sexta-feira, 15 de junho de 2018

C.F. O ESQUECIMENTO DE SI


Charles de Foucauld: ‘o esquecimento de si’ 



“Na escola de Charles de Foucauld e de René Voillaume, o amor dá um sentido novo à vida, um sentido até revolucionário,
se confrontado com a lógica do sucesso que domina as ambições do mundo”, escreve o teólogo italiano Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, na Itália. 

O impacto de Charles Foucauld sobre a espiritualidade do século XX foi vasto e profundo, como demonstram as muitas famílias religiosas que se inspiram nele: não é à toa que um teólogo da estatura de Yves Congar pôde afirmar que, sob o perfil da experiência espiritual, todo o século XX foi iluminado por dois faróis, cujas vidas se concluíram na sua abertura: Teresa do Menino Jesus, a santa da "pequena via" da caridade, capaz de transformar a mediocridade da existência em um extraordinário caminho de amor, e Charles de Foucauld, o jovem de boa família que, depois de uma temporada dissipada e dissoluta, influenciada pelo encontro com o Islã, conhecido no Marrocos por meio da fé humilde e adoradora de muitas pessoas simples, se apaixonou por Jesus e pelo Evangelho, e decidiu imitar seus passos com o compromisso total da vida. 

René Voillaume assumirá essa mensagem e a dilatará a todas as situações de miséria e de abandono da terra, onde chamará os Irmãozinhos por ele fundados a viver como Foucauld o escondimento de Nazaré: Au Coeur des masse, a obra que Voillaume publica imediatamente após a guerra e que o tornará conhecido em todo o mundo, traduzido em italiano com o título significativo Come loro, fará com que muitos descubram a via de Jesus como expoliação, solidariedade e substituição vicária em favor dos últimos. 

"Nazaré não é mais só um lugar geográfico, mas sim um estilo de vida, e essa certeza traz consigo a convicção da necessidade, para a Igreja de hoje, de `recomeçar de Nazaré`, ou seja, de um retorno ao essencial da fé". Uma apologia ao silêncio e à escuta, alternativa à barbárie do barulho e das palavras gritadas, uma afirmação decisiva do primado do último lugar, contra a corrida de querer ser ou de fingir que se é o primeiro, um convite à verdade daquilo que somos diante do Eterno, ao invés de correr atrás das máscaras da aparência e do consenso obtido a todo custo: essa é a mensagem dessa pesquisa rigorosa e convincente. 

“Justamente isso, uma mensagem que vale a pena meditar nos nossos dias, para nos abrir a escolhas de vida contracorrente, as únicas capazes de dar liberdade e paz ao nosso coração inquieto, para além de qualquer medida de cansaço e de aparente inutilidade, alternativas a toda lógica de sucesso a qualquer preço, até a da opressão dos outros por uma vã e estéril afirmação de si mesmo: justamente isso, um desafio e uma promessa para todos”, escreve Bruno Forte. 

Da vida e obras de Charles de Foucauld nasceram muitas famílias de religiosos, religiosas, sacerdotes e leigos que se inspiram nele: atualmente, são 20 e estão presentes em todo o mundo. Reunidas na Associação de Famílias Espirituais Charles de Foucauld, são cerca de 13 mil pessoas. “Em sua diversidade – conta Antonella Fraccaro, religiosa das Discípulas do Evangelho e autora do livro Charles de Foucauld e os Evangelhos. –, estas famílias têm características comuns: o estabelecimento nos contextos da existência comum, a vida em pequenas comunidades unidas por um espírito fraterno, a meditação da Palavra de Deus, a dedicação às almas que mais sofrem e são mais abandonadas. O grão de trigo, morrendo, deu fruto, justamente como Foucauld – tão vinculado a este versículo do Evangelho de Jo (12, 24) – esperava que acontecesse”. 

Para uma profunda meditação 

“Começamos a crer quando nos colocamos de joelhos, adverte o irmão Charles do “Esquecimento de si”, e iniciamos a progredir na imitação de Cristo quando se aprende a praticar o jejum. Não é por acaso, aliás, que, entre as páginas mais belas, estejam precisamente aquelas em que os objetos da cotidianidade, iluminados pela luz sobrenatural da Eucaristia, revelam ao protagonista a silenciosa vastidão da Revelação: “As coisas não reivindicam nada de nós: elas estão, são”. E assim é Deus, eu pensava, Aquele que está, Aquele que é, Aquele que se oferece em tudo e em todos”. 

Charles de Foucauld é o servo do silencio, de oração, da eucaristia, da adoração, do jejum, da Palavra de Deus, sua ardente missão é a busca do Absoluto, que se fez ‘irmão universal’, sempre acolhedor para com todos; sua pregação é “gritar o Evangelho com toda sua vida”. Sua abissal mística é do deserto eremítico e a espiritualidade de Nazaré. “Esse foi à jornada aberta pelo ‘missionário do esquecimento de si’, do último lugar, cujo exemplo inspirou e continua inspirando inúmeros discípulos no mundo inteiro”. 

Inácio José do Vale 

Fontes: 


http://www.charlesdefoucauld.org/es/presentation.php?message=Our%20website%20is%20temporally%20only%20available%20in%20french