Charles de Foucauld e as POM na missão de 'gritar o Evangelho com a vida'
Andressa Collet e Silvonei José - Vatican News
O coordenador das Pontifícias Obras Missionárias do Continente Americano e diretor nacional das POM no Brasil, tem propriedade em fazer a conexão entre o carisma das POM e o testemunho de Charles de Foucauld, que será canonizado no domingo (15): um tipo de missão que desperta a consciência dos jovens para conhecer e seguir Jesus, numa linguagem viva. Afinal, "a palavra acompanhada do testemunho fala muito mais do que só palavra”, afirma Pe. Maurício Jardim.
O domingo, 15 de maio, será de programação especial no Vaticano para a canonização de 10 Beatos, entre eles, Charles de Foucauld. O Papa Francisco vai presidir a celebração eucarística e o rito de canonização a partir das 10h na Itália, 5h no horário de Brasília, com transmissão ao vivo do Vatican News, direto do Sagrado da Basílica de São Pedro, com comentários em português. Presente na ocasião, o Padre Maurício Jardim, coordenador das Pontifícias Obras Missionárias (POM) do Continente Americano e também diretor nacional das POM no Brasil.
O estilo de vida simples
Na Itália, o brasileiro também estará representando a Fraternidade Sacerdotal Jesus Caritas, um dos pequenos grupos que se reúnem no país para oração, para o deserto, para revisão de vida e para ajudar os irmãos presbíteros a cuidarem de si. O Pe. Maurício conta em entrevista a Silvonei José, do Vatican News, que conheceu a história de Charles de Foucauld ainda quando era seminarista, em 1999, e desde então se nutriu dessa espiritualidade, chamada de 'espiritualidade de Nazaré', ou seja, do cotidiano e da vida simples. E o Pe. Maurício acrescenta:
"O irmão Carlos dizia 'gritar o Evangelho com a vida'. As pessoas de hoje querem ver testemunhas com a vida, não só discursos, palavras, conferências; mas querem ver uma fé na prática. E o irmão Carlos viveu esse caminho, queria imitar Jesus nos caminhos de Nazaré e, por isso, ele foi morar e ser jardineiro das Irmãs Clarissas em Nazaré. Elas aconselharam o irmão Carlos a ser padre e fundar uma fraternidade de padres. E ele é atual pelo estilo de vida simples, aquilo que o Papa Francisco quer da Igreja hoje: uma Igreja missionária, despojada, pobre para os pobres, está bem de acordo. Inclusive o Papa tem citado muito Charles de Foucauld no final da Laudato si': ele faz uma belíssima citação do irmão Carlos, falando desse gritar o Evangelho com a vida - uma fé na prática."
A espiritualidade do deserto
O sacerdote diocesano francês, o irmão Carlos, como chama o Pe. Maurício, que será canonizado no domingo (15), viveu em missão Ad Gentes entre os tuaregues na França, viveu 'a espiritualidade do deserto':
"O irmão Carlos foi também monge trapista e aprendeu dos trapistas o silêncio, o deserto, uma espiritualidade da escuta e o tipo de missão, o tipo de apostolado dele é muito atual: quando hoje a gente fala de missão Ad Gentes, que é o carisma das Pontifícias Obras Missionárias, despertar a consciência missionária universal, eu lembro muito do irmão Charles de Foucauld porque é um tipo de missão pela presença, pela amizade, pela proximidade com aquele povo tuaregue. Ele não batizou ninguém lá entre os tuaregues, mas pelo testemunho de vida, eles começaram a despertar um desejo de conhecer também Jesus e seguir o Jesus que ele seguia. Um Jesus despojado, próximo das pessoas."
“Um testemunho que fala: um tipo de linguagem e de comunicação que o irmão Carlos trouxe para aquele povo tuaregue pela presença, pelo testemunho de vida hoje tão atual. A palavra acompanhada do testemunho fala muito mais do que só palavra.”