RETIRO DA FRATERNIDADE SACERDOTAL JESUS CÁRITAS DE JANEIRO DE 2020, PREGADO PELO PE. CARLOS ROBERTO DOS SANTOS. 
 Introdução ao retiro 
Às 21h14 – o orientador Padre Carlos fez uma introdução sobre  o retiro: Retiro é renovar-se a si mesmo – “Se retornas, eu te faço  retornar” (Jr 15,19). Nos fez pensar sobre a possibilidade de entrar  num clima de silêncio, quando o mundo a nossa volta é tão barulhento?  E propôs que durante o retiro, todos deveriam desacelerar, silenciar  para escutar a voz de Deus e viver a experiência de encontrar-se  consigo mesmo, com os irmãos e de encontrar-se ou reencontrar-se  com Deus. Lembrou ainda que o retiro é retornar ao primeiro amor,  que cada um de nós é agente do seu próprio retiro, e que nestes oito  dias de retiro, cada um é convidado a fazer todo esforço possível para  que prevaleça o silêncio absoluto em todos os momentos. 
É necessário retirar-se, fugir do barulho cotidiano que por todos  os lados enchem nossos ouvidos. É no silêncio que faço a experiência  do encontro: comigo mesmo e com Deus. É necessário silêncio para  ouvir nosso próprio coração e o que tem Deus a nos dizer, ouvir a voz  de Deus e deixar que ela ressoe em nosso coração, em nossa vida. 
Encontrar e reencontrar com Deus, nutrindo-nos de esperança  e alegria e reabastecer com ânimo e coragem para a caminhada. Depois  do encontro com Cristo, tudo se torna diferente, mais fácil, pois Ele  está vivo em nós. Amar e servir, eis a origem da felicidade e buscar o  rebaixamento a exemplo do Ir. Carlos. 
O livro Fermento na Massa, escrito por René Voillaume em  1950, serviu e ainda serve para motivar a todos que querem alimentar sua fé, seguindo os passos do Irmão Carlos de Foucauld, e viver, ao  lado dos pobres, uma verdadeira pobreza e caridade. 
Padre Carlos apresentou a programação dos dias do retiro.  Mantra: para gerar um clima de oração. Olhar: fatos da vida. Iluminar: experiência do Irmão Carlos e Evangelhos. Provocar: testemunho do Papa Francisco. O itinerário de todo o retiro foi inspirado no livro Fermento na Massa, escrito para os irmãozinhos de  Jesus, e por outros “mestres da espiritualidade” que inspiram nossas fraternidades. Assumiu o compromisso de, após cada meditação, entregar o conteúdo digitado a cada participante, para facilitar a  caminhada no silêncio: leitura, meditação, encontro com o Cristo no  silêncio e oração. 
Eis a sequência das meditações: primeira meditação - Feliz o  povo que o Senhor escolheu por sua herança (Sl 32); segunda meditação - Por causa de Jesus e do Evangelho; terceira meditação - Voltar a Nazaré, raízes das fraternidades, da nossa identidade; quarta meditação - Encontrar-se dentro de si mesmo; quinta meditação - Amar  e servir com um coração indiviso; sexta meditação - Irmão Carlos e a  importância da oração; sétima meditação - Ascese e rebaixamento – imitação de Jesus; oitava meditação - Viver a pobreza; nona meditação - A importância de Maria para o Irmão Carlos; decima meditação - Viver os meios da Fraternidade. Além destes, Padre Carlos também  disponibilizou o texto de motivação para a vigília e o dia de deserto. 
Iniciamos nosso retiro meditando sobre o prefácio à edição  brasileira do livro Fermento na Massa, escrito em 1958 por Dom  Helder Câmara, e no qual ele fala da importância do irmão Carlos. Em seguida todos foram tomar um chá e depois foram descansar. 
No segundo dia, quarta-feira, 8 de janeiro, as atividades  começaram às 7h30 com a oração da manhã do Ofício Divino das  Comunidades. Terminada a oração, foi servido o café e, de 8h30 às  9h15, cada fraternidade se dedicou aos serviços de limpeza da casa,  conforme estavam escalados pela equipe responsável. Às 9h30, todos  estavam no auditório para a primeira meditação.
Primeira Meditação: Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua  herança (Sl 32) 
Iniciou com o mantra: “Onde reina o amor, fraterno amor, Deus  aí está”. 
Padre Carlos sublinhou que Deus escuta o clamor de seu povo, que escolhe a cada um para dar testemunho, denunciando as injustiças  e anunciando o seu amor. E afinal, quem são esses missionários  enviados? Além dos santos, também somos todos nós vindo de muitos  lugares e situações. O pregador elencou três pontos importantes da  proposta de Jesus: 1. Jesus deve ser o centro e a opção fundamental da  vida dos discípulos, como o irmão Carlos que gastou a sua vida nesta  imitação; 2. Com o exemplo do Bom Pastor devemos ter um  relacionamento de amor e de comunhão; 3. Nossa liderança espiritual  deve ter como caminho de vida o bom pastor que oferece a sua vida  por todos. 
Em cada época, Deus escolhe homens e mulheres para  denunciar as injustiças, anunciar e testemunhar o amor de Deus. Hoje,  Deus continua a chamar. Deus nos chama mesmo se estivermos longe  dele. Irmão Carlos viveu este chamado e testemunha: “Compreendi  que não poderia viver senão para Deus”. 
Não é suficiente o encontro com Deus. Precisamos e devemos  desejar estar com Deus. Colocarmo-nos na presença de Deus. Minha  alma tem sede de Deus. Como a terra precisa de água, precisamos de  Deus. Irmão Carlos, Irmã Dulce e tantos outros. Cada qual é chamado  de acordo com a necessidade de seu tempo. 
Fazer com que o Reino de Deus aconteça. Levar vida aos  marginalizados, aos oprimidos, aos feridos. 
Muitos na Igreja vivem ou sonham em viver como se  estivessem na Idade Média: numa igreja de reis e rainhas, mas,  atualizada como uma igreja midiática. O mundo está muito mudado,  são vários os rostos. E Deus continua chamando: nos chama a anunciar  neste momento e lugar. Devemos buscar a fidelidade ao projeto de  Deus, lutar para que o Reino aconteça. A proposta de Jesus é que  “todos tenham vida e a tenham em abundância”. Estar de pé e  caminhar. Abandonar tudo e seguir Jesus. Conhecer Jesus e “gastar”  sua vida pela causa do Reino. 
Em quaisquer momentos de nossas vidas, bons ou ruins, Jesus  é o centro. A presença de Jesus marca todas as nossas escolhas. Irmão Carlos gastou sua vida fazendo a vontade de Deus, buscando o último  lugar. 
O bom Pastor está ao nosso lado. Não tenha medo porque eu te  escolhi. Conhecer as ovelhas é sentir o cheiro delas. Estar conformado  com o povo. O bom Pastor conduz as ovelhas para fora do aprisco e,  se for preciso, entrega sua vida por elas. 
Devemos fazer retrospectiva de nossa caminhada pessoal. Muitas vezes, muito atarefados e com pouca capacidade de organizar  e administrar o tempo. Às vezes, corajosos e organizados, buscando  viver com dignidade a proposta do Evangelho. Sempre devemos levar  a certeza de que fomos escolhidos por Deus. 
Quando e de que forma sinto o chamado de Deus? Quais as  pessoas foram para nós um sinal da presença de Deus? Buscamos  voltar ao poço, à fonte do nosso primeiro amor? Como foi a minha  opção pelo Evangelho? Como o meu sim evoluiu? Houve  dificuldades? Como alimento a amizade com Jesus e a partilha com os  amigos? Em minha vida, procuro criar pontes ou muros? 
Nossa história é sempre um processo. Dificuldades e  realizações caminham quase sempre juntas. Devemos aceitarmo-nos  como somos, sem fantasias, sem superficialidades. Devo buscar o sim  generoso para ser feliz onde estou e não onde gostaria de estar. 
Somos chamados por Cristo, escolhidos para viver os  ensinamentos do Ir. Carlos. Precisamos converter-nos todos os dias.  Socorrer as pessoas dos últimos lugares. Com Deus, o pouco se torna  muito. Devemos viver, testemunhar com gestos e, se for preciso, falar. 
Viver e testemunhar é aproximar-se do Bem Amado. Ir. Carlos  testemunhou a missionariedade, caridade e coerência. Que o Senhor  nos ajude a ser fiéis ao Evangelho, pregando-o com a vida. 
Padre Carlos orientou os participantes para que fizessem uma  retrospectiva de sua caminhada existencial. Meditação pessoal do  evangelho de Lucas 10,1-9, com duas perguntas: 1. Como foi a sua  retrospectiva de vida vocacional e existencial? 2. Qual a qualidade de  sua resposta e do seu sim hoje? 
Após a meditação, houve tempo para reflexão individual até às  11h, quando todos se reuniram para adoração na grande capela do  convento até o meio dia. Terminada com a bênção do Santíssimo houve o almoço ao meio dia em silêncio absoluto, seguido de tempo  para descanso até às 14h30. 
Segunda Meditação: Por causa de Jesus e do Evangelho. 
A segunda meditação começou às 14h30. Pe. Carlos enfatizou  a existência de dois lados em nosso mundo, o primeiro que o mundo  está virado do avesso, com os seus contra valores virando moda na vida  das pessoas e por outro lado que com a tecnologia e a vida efêmera das  coisas contribuiu para a perda do sentido do ser humano. Com o  exemplo do irmão Carlos não importa como está o mundo a nossa  volta, o mais importante é que neste mundo deveremos testemunhar a  luz e a força de Deus. 
Não é fácil o testemunho de vida, quando há tantos contra  valores ocupando lugar dos valores. Quantas pessoas estão preferindo  viver no passado, buscando simbologias que já não fazem sentido hoje. 
Quanta mentira, enganação, corrupção para manter um poder  nem sempre legítimo. A verdade, a justiça e a paz não são sempre  respeitadas. São tantos os problemas que não temos tempo de enfrentá-los. As novas tecnologias oferecem uma melhor qualidade de vida, mas  a qualidade de vida interior se esvaziou. Quanta gente buscando  resposta no mundo, enquanto o que realmente preenche nosso vazio  corre o risco de ficar distante. 
A “vida” e a esperança parecem adormecidas. O Papa  Francisco dá-nos um grande e forte testemunho. Viver na simplicidade,  sem se utilizar do poder pelo poder, fazendo-se pobre com os pobres. 
Quando tudo parece perdido, devemos conhecer o dom de  Deus, pedir-lhe de beber, buscar a água viva. 
Jesus conhecia o Ir. Carlos e Ir. Carlos, conhecendo Jesus,  procurou segui-Lo radicalmente. O nome de Jesus acompanhou o Ir.  Carlos quase como se fosse um mantra. Ele deixou que Jesus o  possuísse. Seu silêncio era sonoro. Se existe uma palavra que pode  sintetizar a vida do Irmão Carlos, é Jesus. 
Quem ama a Jesus de Nazaré não pode viver de outra forma  que não seja imitando seus gestos e doando a vida no dia a dia. Amar  o tempo todo, estar inserido no mundo, deixando de lado o que não é  o essencial, buscando o que é verdadeiro. Buscar os mais pobres por  amor, não por dinheiro. Se conseguirmos minimizar os sofrimentos destes últimos da sociedade, os marginalizados é porque Jesus está  neles. É o amor privilegiando a vida.
O ativismo pode nos fazer desviar o caminho, prendendo-nos  demais ao agir e esvaziando-nos em nosso interior, tornando-nos “sal  sem sabor”. Se, verdadeiramente encontramos Jesus, temos que viver  na simplicidade, sem buscar atalho. Jesus é o caminho. Entregar-se  sem medida com infinita confiança deve ser um exercício cotidiano.  Impossível fazê-lo de uma única vez. Recomeçar a cada manhã. Amar  com verdadeira ternura, entregar-se humildemente. 
Pe Carlos propôs como exercício para meditação pessoal, o  trecho do evangelho de João 4,10-42 do encontro de Jesus com a  samaritana, com duas perguntas: 1. Nas correrias da minha vida, estou  perdendo tempo para ir, sempre, ao essencial: Jesus? 2. Quais tentações  estão gerando inquietação em mim, e me afastando deste encontro? 
Houve um breve tempo para meditação pessoal após a segunda meditação. Às 16h foi servido café e, em seguida, as Fraternidades se  reuniram para a partilha da vida até às 17h30. Deste modo, a missa  começou as 18h, na grande capela do convento presidida pelo Pe.  Zacarias da diocese de Cratéus-CE. Ao término da missa todos se  dirigiram ao refeitório para o jantar. 
Para a última atividade do dia foi proposta a exibição de um  longa metragem: “Documentário Padres de Ataúro” que relata que os  padres Fidei Donum Luís e Chico, italianos com alma brasileira  (residiram no Brasil durante 40 anos), que desenvolvem um trabalho exemplar na pequena ilha de Ataúro. Entusiasmado com as  atividades/projetos dos padres, que se tornaram referência na ilha tanto  na questão da educação popular quanto na questão da sustentabilidade  e respeito ao meio ambiente, o diretor produziu um excelente  documentário. 
Terceira Meditação: Voltar a Nazaré, raízes das fraternidades, da  nossa identidade 
Padre Carlos Roberto sublinhou que a nossa vida, onde quer  que estejamos, seja um “voltar” e um “imitar” a vida escondida de  Nazaré. Que o irmão Carlos mergulhou profundamente na terra da  existência humana e deixou a seiva que deverá desenvolver na vida e  no coração das futuras fraternidades. Uma tensão acompanhou a vida do irmão Carlos que foi o anseio de viver no silêncio da vida monástica  e o desejo de se entregar nas mãos de Deus e especialmente servindo  aos irmãos. 
Jesus escolheu Nazaré. Voltar para a vida escondida de Nazaré  quando perceber que está se distanciando da vontade de Deus. Irmão  Carlos viveu de maneira mais simples como Jesus. Nada de ostentação.  Não a grandes casas, grandes despesas, grandes coisas, nem grandes  esmolas. Viver como Jesus é viver com o necessário, nada a mais. Não  levar duas túnicas, nem duas sandálias. 
Ir. Carlos guardou em seu coração a semente da fecundidade,  da fraternidade como um tesouro e seus futuros discípulos viram  germinar esta semente. 
Aparentemente Ir. Carlos fracassou. Morre sem ver sua  congregação nascer. Após sua morte, tudo parecia esfacelar-se, mas os  desígnios de Deus são diferentes. Sua vida tornou-se conhecida no  serviço aos irmãos, vivendo criteriosamente o Evangelho, indo aos  últimos dos últimos. Busca o absoluto de Deus. O amor permanece.  Entrega-se apaixonadamente ao Bem Amado. 
A semente caiu na terra e muitos frutos começam a surgir.  Sementes que, mesmo no deserto, brotaram muitas fraternidades. Partilhar e compartilhar a vida. Necessidade de imitar a Jesus. 
A incessante busca de Deus tornou-se itinerário para muitos e  deve ser também para nós. Sair em missão para amar o irmão e não  para ver a igreja cheia. Com os olhos fixos em Jesus, no irmão, na vida  para ser engajado de maneira real. 
O missionário deve estar no meio do povo, com o povo, sendo  os olhos, os ouvidos, as mãos de Deus. Todos devem ser acolhidos e  amados, pois cada um é importante e dor de um deve ser a dor de todos. 
A convivência em comunidade ensina-nos a viver o amor de  Deus. Compartilhar, organizar, não centralizar, delegar  responsabilidades, comunicar vida, dinamismo, é dever do cristão. 
Papa Francisco chama nossa atenção sobre a necessidade de  ouvir as pessoas, conhecer as realidades. Ele valoriza as mulheres e  jovens. 
Há muitas pessoas que se preocupam com penduricalhos, falsos  brilhantes, com a aparência, com a mídia e se esquecem das raízes, do  essencial. A preocupação exagerada com o supérfluo, não alimenta a  espiritualidade, gerando o declínio do fervor. 
Muitos de nós tememos falar de nossas convicções diante de  quem é arrogante e fala com voz mais forte. Falta coragem evangélica,  profética. Em vez de dar a vida pela missão, buscam segurança na  fama. É necessário sair dos lugares importantes e voltar ao lugar  comum onde o pobre está. A vida do Ir. Carlos é um convite a vivermos  seguindo os passos de Jesus. Para ele, seu alimento é fazer a vontade  do Pai. 
Quarta Meditação: Encontrar-se dentro de si mesmo.
Com esta meditação, o pregador Pe. Carlos destacou que o irmão  Carlos buscou incansavelmente a “verdade”. Neste percurso encontrou  verdadeiramente com Deus, ainda que a sua vida fosse uma longa noite  escura. Em contato com a cultura e a fé islâmica sentiu a necessidade  de repensar as suas próprias convicções. 
Retomando a antropologia teológica, Pe. Carlos, assinalou que a  grande aspiração do ser humano é de ser “feliz e realizado” e que só a  encontraremos quando o nosso coração estiver habitado pelo  verdadeiro amor e conseguirmos encontrá-lo.
Irmão Carlos, aos 12 anos, perdeu sua fé. Vivia sem acreditar em  nada. A última centelha de fé se extinguira. Um grande percentual de  pessoas deixa o catolicismo porque o padre e as lideranças na Igreja  tratam mal. Os pastores são mais capazes de conquistar. Irmão Carlos  busca a verdade. Estudou e aprendeu sobre a língua e cultura dos  Marrocos. Ele sente necessidade de estar perto das pessoas. 
Aos 12 anos, viveu uma longa noite escura para depois se tornar  um buscador de Deus. Queria conhecer a cultura dos Marroquinos,  para isto, hospedou-se por um ano em casa de uma família. Isto mudou  sua vida, principalmente pelo testemunho dos muçulmanos. Chegou a  rezar com eles, repetindo seus gestos. Diante disto, ele se questionou,  buscando resposta para sua fé. Deus vivo, presente na vida das pessoas. 
O coração é o lugar dos sentimentos e fonte da personalidade. É  o lugar mais íntimo do ser humano. O coração é o lugar da lei não  escrita. No coração, está o Bem Amado e, neste lugar, adoramos o  nosso Deus. O coração é o lugar do dinamismo e crescimento. Os  mistérios crescem no mais profundo do seu coração, chegando aos pés  do autor da vida – Deus. 
O coração habitado pelo amor torna-se canal de amor e verdade.  No coração humano, está a sede de ser feliz, sede de Deus. É no  coração que se encontra a fonte do desejo. Gozo e prazer fazem parte  de nossa vida. Perdoar, de coração, gera prazer. A felicidade é  alcançada pelo amor. A busca do amor e da justiça traz felicidade,  apesar das circunstâncias. Isto tem a ver com a consciência das  pessoas, pois, muitas pessoas que, apesar das turbulências da vida,  mantêm a alegria e a paz. 
Muitas vezes, estamos presos entre a bondade e o egoísmo,  coração endurecido, fechado, se afastando das pessoas e perdendo a  luz que vem de Deus. Depois de sua confissão na igreja de Santo  Agostinho, Irmão Carlos mudou sua vida radicalmente. Sentiu  necessidade de voltar a Jesus – ao Evangelho. 
Partilha em Fraternidades: 
A lei e os mandamentos. Como estou buscando o amor e a justiça? 
Quinta Meditação: Amar e servir a Deus com um coração indiviso.
Já no início desta meditação, com algumas perguntas, Pe. Carlos,  convidou os participantes a fazerem uma profunda reflexão sobre si  mesmos. Dizendo que Deus nos criou com qualidades e que nos ama  do jeito que nós somos. E que precisamos trabalhar todos os dias os  nossos defeitos. Aprendemos a primeira lição que somos um ser de  “auto superação”. Outra característica que nos ajuda a lidar com  maturidade e responsabilidade em nossas escolhas é a dimensão da  alteridade. Estamos inseridos no mundo, e se quisermos fugir ao  pecado é importante usar alguns métodos como: a “ascese” que será  um trabalho para a vida toda; “conhecendo a si mesmo” maiores serão as chances de agirmos com liberdade e nos realizarmos  existencialmente. 
Além disso, o retiro anual da fraternidade ajudará os irmãos (as)  da Fraternidade a encontrar a “busca do equilíbrio” como foi a vida do  irmão Carlos que foi um homem bem resolvido consigo mesmo. 
Outro método importante para o itinerário da Fraternidade é a  oração e a revisão de vida. Quais são as minhas qualidades e meus  defeitos? O que gosto e que não gosto em mim? Como está a minha  secularidade? 
Quantas pessoas, em função de seus desequilíbrios serviram ou  servem de escândalo na Igreja, provocando desânimo e descrédito na  Instituição. Somos sujeitos a mudanças. Vivo neste tempo, nesta  sociedade. Somos ávidos em nossos desejos. Quando realizamos um,  desperta-se outro. 
Quero viver e quero que o outro também viva. Eu preciso do  outro, do meu próximo, do que está ao meu lado. Não posso viver  sozinho. Em nossa sociedade, (mudança de época) os valores  fundamentais estão sendo descartados. Há uma busca da  superficialidade, artificialidade: plásticas, cosméticos como se isto nos  fizesse viver eternamente. Perdem-se os valores que dão sentido à vida.  Há uma dissociação das coisas religiosas e a vida. 
As pessoas querem viver isoladamente e, assim, se tornam  vazias. Aparência de felicidade. Só aparência. Como nós, que vivemos  a espiritualidade do Ir. Carlos, podemos viver os valores,  testemunhando esta verdade em um mundo que apresenta o contrário? 
Buscar o crescimento espiritual, estar mais perto de Deus, mas  somos fracos por termos um corpo que sente as dores e o cansaço.  Exercitar o infinito desejo de buscar a Deus com infinita confiança.  Somos humanos, cheios de energia, impulsos e imperfeições. 
Para vivermos a santidade, devemos canalizar nossas energias  buscando seguir os ensinamentos de Jesus. 
Cada boa ação, cada atitude do bem pode nos fazer sóbrios na  busca da paz interior, busca que deve durar toda uma vida. Aceitar-se,  amar-se como se é, Deus nos ama como somos. 
Ele nos deu tudo para sabermos escolher entre o bem e o mal,  escolher a liberdade e ser responsável por nossas escolhas. Obedecer e  culpar os outros é fácil, difícil é agir com reponsabilidade. Durante a caminhada, não se iludir, mas colocar-se nas mãos de Deus, na  simplicidade e humildade, fazendo a vontade do Pai.  O maligno é real. Basta abrandarmos nossa vigilância para ele  nos destruir. Situações que parecem normais, vamos aceitando. Falar  mal, grosserias, julgamentos. Não é bom estar trancados dentro de nós  mesmos. Precisamos estar com o outro e manter o equilíbrio. Dependendo do que escolhemos como alimento, assim será a  nossa vida. A cada ano, devemos tomar mais distância da correria do  dia a dia para viver mais a profunda espiritualidade. 
Jesus amava as pessoas, por isso as cativava. Ele participava da  vida das crianças, das mulheres e de todos os seus. Estava sempre  próximo das pessoas e, à noite, rezava. Encontrava-se na rua com a  multidão e a sós na oração. Fazer o bem, independente das  circunstâncias. Ninguém nasce pronto. Dificuldades existem, mas  através delas podemos encontrar o caminho. 
Devemos buscar o mínimo de estrutura e o máximo de vida. O  Papa Francisco diz não a qualquer tipo de clericalismo. A Igreja  precisa de união e não de solista longe do povo. Ser como o Bom  Pastor, pobre de bens e rico de relações. Buscar a humildade.  Reconhecer-se pecador. Colocar o coração inteiro, indiviso, só para  Deus. 
Sexta Meditação: Irmão Carlos e a importância da oração 
O pregador Padre Carlos sublinhou os verdadeiros impulsos para  uma vida de oração, dizendo que nunca haverá uma pessoa santa, sem  uma vida de oração. É preciso diferenciar o que é oração daquilo que  parece ser oração. Ao longo do dia é necessário estar na presença de  Deus, pois não haverá nenhum valor se não for para nos conduzir a um  encontro pessoal com Ele. Não podemos nos dispersar na oração, por  meio dela entendemos que a iniciativa é sempre de Deus, mas a  resposta cabe a cada um de nós. 
Temos o exemplo do irmão Carlos que viveu “o silêncio e a  oração” procurando o mistério de Deus. Existem três maneiras de  contemplar a Deus segundo as obras espirituais do irmão Carlos: 1.  Contemplar Deus em si mesmo; 2. Contemplar Nosso Senhor na Santa  Eucaristia; 3. Contemplá-lo nos mistérios da vida. Ainda o padre  Foucauld apresenta a importância da oração porque: 1. Nosso Senhor pediu para rezar. 2. Ele nos deu exemplo da necessidade do amor. 3. É  importante amar e receber do amado. 
Tenham confiança: Eu venci o mundo. Oração, exercício  espiritual contemplando o nosso Deus. Os exercícios espirituais  orientam nossa vida no meio do mundo, reforçando as exigências da  caridade. Adequar o tempo de oração, orientando a vida contemplativa.  Rezar sempre. As fórmulas decoradas, conhecidas não são  propriamente oração, mas meios que nos despertam para a oração.  Muitas vezes, esquece-se o essencial e se pratica todo tipo de devoção. 
Pode até existir pessoa santa em suas devoções, se fizer a vontade  de Deus. Buscar descobrir a distinção entre o que parece oração e o  que realmente é oração. Vejamos a oração Sacerdotal, a oração de  Isabel. A oração deve ser feita ao longo do dia, levando-nos à presença  de Deus. Os exercícios espirituais fazem-nos crescer na caminhada  para Deus. 
Há orientações que se transformam em regras pesadas que não  nos conduzem ao encontro pessoal com Deus. Muitas vezes, a agenda  cheia impede-nos de viver a oração, ser solidário. É importante atender  o irmão que precisa, mesmo que seja na hora da nossa oração. 
Ninguém é dono de Deus. Todos estamos a caminho da  santidade. Erramos e precisamos ser humildes. 
Cumprir formalismos apenas para dizer que se cumpriu não leva  a nada. O encontro com Deus vai muito além de formalidades é ser  verdadeiro consigo mesmo e não querer ser mais do que realmente se  é. 
Viver a simplicidade e ser verdadeiro ao ler o Evangelho,  buscando nele os seus frutos. Não pensar que tudo está muito bem ou  mal, pois cada dia possui suas tristezas e alegrias. Nunca julgue a si e  aos outros pelos exercícios espirituais que praticam, confie em Deus e  coloque-se em suas mãos. Quanto mais você progredir espiritualmente,  na presença de Deus, sentindo-se inundado por Deus já não precisará  tanto dos exercícios espirituais. 
Missa e oração devem fazer parte de nossa vida. Oração que sai  do coração e chega ao coração. Silêncio e oração. A oração exige  silêncio e o silêncio só tem sentido quando gera oração. Contemplar a  Deus em si mesmo, na Eucaristia e nos mistérios de sua vida. Ele se  encarnou na vida humana para ser o nosso caminho e a nossa força.  Pai, coloco minha vida em suas mãos. 
Quando nossa oração não for atendida, pode ser porque não  soubemos pedir ou porque aquilo que pedimos não nos fará bem e,  pode ser ainda, que receberemos coisa melhor do que pedimos. Não ter  medo de pedir. Pedir sempre. O coração de quem ama sente alegria de  atender o pedido. O silêncio é nossa oração. Deus nos fala no silêncio.  Deus amoroso que desceu do céu até nós para trazer-nos vida. Rezar é  estar com Deus. Jesus salvou e salva a todos que querem estar com Ele. 
A liturgia é o coração da Fraternidade e deve ser cuidadosamente  preparada pois é na simplicidade que o Cristo aparece. O cristão deve  estar alegre, pois, o noivo vai chegar e rezar o Ofício que é composto  por textos inspirados adquire um caráter temporal, trabalhar e rezar  durante o dia. 
Orar só para cumprir preceito não tem sentido. Não julguemos  para não sermos julgados. Minha oração tem me transformado? 
Sétima Meditação: Ascese e rebaixamento- imitação de Jesus. 
Quem quiser viver o caminho do Irmão Carlos deve ter um  coração parecido com o de Jesus e não esperar vida cômoda e  confortável. Isto é um exercício que fará a pessoa mais forte e  purificada até restar somente o essencial, numa vida simples, às vezes,  dura, trabalhando com suas próprias mãos em diferentes tipos de  atividades, de acordo com suas aptidões. 
São muitos os trabalhos manuais, mesmo as pessoas debilitadas  conseguem descobrir o que lhe é possível executar. 
Muitas vezes cansados, inseguros, desanimados, contra isto  devemos buscar energia para sofrer por amor de Cristo. Manter o  coração silencioso e no desejo de paz, com Maria, agir sempre em  favor da paz. Não gastar o coração com coisas que não levam a nada,  que nos fazem perder o equilíbrio. Devemos voltar ao fundamental, ao  Bem Amado, desapegar, virar a página, buscar os últimos lugares onde  as pessoas estão marginalizadas. Deixar de fazer o bem por preguiça,  buscar o caminho da porta larga não devem ser práticas de um cristão. 
Quando nos vem a noite escura, guardemos em nosso coração  o sofrimento de Jesus. Ajoelhemo-nos, prostrando diante de Deus,  vivendo o amor. Há momentos que somos chamados a buscar mais  intensamente a misericórdia. 
Enquanto buscamos satisfazer nossos próprios desejos, não  deixamos lugar para o verdadeiro bem que é Deus, pois endurecendo  o coração, perde-se o sentido da vida. 
Ir. Carlos procurou viver intensamente o rebaixamento de  Jesus, amando sem máscara, rebaixando-se, esvaziando-se e dispondo se a abrir a porta para Deus.
Irmão Carlos, cada vez que percebia que não estava vivendo  em conformidade com o Cristo, parava e voltava para refazer o  caminho, vivendo o despojamento em Nazaré e a Intimidade com a  Eucaristia. 
O mundo de hoje deixa-nos inquietos, pois ele está doente. Para  socorrê-lo precisamos aprender a misericórdia, aliviar o sofrimento das  pessoas, Deixar-nos conduzir pelo Espírito e encontrar o campo de  trabalho, escutando a voz de Deus e dialogando com Ele e com o  mundo. 
Somente poderemos revelar as vísceras de Deus se nos deixarmos abraçar pelo Pai e estabelecermos relações solidarias  aqueles que acolhemos, pois toda ação solidária e até mesmo um aperto  de mão promovem o início de uma nova vida para quem é acolhido. 
Para o Irmão Carlos, o grande exemplo a ser seguido é Jesus. Com Ele nos tornamos homens e mulheres de misericórdia, sentindo  as alegrias, sofrimentos e esperança que move as pessoas. Confiar nas  pessoas e promovê-las motivados pelo amor é a medida para imitar  Jesus e trazer-lhes a salvação. Quem quiser ser meu discípulo renuncie  a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Na minha caminhada, esforço me para descer aos porões da humanidade? 
Oitava Meditação: Viver a pobreza
A pobreza material e espiritual, o despojamento e a vida bem  aventurada são fontes de luz, de inspiração e libertação para muitos  santos, pois quem em Deus confia não precisa de mais nada. Pobreza. 
Santo Oscar Romero viveu uma vida bem aventurada  assumindo as causas e a sina dos pobres. Devemos abraçar a humildade e a pobreza, sempre procurando o último dos últimos lugares, como  fez Jesus cuja pobreza se deu plenamente em sua entrega na cruz. 
Há que se distinguir ser pobre e miserável. Miseráveis são os  pobres que trabalham e não ganham o suficiente para sobreviverem,  enquanto que pobres são os que trabalham com carteira assinada, mas  não têm nenhuma possibilidade de progredir na vida. Pobres  assalariados possuem casa própria, mas, ainda assim, vivem na  pobreza que é suportável, mas não desejável. Os pobres da classe  média têm bom trabalho, casa e bens de consumo, mas se lhe faltar  trabalho, perdem tudo. Existe a pobreza miserável de quem possui  muito dinheiro e bens, mas lhes falta tudo, são egoístas, mas o apego de alguns aos seus milhões não é pior que o apego ao pouco que se  tem. 
Irmão Carlos escolheu viver a pobreza material esvaziando-se  constantemente para encher-se do Cristo, ensinando-nos que o serviço  aos pobres é essencial, mas não o suficiente, pois mesmo que todos  tenham sua cota de pão, ainda falta algo que é o voltar a Nazaré. Qual  o meu discurso sobre os pobres? O que tenho feito por eles? 
Nona Meditação: A importância de Maria para o Irmão Carlos
Mulher, eis aí o teu filho, filho, eis tua mãe. Neste instante,  todos nós, seus filhos, como crianças, para sermos cuidados pela mãe  que ama infinitamente, carinhosa que não deixa de atender seus filhos.  Tenhamos confiança em Maria e não tenhamos medo de seguir seus  exemplos. 
Há muitas devoções que são criadas para conquistar um certo  grupo de pessoas, muitas vezes, para estar na moda, sem um real  sentido, deixando de lado um relacionamento de confiança filial,  mesmo tendo Maria como padroeira. 
No silêncio da visitação Maria é nosso modelo, com Maria  temos pressa de levar Jesus aos irmãos. A fé de Maria leva Jesus em  seu corpo assim também nós, se tivermos fé podemos portar Jesus  conosco, pois somos sacrários vivos de Jesus. Ele está conosco, alimenta toda a nossa alma e o nosso ser e na visitação revela-se o amor  de Cristo que vive em nós. 
Maria com o Filho no ventre foi à casa da prima santificar João  Batista e as duas crianças se comunicaram, ensinando-nos que levar  Jesus consigo é uma forma de santificar. Santificar silenciosamente os  povos assim como Jesus fez nos 30 anos de vida “oculta”, irradiando  luz e força. Ensina-nos, ó Maria a viajar vivendo só para Jesus como a  senhora o fez, sem se distrair, sem “gastar” tempo com o que não é  essencial. As pessoas estão cada vez mais particularizadas, mas não  nascemos para ser nó, mas para sermos nós. 
Jesus e Maria oferecem-nos o aconchego, apontando-nos o  caminho, como nos pede o Papa Francisco que acolhamos o mistério  de Maria com os olhos cheios de graça refletindo Jesus. Olhar materno  que ajuda a crescer na fé, vendo nos outros que pensam diferentes de  nós não um inimigo, mas um irmão o qual podemos abraçar. 
O Senhor não nos reconhece pelos nossos títulos e não se  importa se merecemos ou não seu amor. Simplesmente nos ama. Maria  atravessou a porta estreita que é Jesus participando do seu sofrimento  e também do nosso, reunindo no seu Filho os filhos. Um cristão sem  Maria é órfão, o também é órfão aquele que não vive a Igreja. 
Maria, ensina-nos a viver o teu sim.
Decima Meditação: Meios da fraternidade 
Na celebração do encerramento do retiro, presidida pelo  pregador Padre Carlos, após a homilia, foi realizada a renovação da  consagração da Fátima, no Instituto Secular Jesus Caritas. Foi um  momento de grande alegria e emoção tanto para a Fátima, que renovou  seus votos de castidade, pobreza e obediência e principalmente  reafirmando seu compromisso de seguir os passos de humildade e  despojamento do irmão Carlos em sua vida, como para todos nós que  pudemos celebrar com ela este momento tão importante. (em anexo, nas páginas 48 e 49 está o texto que ela professou e a orientação que a  Maria Concilda (responsável fez). 
O término da celebração eucarística, também foi marcado com  muita emoção e gratidão pela despedida do Padre Jaime Jongmans, que  ao longo de tantos anos, dedicou-se intensamente aos trabalhos  pastorais, sociais e espirituais, tanto na vida da Igreja no Brasil como  na Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas. Os membros da Fraternidade  fizeram uma linda homenagem e se comprometeram a estarem unidos  em oração e na amizade. Padre Jaime é padre fidei donum e estará  retornando, neste ano, para seu país de origem: a Bélgica, para servir  aquele povo com grande expectativa e alegria. 
O importante deve ser a alegria do encontro, parar uma vez por  mês, fazer uma revisão de vida, dia de meditação profunda, viver a  fraternidade, estar disponível, ser presença, gerando confiança e fazer  acontecer a fraternidade. Cada um deve assumir o compromisso de  rezar, a seu modo, direto com Deus, mas seguir também os meios da  Fraternidade de Charles de Foucauld. 
Colaboração: Pe Renan Takizawa, Conceição Calderano, Pe  Edivaldo Santos (Didi), Pe Nelito Dornelas e Magda Melo.
 

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