sexta-feira, 20 de julho de 2018

PE. C. DE FOUC. E OS PADRES BRANCOS


Charles de Foucauld e OS Padres Brancos Philippe Thiriez, bp [:] 


Tradução do administrador do blog. 


O Padre Philippe Thiriez é Padre branco desde 1950; ele passou 30 anos na Argélia, incluindo 6 no Saara, e 9 anos no Oriente Médio. Sua função
de assistente do bispo de Laghouat, Dom Gagon, o conduzia regularmente para El Golea, para Beni Abbes, para Tamanrasset e para o Assekrem. Em 1994, ele publicou um livro sobre Charles de Foucauld em Nazaré e, em 1998, "Correspondências Saarianas" (em colaboração com Antoine Chatelard). Em 2005, ele publicou "Cartas à sua irmã, Marie de Blic" (Edições O Livro Aberto) assim como o artigo abaixo, na revista dos Padres Brancos "O pequeno Eco (Le petit Echo)". 

O atestado de óbito do Padre de Foucauld, transcrita em maio de 1917 pelo Capitão de la Roche menciona "o chamado Charles de Foucauld, profissão Padre Branco, nascido em 1858 em -Estrasburgo, falecido no 01 de dezembro de 1916 e enterrado em Tamanrasset". No entanto, numa carta datada de 08 de março de 1908 para sua irmã Marie Bk, referindo-se ao querido e venerado P. Guerin, ele esclarece: este não é o meu diretor e eu não sou Padre Branco; ele é bispo da diocese onde estou e me enche de bondade ... 

Ch. De Foucauld não conhecia os Padres Brancos antes de desembarcar em Argel, em 10 de setembro de 1901. Logo que foi ordenado, ele ofereceu seus serviços ao bispo do Saara, através de Dom Livinhac (em 1889, sucessor do Cardeal Lavigerie como Superior Geral da Sociedade dos Missionários da África). É o ainda jovem Prefeito Apostólico, Charles Guerin, 29 anos, que veio para recebê-lo no barco com o prior da Trapa de Staouéli. Ele morreria de tifo antes dele, a 19 de março de 1910, aos 38 anos. É o P.Henry Bardou, então superior em Ouargla, que ocuparia este posto de janeiro de 1911 a 1916. Ele e o Irmão Charles se encontraram em 1913, em Tilremt entre Ghardaia e Laghouat, num bordj (Forte) que ainda existe. Depois dele, é Dom Gustave Nouet que irá transferir para El Golea, em 1929, os restos mortais do irmão Charles. 

Após os massacres de duas caravanas P.B. e da missão Flatters (em 1876 e 1881), os três postos de Ghardaia, Ouargla e El Golea tinham sido retomados em 1884. São os diários desses postos que nos falam com emoção das passagens do eremita. 

Durante sua estadia em Beni-Abbes (1901-1904), ele foi alojado na Maison-Carree, logo após sua chegada, recebeu no dia de Pentecostes de 1903 a visita de seu bispo, e fez retiro durante seis semanas (11 de novembro a 26 de dezembro de 2004) nos Padres da Ghardaia, que ele edificou pela sua austeridade e por sua vida de oração. 

Monsenhor Guerin relembra sua visita de Pentecostes: foi muito doce para nós viver alguns dias na intimidade desse verdadeiro sacerdote que possui tão perfeitamente o espírito de Jesus. Não menos doce em constatar a glória que retira Jesus da santidade de seu humilde ministro: entre os Europeus, oficiais e soldados, como entre os indígenas, nós sentimos um mesmo eco de respeitosa admiração e de religiosa veneração pelo querido e pobre solitário que, pelo escondimento de si mesmo, pela sua inesgotável generosidade e também pela sua tão constante amabilidade ganha imediatamente todos os corações. 

Nota dos Padres de Ghardaia: Os planos do irmão Charles de Jesus eram de ficar, por algumas semanas, no descanso físico e sobretudo moral de que ele sentia tão fortemente a necessidade, depois de uma vida tão contrária aos desejos de sua alma sedenta de silêncio e de recolhimento. Ele também informou o Chefe da Missão dos resultados de sua viagem e tomou decisões para o futuro com uma tocante humildade. Foi resolvido que ele permaneceria em Ghardaia pelo menos até o Natal. Durante os primeiros dias, ele juntou-se à Comunidade com a maior simplicidade e de uma maneira muito amável, e nos interessando muito, tanto por tudo o que ele nos dizia de sua recente viagem aos Tuaregues, como pelas lembranças mais antigas de sua viagem ao Marrocos. Em seguida, no Advento, ele pediu para entrar em retiro, e até o Natal nós não o vimos mais sair de seu quarto, a não ser para ir à capela, onde ficava várias horas. Ele teria gostado de encontrar um companheiro entre os Padres Brancos. Aqueles nos quais ele estava pensando, o Padre Pierre Richard e Padre Camille Chatouville, não puderam ser liberados. Quanto ao Fr. Gilles (Michel Goyat) enviou-o de volta depois de três meses, julgando-o inapto para sua missão. 

É finalmente em Maison Carree que ele ficou mais frequentemente: dez dias em setembro de 1901, doze em novembro de 1906 (para pegar o irmão Gilles) e, de ida e volta, durante suas três estadias na França: em 1909, em 1911 e em 1913, acompanhado por um jovem tuaregue; Ele vinha então de Tamanrasset para El Golea e tomava em Ghardaia uma condução e, em seguida, o ônibus para Argel. Exceto em 1911, onde passou por Beni-Abbes e Bechar (onde ele tomou o trem para Perregaux e Argel). 

A princípio intimidado em 1901 por esses velhos bérberes, ele rapidamente sentiu-se em casa. Ele estava feliz quando era possível ver seus correspondentes: Dom Livinhac e Dom Guérie, os padres Marchal e Voillard (que se tornou seu conselheiro em 1911 após a morte do padre Huvelin em julho de 1910). É a gráfica de Maison Carrée que publicou em 1918: “O Padre Charles de Jesus, visconde de Foucauld” e, em 1927, os “Artigos do Julgamento do Ordinário”. 

As notas de diário a 8 de Dezembro 1906: O Padre de Foucauld (Charles de Jesus) que tem sucessivamente feito conferências no Noviciado de Santa Maria, no Sanatório, aos Irmãos, fala hoje sobre o Marrocos aos Padres da Casa-Mãe. Uma conferência muito interessante em que aparecem alternadamente a competência do ex-oficial e a humildade do religioso. 

Depois, em 1909, ele nos deu os mais interessantes detalhes sobre toda a região em que ele vive, agora aberta à influência francesa ... O líder dos Tuaregues Hoggar, Mussa, fixou sua casa em Tamanrasset mesma, perto do Pe de Foucauld ... ele tem com ele, como Khodja ou secretário, o homem que melhor conhece a língua tamasheq. O Padre aproveita essa circunstância para fazer dessa língua um estudo mais sério... Todos os dias, Khodja ajuda o querido Pai a completar dicionários ou traduzir em Tamasheq várias passagens do Antigo ou do Novo Testamento. NS se digne permitir que um dia nossos confrades aproveitem esses trabalhos que lhes darão sem interrupção os meios para agir sobre essas populações pobres: É esse o grande projeto e a ardente oração do querido solitário. 

Ele falará em 1911 de todos os Padres Brancos em cuja sombra (ele) viveu por dez anos! E que ele gostaria que continuassem o seu trabalho. No entanto, observou ele, em 1905, em sua caderneta, a relutância das autoridades militares sobre isso, porque: 

1) eles deram problemas em quase toda parte ... 

2) são muitas vezes desajeitados e se misturam com o que não lhes diz respeito ... 

3) crianças que frequentam as suas escolas são geralmente piores do que outros! Não se sabe se ele compartilha esse ponto de vista ou usa-o para fazer decidir que as Irmãs Brancas venham primeiro... Estas, instaladas em Laghouat desde 1872 com um padre de Argel, depois em Ghardaia onde elas eram quinze em 1904, a cargo de hospitais civis e militares, o recebiam e o escutavam com devoção. Sua superior canadense, Madre Agostinha, foi dirigida pelo Irmão Carlos. 

Um trabalho de pesquisa foi realizado, em 1951, no escolasticado de Eastview, e retomado em 1978 pelo Padre Pierre Delétoile, que morreu em 1995, sobre os Padres Brancos, testemunhas da vida missionária de Carlos de Foucauld. Se se fala pouco do seu passado ou da sua estadia em Nazaré, admira-se o santo religioso e apóstolo incomum. 

Com a notícia de seu assassinato, os Padres de Ouargla transmitem esta nota: Os autores deste crime abominável queriam aproveitar-se do homem que, por sua incontestável influência, impedia os Hoggars de se sublevarem contra a França. As instruções eram para devolver o Padre às mãos do grande líder dos Snoussis; mas a chegada de uma das nossas patrulhas alterou os planos, e isso fez o ataque terminar de forma sangrenta. 

Respondendo em 1921 ao Pe Voillard, René Bazin disse: Parece-me que os nossos contemporâneos não distinguiram entre Carlos de Foucauld e os irmãos de vocês. Ele era seu companheiro, seu amigo, deviam-lhe obrigação. Podemos dizer que ele é o seu modelo. Por isso, ele vai realizar a conversão dos muçulmanos. Vocês vão querer que suas orações um dia sejam feitas em socorro daqueles que entenderam tão pouco vocês até agora. Ninguém sabe tudo o que um santo pode fazer para continuar, de modo invisível, os trabalhos iniciados que vão preparar o bem que vocês irão realizar”. 



pb Philippe Thiriez.