terça-feira, 13 de novembro de 2018

ENSINAMENTOS DE CH. FOUCAULD


ENSINAMENTOS DO EREMITA CHARLES DE FOUCAULD 

Tenho para mim procurar o último dos últimos lugares, para ser tão pequeno como o meu Mestre,
para estar com Ele, para caminhar atrás dEle, passo a passo, como servo leal, discípulo fiel, porque na sua bondade infinita e incompreensível Ele me permite falar assim, em irmão leal, em esposo fiel. Por isso a minha vida deve ser concebida de modo a ser o último, o mais desprezado dos homens, afim de passá-la com o meu Mestre, o meu Senhor, o meu Irmão, o meu Esposo, que foi ‘desprezo do povo e opróbrio da terra, um verme e não um homem’. Viver pobre, desprezado, no sofrimento, na solidão, esquecido, para estar na vida com o meu Mestre, o meu Irmão, o meu Esposo, o meu Deus, Ele que assim viveu toda a sua vida, dando-me este exemplo desde o seu nascimento. 

Seguir Jesus é imitar Jesus em tudo, partilhar a sua vida como o faziam a Santíssima Virgem, São José, os apóstolos, isto é, por um lado, conformar como eles a nossa alma à dEle, convertendo o mais possível a nossa alma à sua alma infinitamente perfeita; por outro lado, conformar como eles a nossa vida exterior à dEle, partilhando como eles fizeram, a sua pobreza, a sua humilhação, os seus trabalhos, os seus cansaços, enfim tudo o que foi a parte visível de sua vida… Na dúvida de fazer ou não alguma coisa, perguntar-se o que teria feito Jesus em nosso lugar e fazê-lo. Não imitar tal ou tal santo, mais só a Jesus. 

Não há, creio eu, palavra do Evangelho que mais me tocou profundamente e transformou a minha vida do que está: ‘Tudo aquilo que fazeis a um destes pequeninos, é a Mim que o fazeis.’ Se pensarmos nestas palavras que são do Verbo não criado, da sua boca que disse ‘Este é o meu Corpo…este é o meu Sangue’, com que força seremos movidos a procurar e a amar Jesus nestes ‘pequeninos’, nestes pecadores, nestes pobres. 

Um amigo para os tuaregues (1904 a 1916) 

Em 13 de janeiro de 1904, Charles de Foucauld saiu para morar com os tuaregues. 

Escreveu “Minha vocação normalmente envolve solidão, estabilidade e silêncio. Mas se eu acredito que, como uma exceção, às vezes eu sou chamado para outra coisa, como Maria, eu só posso dizer: "Eu sou a serva do Senhor". 

Nesse período foi abissal a vida eremítica de Charles de Foucauld. A profundidade mística, a busca ardente de Deus, a amizade intensa com Cristo, a vivência do silêncio interior no deserto da alma e geográfico, o amor aos tuaregues, a quietude e a prática de uma nova missão apostólica, pregando não através de sermões ou espetacularização, e sim pelo seu exemplo de vida de um verdadeiro servo de Jesus de Nazaré 

Escreve: “Amanhã, serão dez anos que venho dizendo a Santa Missa no eremitério de Tamanrasset e não uma única conversão! É preciso oração, trabalho e paciência”. 

Por dois anos, a guerra estava destruindo a Europa. Estava começando a chegar ao Saara também. 

Ele disse: “A 450 km daqui, o forte francês de Djanet foi invadido por mais de mil senoussistas armados com um canhão e rifles. Depois do sucesso, os senoussistas têm um caminho aberto para vir aqui. Nada pode detê-los, exceto a Deus. 

Mas a vontade do bom Deus não os impediu e o eremita Charles de Foucauld foi violentamente morto em 1 de dezembro de 1916. 

“A menos que um grão de trigo caia na terra e morra, resta apenas um único grão; mas se morrer, produzirá uma colheita rica...”, afirmou Charles de Foucauld. 

Charles de Foucauld foi assassinado por assaltantes de passagem, na porta de seu eremitério, em 1 de dezembro de 1916. Logo foi considerado um mártir e, nos anos seguintes, sua memória passou a ser venerada. Ao mesmo tempo, sua biografia do renomado escritor francês René Bazin (1853 -1932), publicada em 1921, tornou-se um best-seller

Hoje sua família espiritual se encontra em toda parte do mundo. Sua espiritualidade de Nazaré é seguida por cristãos de várias confissões, que sejam leigos ou clérigos, em congregações, fraternidades e grupos. A mensagem desse eremita é a vida na prática do amor a Cristo, ao próximo e o Evangelho anunciado com o testemunho sem nenhuma traição. 

Inácio José do Vale