segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

TONY PHILPOT- 6- A ADORAÇÃO

No momento da ordenação presbiteral, o bispo impõe as mãos sobre o novo padre, pedindo ao Espírito Santo de torná-lo capaz de celebrar o mistério da Eucaristia. A Eucaristia é a verdade de Deus fazendo a sua morada no meio dos homens, é o dom de si de Jesus ao Pai,
movido pelo amor para conosco, é nosso Senhor, o Bom Pastor, que nos alimenta com o Pão da Vida. A Eucaristia é o jeito pelo qual Deus nos chama a formar juntos um só corpo: o Corpo de Cristo. A Eucaristia é tudo isso e muito mais ainda. Não é um simples “serviço” prestado, ela é a revelação contínua do Mistério.
Quando padres novos, começamos a celebrar a missa com nossos paroquianos e era-nos impossível guardar conscientemente todas estas considerações em nossa mente. Após muitos anos, o desenrolar da celebração tendo ficado rotineiro, começamos a pensar mais nas implicações daquilo que estávamos celebrando. Apesar de nossa indignidade, estamos trazendo Deus à terra. Após a comunhão, fechamos o sacrário e ficamos com a chave.  É como se nós prendêssemos nosso Senhor na vida dos fiéis, colocando-O onde eles podem encontrá-lo a qualquer hora do dia. Aos poucos, tomamos consciência de que Ele deve ser o centro de nossa vida. Precisamos desse dom para nós mesmos, de uma maneira urgente e contínua. Precisamos dele, Jesus, se não quisermos funcionar apenas de maneira superficial.
A adoração ao Santíssimo Sacramento, sendo exposto ou presente no sacrário, dá vida à nossa vida de padres. Significa que nós vivemos o Mistério que celebramos, que não agimos apenas para a edificação dos fiéis. Na hóstia sagrada nós reconhecemos o Senhor como São João o reconheceu após a Ressurreição, à beira do mar.
Charles de Foucauld construiu toda vida dele em redor da Adoração. Em qualquer lugar onde ele morava, organizava o seu espaço e seu tempo para poder ajoelhar-se diante de nosso Senhor e se entregar a Ele com amor e simplicidade. Os membros da Fraternidade Sacerdotal fazem o mesmo. Quando se encontram na reunião mensal, ficam uma hora em silêncio diante do Santíssimo Sacramento. Diariamente também, em qualquer momento do dia, nós introduzimos este elemento vital: estar presente junto d’Ele, para que Ele esteja presente junto de nós. Não é preciso formular uma oração. Trata-se, muitas vezes, do movimento do coração, como acontece quando nós desejamos alguém ou que os damos conta quanto ele fez falta para nós. Às vezes, temos um “feixe” de sentimentos e experiências a Lhe apresentar. Outras vezes, podemos apenas, com toda a simplicidade do coração, estar presente.
Esse momento de adoração sempre dá a cor ao resto do dia, porque nós sabemos para quem nós vivemos e da graça de quem nós dependemos. Jesus é o nosso exemplo. Desejamos, como Ele, viver com misericórdia, com paciência, amando o Pai com coragem, sabedoria e dom de si. Parece uma tarefa difícil mas, vivendo este tempo de contato íntimo com Ele, o impossível torna-se possível e nossas vidas são transformadas.

TONY PHILPOT- INTRODUÇÃO AO DIRETÓRIO DE 2012