segunda-feira, 15 de novembro de 2021

CARLOS DE FOUC. E O PARADOXO



Charles de Foucauld e o paradoxo

Só vejo um único bem em mim: é a vontade constante de fazer o que mais agrada ao bom Deus, sempre e em tudo [...]. Mas, na prática, quantos fracassos! (Carta ao Padre Huvelin, 17/09/1907).

Com pouco mais de 30 anos foi arrebatado pela fé cristã e ingressou como noviço no mosteiro trapista de Nossa Senhora das Neves. Mas no anseio de uma vida ainda mais radical, largou tudo e foi para a Terra Santa.

Depois de algumas idas e vindas entre a França e a Terra Santa, Charles de Foucauld completou os estudos, recebeu a ordenação sacerdotal e voltou à África. Em Argel, viveu bem próximo aos muçulmanos e nesse período, os escritos de Foucauld revelam um entusiasta do diálogo.

Estou aqui não para converter os tuaregues de uma só vez, mas para tentar compreendê-los [...]. Estou certo de que o bom Deus acolherá no Céu aqueles que forem bons e honestos. Você é protestante, é agnóstico, os tuaregues são muçulmanos, mas estou convencido de que Deus receberá todos, se merecermos... (apud Lehureaux, 1946, p. 115).


Foucauld tornou-se um eremita muito querido da população local. Em 1904 já havia traduzido os quatro evangelhos na língua dos tuaregueses, povo nômade do deserto, e morava em uma cabana.


Foi então que veio a guerra entre a Turquia e a Itália, a partir de 1912. E em 1916, Charles de Foucauld foi assassinado com um tiro na cabeça por um adolescente em uma tentativa de roubo e sequestro.

A vida de Foucauld deu início aos Irmãozinhos e Irmãzinhas de Jesus e tantas outras congregações, fraternidades, comunidades, monges e eremitas. Fracassos, vitórias e paradoxos!


Disse Foucauld: “Para tornar conhecido o santo Evangelho, estou pronto a ir até o fim do mundo e a viver até o julgamento final”. (Carta a dom Guérin, 27/02/1903).


Foucauld escolheu o norte da África para viver uma vida simples e pobre entre a comunidade tuaregues como testemunha do amor de Jesus Cristo.


Inácio José do Vale