segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

TONY PHILPOT- 3- IRMÃO UNIVERSAL

Como padre, eu ofereço o Cristo Vivo ao Pai. Fui ordenado para isso. É a oferenda de todo o povo, não apenas a minha. Fui ordenado para ficar entre o céu e a terra; quando eu falo
em terra, quero abranger todo o gênero humano. Eu falo em nome deles todos.
Por causa disso, o padre tem um laço forte com o irmão ou a irmã que está na loja, no ponto de ônibus, no bar, ou no parque; eles não o sabem, mas o padre foi designado para ser o embaixador deles. Esta solidariedade, o padre deve manifestá-la pelo afeto, pelo carinho, pelo amor fraterno. Já que é fácil sentir-se alheio a alguém porque fala outra língua ou pertence a outra classe social, ou recebeu outro tipo de educação, é mais fácil ainda ter preconceitos em relação a pessoas que têm outra cor de pele ou que, segundo as estatísticas da polícia, cometem delitos.
Houve, nos últimos cinquenta anos, muito movimento populacional, em toda parte do mundo. Houve refugiados por causa de guerras: houve gente buscando trabalho no exterior por não achar trabalho no próprio país. Houve famílias separadas procurando voltarem a conviver. Os governos tentaram limitar as migrações, mas com pouco resultado. Em toda parte, hoje, há movimentos de população: na Somália para o Quênia, do Afeganistão para a Inglaterra, do México para os Estados Unidos, da Líbia para a Sicília e Malta, da Indonésia para a Austrália... Muitos migrantes, nos países que os acolhem são explorados e vivem em condições sub-humanas, sendo desprezados com salários baixos, prestando serviços que nenhum nativo quer prestar. O comportamento do padre deve ser diferente!
Carlos de Foucauld dizia: “Quero ser um irmão universal”. Queria encontrar-se com árabes e tuaregues, não como oficial do exército ou representante do poder colonial, mas como um irmão de igual para igual. Temos algo a aprender dele. Ao encontrar-me com um estrangeiro, eu me encontro com um ser humano semelhante a mim, que precisa de amizade e amparo. O mandamento evangélico de amar ao próximo não admite nenhuma exceção. O dever da caridade ultrapassa os outros deveres.
Na prática isso significa, para o padre, ter capacidade de sorrir e de acolher; pode significar também querer aprender outra língua, com  humildade, aceitando a dificuldade do aprendizado. Muitas vezes, para quem procura viver de um jeito simples, é preciso ficar consciente que não dá para ajudar todo mundo e realizar um número ilimitado de atos de caridade, mas uma ajuda ocasional sempre é possível, querendo ser irmão. Lembre-se que, na noite de Natal, Jesus tornou-se o irmão Universal e que o padre não pode deixar de imitá-lo.

TONY PHILPOT, INTRODUÇÃO AO DIRETÓRIO DE 2012