a própria luta pela justiça se encontraria mutilada.
Ele soube cultivar qualidades humanas abundantes. Forjou sua personalidade cristã na regra de ouro do Evangelho, as bem aventuranças. Na busca honesta da verdade e da autenticidade, soube superar seu próprio temperamento, aceitando e acolhendo plenamente as diferenças, fazendo-se um verdadeiro defensor da máxima evangélica: que todos sejam um para que o mundo creia (Jo 17,1).
Ao Ernesto aplicam-se as sábias palavras de Gustavo Gutierrez ao afirmar que viver e pensar a fé a partir do universo dos ‘condenados da terra’ nos fará tomar caminhos pouco frequentados pelos grandes deste mundo. Mas é nestes caminhos que encontraremos o Senhor. Da mesma forma que os discípulos de Emaús, então leremos seus gestos e palavras sob a luz pascal. Aí nossos olhos se abrirão e reconheceremos que Deus é esperança, Deus é alegria, Deus é ânimo.
A palavra esperança marcou tão forte personalidade de Ernesto que tantas vezes gritou às multidões: vivo cada dia para matar a morte. Morro cada dia para repartir a vida. E nesta morte da morte, morro mil vezes e ressuscito outras tantas com o amor que alimenta, do meu povo, a Esperança. E mais: tanto bem lhe queríamos que desejávamos dar-lhes, não somente o evangelho de Deus, mas até a nossa própria vida (cf 1 Tes 2,8).
Faltam-nos as palavras para agradecer, para expressar a nossa gratidão ao Ernesto por tudo que ele significa para a Igreja dos pobres e a causa dos excluídos. Vamos ter que dizer sempre em nossa caminhada: Padre Ernesto Presente! Fique conosco irmão querido, nosso amigo de todas as horas, pastor dos pobres. Não nos abandone. Ajude-nos no caminho que você deixou aberto. O Bom Deus não quis mais seu ministério aqui na terra. Não quis mais o seu trabalho, sua voz entre nós, mas quis sua oblação. Viva agora plenamente o que o Pai lhe reservou! E nós continuaremos professando a mesma fé que lhe sustentou na caminhada: Quem nos separará? Sim, tenho a certeza que nem a morte, nem a vida. Nada poderá nos separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Nosso Senhor (cf Rm 8,35-39) e revelado na vida de Padre Ernesto, nosso inesquecível irmão universal, que soube Gritar o Evangelho com a própria vida como o irmão Charles de Foucauld.
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Pe. Ernesto de Freitas Barcelos, Filho de Geraldo Luiz de Barcelos e Waldemira de Freitas, nasceu no dia 08 de setembro de 1955.
Entrou para o Seminário em 1978; foi ordenado Diácono em setembro de 1984 na Paróquia Cristo Rei, em Ipatinga e sua ordenação presbiteral foi aos 13 de janeiro de 1985, por Dom Lelis Lara, na Paróquia Nossa Senhora do Pilar, em Pitangui. Antes de ficar licenciado era pároco da Paróquia Bom Jesus, em Bom Jesus do Amparo. Tendo ido encontrar-se com o Pai na manhã deste sábado, 27 de julho de 2019.
Padre Ernesto sempre nos interpelava para a vivência coerente com o ensinamento de Jesus Cristo e com o seu Evangelho; primeiro, por ter vivido sempre de forma simples e austera.
Padre Ernesto participava sempre de todas as lutas do povo. Foi protagonista na Pastoral Carcerária. Sempre foi um animador das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), e para participar dos Intereclesiais (Encontros Nacionais das CEBs), sempre organizava uma caravana de romeiras e romeiros que, mesmo não sendo representantes das CEBs no Intereclesial, participavam de vários momentos dos Intereclesiais. Membro fiel da fraternidade sacerdotal Jesus Caritas.
Foi sempre um agente de pastoral da Comissão Pastoral da Terra (CPT), entusiasta animador, organizador e participante das Romarias das Águas e da Terra no estado de Minas Gerais e em outros estados. Inesquecível ver a paixão do padre Ernesto pela Bíblia lida e interpretada em uma linha libertadora.
Participava também do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos (CEBI), Padre Ernesto era essencialmente missionário, ele animava, organizava e realizava Missões Populares. Ele participava também do Movimento de Fé e Política, era um ardoroso defensor dos Direitos Humanos fundamentais. Padre Ernesto também lutou na defesa dos direitos dos povos indígenas.
Gratidão eterna, padre Ernesto, pelo imenso legado espiritual, ético, profético e revolucionário que você nos deixou. Perdemos sua presença física, mas você continuará sempre vivo em nós, na luta.
A palavra esperança marcou tão forte a personalidade de Ernesto que tantas vezes gritou às multidões: vivo cada dia para matar a morte. Morro cada dia para repartir a vida. E nesta morte da morte, morro mil vezes e ressuscito outras tantas com o amor que alimenta, do meu povo, a Esperança. E mais: tanto bem lhe queríamos que desejávamos dar-lhes, não somente o evangelho de Deus, mas ate a nossa própria vida (cf 1 Tes 2,8).
Faltam-nos as palavras para agradecer, para expressar a nossa gratidão ao Ernesto por tudo que ele significa para a Igreja dos pobres e a causa dos excluídos. Vamos ter que dizer sempre em nossa caminhada: Padre Ernesto Presente!
(CEBI), Padre Ernesto era essencialmente missionário, ele animava, organizava e realizava Missões Populares. Ele participava também do Movimento de Fé e Política, era um ardoroso defensor dos Direitos Humanos fundamentais. Padre Ernesto também lutou na defesa dos direitos dos povos indígenas.