sexta-feira, 18 de setembro de 2020

CARTA DO IRZ. PAOLO MARIA

CARTA DO IRMÃOZINHO PAOLO MARIA. 



Caríssimos!

Após as férias de verão, retomamos a jornada normal em uma normalidade diferente com medos e inseguranças. Neste clima difícil, convido você a comemorar. Não porque tenha recebido um pouco de sol ou queira facilitar as reuniões, mas porque precisamos de outro tempo para viver a vida cotidiana. O tempo de isolamento devido à "Covid 19" foi um período de sérios transtornos, mas também uma oportunidade de pensar, uma oportunidade de dar a prioridade certa para nossas vidas. Os muitos aspectos vividos: a oração com um melhor interesse, as relações familiares mais intensas, a leitura, a reflexão, são típicos dessa festa. 

Mas faltou o elemento fundamental para fazer a festa acontecer: a gratuidade. A obrigação, a falta de liberdade, nos forçaram como quando usamos um funil, para salvaguardar nossa saúde e a dos outros. Fortalecidos pela experiência que vivemos, somos chamados a abrir-nos à liberdade do gratuito para recuperarmos mais um tempo necessário para aprofundarmos os nossos dias e fazer escolhas significativas nas relações interpessoais, familiares, laborais e associativas. 

O bloqueio nos deu mais ar respirável, cursos de água mais limpos, animais que entraram em espaços destinados aos humanos. Tudo isso deve nos fazer refletir sobre a atenção que devemos à criação. Tenho a impressão de que tudo recomeça com atenções diferentes, mas da mesma maneira com que o feedback é o movimento dos ponteiros no mostrador (do relógio) da história.

Não podemos, não devemos parar, é o slogan do recomeço. Mas para onde vamos? A questão só pode ser resolvida se vivermos com liberdade de nos olhar nos olhos. Infelizmente, o carinho, o abraço não são possíveis, mas é possível nos encontrarmos e nos encontrarmos na experiência de um tempo diferente em que se contempla a beleza, a vida amada. 

Tudo isso abre à confiança e cada cristão e a Igreja devem ser testemunhas do rosto do mais belo entre os filhos do homem e da obra de uma vida doada. Infelizmente, algumas dimensões da fé cristã são vividas como um fazer: faço a oração, faço voluntariado, faço serviços e assim esquecemos a importância do silêncio que se abre à escuta, do tempo que tem o rosto de Jesus, da vida cotidiana como um lugar para amar porque é um presente de Deus

Vamos celebrar, apesar das limitações inevitáveis, certos de que é um outro tempo, não é utopia, mas a vivência do sonho. O sonho mais belo é o de brincar com Deus para aprender a fazer isso com os homens.

Paolo Maria
irmão anterior