3ª MEDITAÇÃO: A ORAÇÃO
Optamos pelos
pobres e somos amigos deles na perspectiva da promessa que Deus fe4z a Abraão e
à sua descendência.
Mas o centro de
nossa vida é nossa relação de amizade com Jesus. Charles de Foucauld não ensina
um método de oração, mas testemunha uma vida de oração. “Rezar é pensar em
Deus, amando-o”. Na mentalidade formalista e legalista que caracterizava sua época,
ele é renovador. Rompe os esquema estereotipados e rotineiros. “Rezar é
frequentar Jesus.” Quem está interessado na relação com Jesus deve procurar
todos os caminhos que levam à amizade profunda com Ele.
A amizade com Jesus
é pessoal, personalizante, libertadora. “Não temais od que matam o corpo. Temei
antes os que podem jogar o corpo e a alma na geena”. Não se trata apenas de
pecado mortal, mas da renúncia da personalidade, da liberdade. Certos modelos
de vida religiosa esmeram-se em oferecer comodidades física: casa, comida,
estudo, conforto, lazer. Porém, com uma condição: que a pessoa renuncie à sua
liberdade para ser subserviente aos interesses da congregação. Sem a
possibilidade de crescer livremente, muitos se tornam frustrados, infelizes, infantis
a vida inteira. A Igreja precisa de pessoas adultas, criativas, inovadoras.
Cristo pede nossa
vida. Quem sabe, até o martírio. Porém, sem jamais bloquear a liberdade, sem destruir
o centro da personalidade.
Paulo, que foi
escrevo da lei, compreendeu como ninguém a liberdade que advém do seguimento de
Jesus. “É para que sejamos livres que Cristo nos libertou. Na medida em que o
homem exterior decai, vai perdendo os pedaços, o homem interior rejuvenesce,
até atingir a maturidade de Cristo”.
Cristo pode nos
pedir muita luta, vida dura, sacrifícios, mas se meu seguimento for autêntico,
jamais desembocará na frustração; pelo contrário, no final do caminho, cada um
poderá dizer agradecido: “Confesso que vivi”.
A oração é caminho
de realização personalizante. oração que exige tempo, continuidade, fidelidade,
Nada mais escandaloso e equivocado que dizer: “tudo é oração”. As atividades,
por mais importantes e inadiáveis que pareçam, jamais justificam o afastamento
da oração. Diante do amigo, a gente não temais programa. A amizade com Jesus se
torna fraca e frágil quando qualquer atividade me faz passar um dia sem um
tempo prolongado de oração.
Quem frequenta
Jesus na oração manifesta em sua vida os frutos do Espírito: liberdade, amor, “laetitia”:
alegria de viver.
Na Igreja há
pessoas cronologicamente adultas, mas espiritualmente infantis. Liberdade não
se compra na farmácia, nem se conquista intelectualmente.
Liberdade ou medo:
não há outra alternativa: ou crescemos na liberdade, ou definhamos no medo.
Hoje, a Igreja
hierárquica impõe a volta à disciplina por causa da insegurança, da incerteza,
do medo. João XXIII abriu as portas da Igreja porque era livre, espiritualmente
maduro. Em pouco tempo provocou uma
verdadeira primavera na Igreja.
“Onde está o Espírito
do Senhor, aí está a liberdade. Esta liberdade só se conquista frequentando
Jesus na oração. A oração desemboca no dom da liberdade que se reveste de amor,
alegria, contemporaneidade (aggiornamento!). Uma relação pessoal de amizade não
morre nunca, enquanto que a lei enrijece e qualquer teologia envelhece. A
teologia de Ratzinger passou e ficou apegado a ela. Por isso, onde passa ele
espalha a tristeza. É o inverno que se abateu sobre a Igreja.
Mais do que nunca
precisamos recuperar profeticamente, através da oração, os frutos do Espírito
indispensáveis para a vida e a missão da Igreja de todos os tempos: a liberdade,
o amor e a alegria! (Arturo Paoli, boletim nº 80 da Fraternidade Sacerdotal,
publicado em março de 1990).