quinta-feira, 28 de setembro de 2017

FM-10- OS IRMÃOZINHOS DE JESUS



TERCEIRA PARTE: O IDEAL DAS FRATERNIDADES – 1º CAPÍTULO: IRMÃOZINHOS DE JESUS

(Escrita em El -Abiodh-Sidi-Cheikh, 07/02/1948)



“Desejaria ajudá-lo, Irmãozinho de Jesus, a realizar aquilo que seu nome encerra de verdade sobre sua vida e aquilo a que ele o obriga”.

O Pe. De Foucauld muito amou esse nome, porque exprime o ideal que enchia o seu coração.

Queremos ser Irmão de Jesus por meio de toda a nossa vida. Não nos demos a um ideal, nem a uma perfeição, mas a uma Pessoa bem viva, a um Deus, que é nosso irmão, porque é homem também. “O Cristo Jesus resume para nós toda a razão de ser de nossa vida”.,

Nossa finalidade essencial é “aprender a viver no meio do mundo uma amizade total e verdadeira por Jesus. É ele que é amado antes de tudo, é por ele que trabalhamos,(...) penamos e sofremos”. É para atendermos ao chamado de Seu Amor que queremos ficar horas a Seus pés para amá-lo como nosso Deus, amigo e irmão, “como tão bem o soube fazer o Padre de Foucauld.

O primeiro esforço = encontro pessoal com Cristo, que não deixará que nos extraviemos. A ele entregamos nossa vida. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Em seguida= nossa vida deve tender a simplificar-se numa união com Jesus vivo na Eucaristia, Evangelho, nos irmãos. É por causa dele que nos daremos inteiramente às pessoas, principalmente às mais oprimidas, injustiçadas, suas preocupações, fadigas e trabalho. Jesus nos ama e O encontramos nelas.

Hoje são tantos os problemas simultâneos que se entranham em valores de todas as ordens, e esmagam as pessoas em suas fraquezas e limitações. O cristão se empenha por amor nessa gigantesca tarefa, ou seja, lutar para “fazer cessar a injustiça na terra e instaurar nela condições de vida não só humanas, mas também cristãs.”

Nessa tarefa não se pode “perder de vista Jesus, o Cristo, sem o qual, o mundo já não terá nenhum sentido.(...) A tentação é grande, até mesmo para o cristão e para o apóstolo, de já não ter mais tempo de olhar Jesus e de amá-lo por ele mesmo” (=gratuitamente).

Nosso papel é esse: ser o “olhar” da humanidade presente pousado em Jesus, ser uma presença permanente, delegado da multidão que esquece e portador diante dele de sua adoração, pedidos, queixas e faltas”. Onde você estiver, estará perto de Jesus”. Na procura obscura de seu amor, porque é Ele que é a única fonte de sua vida.

“O Padre de Foucauld ensina-nos a ir diretamente a Jesus, a viver por ele a simplicidade, com todo o nosso amor, depois de tê-lo encontrado no Evangelho”. Simplificar a nossa vida. Conduzir-nos ao essencial. Nunca houve a pretensão de que esta seria uma “nova espiritualidade”.

Apesar de simples, não é um caminho facilitado, nem contornável, no que se refere às exigências às vezes brutais do Evangelho. A impaciência do amor encurta o caminho tomado que sobe reto e leva, sem desvios, ao fim. Nisso ele é discípulo de S. Francisco de Assis, João da Cruz, Sta. Teresinha de Lisieux.

Há uma única maneira de amar e doar-se: a que conduz até o heroísmo do dom de si. Os meios necessários: método, exercícios, disciplina ascética, que sejam simples e apropriados para conseguir estabelecer em si o perfeito amor de Deus e de seus irmãos, trazendo tudo novamente ao essencial. Imitar Jesus, seu “bem-amado Irmão e Senhor”.

O Irmãozinho deve tomar o mesmo caminho do Ir. Carlos: seguir a Jesus generosa, paciente e às vezes heroicamente. Não vamos adquirir milagrosamente remédio para as nossas fraquezas e para as nossas lentidões, buscando outra espiritualidade ou multiplicando as leituras. Acabamos complicando tudo de medo de viver o Evangelho. “Continuemos a ser simples e, corajosamente, um Irmãozinho de Jesus. É unicamente por Ele e para Ele que devemos viver.


COMO DEVEMOS AMAR


“Não temos outra coisa a fazer, entre os seres humanos, que amá-los, não com um amor qualquer, mas com todo o amor que Deus tem por eles.” Nisso consiste nossa única e principal tarefa.

Libertar, purificar, aumentar nossa capacidade de amar e nossa ternura humana e entregá-las ao Amor misterioso de Cristo, para que ele nos permita, de fato, amar profundamente, realmente, todas as pessoas sem exceção e amar cada um dos que se aproximam de nós, pelo que eles são, por eles mesmos” (gratuitamente).

VOCÊ É PEQUENINO!

Bem pequenos somos, diante de tais exigências. Isso não nos deve esmagar, mas nos colocar nas forças de Jesus.

Radical incapacidade que se transforma num abandono de criança certo de ser atendido à custa de oração, desejo, perseverança e humildade. Tornar-se pequenino. Nada é impossível para Deus. Pequeninos também diante das pessoas.
Servidores inúteis que preferem ser tratados como tais. Nenhuma tarefa definida de apostolado ou de ministério, nenhum rendimento mensurável que engrandeça nossa vida!

Religiosos totalmente consagrados a Jesus, mas com aparência muitas vezes de não o sermos. Pobrezinho. Operário trabalhador como os outros. Tratado como os outros, em qualquer país ou região. Sempre no último lugar. Somos da classe dos pobres. Amar toda sua servidão e sofrimento.

Para que isso seja verdadeiro, o coração deve ser humilde, livre de todo amor próprio, entregue sem reserva ao amor do Crucificado. “É obra de toda uma vida, que precisa ser recomeçada cada manhã.”



“Descobrir Jesus, amar a Jesus, viver por Ele, ser literalmente devorado, sem descanso, por um grande desejo de amar a todos com a verdadeira ternura de um irmão, ter ambição de não ser na terra senão um pequenino, um pobre operário que ninguém conhece: Eis o que significa o seu nome, Irmãozinho de Jesus, e o que você deve, todos os dias, esforçar-se para realizar em sua vida,entregando-se num humilde e confiante abandono à ação do Espírito de Amor”. (El-Abiodh- Sidi- Cheikh, 07/02/1948)