segunda-feira, 6 de abril de 2015

A IGREJA EM SAÍDA


A Igreja Em Saída

“A primeira motivação para evangelizar é o amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por ele que nos impele a amá-Lo cada vez mais”, Papa Francisco (EG, n. 264).

O Papa Francisco chama todos os batizados a uma conversão missionária. O mandato missionário recebido de Jesus Cristo (cf. Mt 28,19-20) pede uma Igreja em saída para testemunhar a alegria do evangelho, da vida em Jesus Cristo. Diz o Papa: “Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro”; e ainda: “Mais do que temor de falhar, espero que nos mova o medo de nos encerrarmos nas estruturas que nos dão uma falsa proteção” (1).

Quando esteve no Rio de Janeiro, a partir da imagem dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-15), falou sobre que atitude espera da Igreja em relação às pessoas que experimentam desorientação e um vazio interior na sociedade, até em decorrência de decepções religiosas. São provocações desafiadoras:

§ Uma Igreja que não tenha medo de entrar na noite deles;

§ Uma Igreja capaz de encontrá-los no seu caminho;

§ Uma Igreja capaz de inserir-se na sua conversa;

§ Uma Igreja que saiba dialogar com aqueles que vagam sem meta, com desencanto, desilusão, até mesmo do cristianismo;

§ Uma Igreja capaz de acompanhar o regresso a Jerusalém (2).

Nasceu em Saída

“Católica significa universal. (...) Se a Igreja nasceu Católica, quer dizer que nasceu “em saída”, que nasceu missionária. Se os apóstolos tivessem permanecido ali no Cenáculo, sem sair para anunciar o Evangelho, a Igreja seria apenas daquele povo, daquela cidade, daquele Cenáculo. Mas todos saíram pelo mundo afora, desde o instante do nascimento da Igreja, da descida do Espirito Santo sobre eles. Por isso a Igreja nasceu “em saída”, ou seja, missionaria. É isto que dizemos quando a qualificamos como apostólica, porque o apóstolo é quem anuncia a Boa Nova da ressurreição de Jesus. (...) É precisamente o Espírito que nos leva ao encontro dos irmãos, até daqueles mais distantes em todos os sentidos, para que possam compartilhar conosco o amor, a paz e a alegria que o Senhor ressuscitado nos concedeu”, afirma o Papa Francisco (3).

Evangelização Integral

São Vicente de Paulo, quando falava de evangelização com palavra e com obra, falava da necessidade de uma evangelização integral por meio do testemunho, da proclamação da palavra de Deus e da promoção humana.“São Vicente de Paulo estava convencido de que dizemos e o que fazemos devem reforçar-se mutuamente. O testemunho autentica as palavras. O que dizemos tem crédito se nossas ações assim o mostrarem. Em outras palavras, São Vicente de Paulo vê o testemunho, o serviço, a pregação e o ensinamento como complementos um do outro, mostrando a integralidade da evangelização” (4). 

O Papa Paulo VI dizia que “na libertação que a evangelização anuncia e se esforça por atuar, é necessário dizer antes o seguinte: ela não pode ser limitada à simples e restrita dimensão econômica, política, social, e cultural: mas deve ter em vista a pessoa humana como um todo, integralmente, com todas as suas dimensões, incluindo a sua abertura para o absoluto, mesmo o absoluto de Deus.” (5).

Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “ser-me-eis testemunhas... até aos confins da terra” (At 1,8). Estas foram às últimas palavras que falou aos seus discípulos antes de deixá-los. São Pedro Apóstolo fala dessa missão em termos bastante elevados: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pd 2,9).

Mediante o testemunho de suas vidas, e não só de suas palavras, os cristãos deveriam apresentar o Senhor Jesus aos homens. Muito mais que ‘doutrinas’, ‘liturgias’, ‘estruturas’ deveriam manifestar em todo tempo o Cristo vivo que habita neles. Esse é o verdadeiro cristianismo em ação missionária.

A Igreja em saída é uma Igreja que tem em seus evangelizadores e missionários o autêntico testemunho de discípulos apaixonados por Jesus Cristo e ferramentas eficazes de proclamar a Boa Nova do reino de Deus de forma dinâmica, renovada e avivada!


Pe. Inácio José do Vale
Professor de Historia da Igreja
Instituto de Teologia Bento XVI
Sociólogo em Ciência da Religião

Notas:

(1)              Exortação ApostólicaEvangeliiGaudium, n.49.
(2)              Conferência Nacional dos Bispos do Brasil / Campanha da Fraternidade 2015: Texto-Base. Brasília, Edições CNBB, 2015, p. 73.
(3)              Papa Francisco, Audiência Geral 17/09/2014.
(4)              Maloney Robert, in. Sementes de Esperança – histórias de Mudanças de Estruturas, Coleção Vicentina, n° 31, 2009, p. 23.

(5)              Paulo VI, Exortação Apostólica – EvangeliiNuntiandi, A Evangelização no mundo contemporâneo, n. 33.