5º CAPÍTULO DA 3ª PARTE:- A ASCESE DAS FRATERNIDADES.
“Irmãozinhos, a vida de vocês será difícil, e é por causa disso que será bela e grande se assim o quiserem. Será preciso não ver jamais nas dificuldades e nos obstáculos senão um apelo a srem mais fortes no amor e em superar a si mesmos.”
“Os trabalhos não devem ser medidos por nossa fraqueza, mas nossos esforços por nosso trabalho” (S. João da Cruz, citado por Ch. De Foucauld). A vida religiosa de vocês consistirá em realizar com risco, e por causa dele, um dom cada vez mais completo a Jesus: “Nas usinas, nos locais de trabalho, no mar, entre os árabes, entre os negros, entre os leprosos e em qualquer outro lugar”. Cansaço. Entreguem seus corações a Deus no impulso de uma fé sempre jovem. Barulho, movimento, grosserias, rodearão vocês, que deverão “conservar um coração silencioso e puro para a oração.”
“Serão submergidos pelos problemas mundiais que se agitam em volta de vocês nos jornais e nas ruas (...) Será preciso guardar no coração a única parixão de Cristo crucificado que sangra. Vocês se sentirão cansados, desencorajados, em certas horas, pelo peso do dia, pela doença, pela falta d trabalho, por um desentendimento com algum irmão e será preciso tudo suportar por amor a Jesus.
Dias sobrecarregados, saudade da união solitária com Aquele que vocês amam, encontrar ainda coragem de uma oração, à noite, junto da Hóstia.
No vazio dos dias de desemprego; no enfraquecimento da vontade; no tédio do espírito, encontrar forças para manter alma em oração.
O peso de “toda essa vida sem brilho, sem eficiência, sem interesse humano, que deverá ser aceita todos os dias até à morte, no impulso de um sacrifício renovado cada manhã”.
Sempre prontos para tudo, para serem enviados, em nome de Cristo, ao fim do mundo, para saberem morrer mártires se for preciso, nos lugares onde a humanidade mais sofre, perseguida, esmagada.
Guardar na castidade, pela vigilância, um coração amoroso e humano, tão grande deve ser, quanto o mundo a ser amado, que não diminua com a idade. Lutem até contra si mesmos, com fé em sua vocação, para o conseguirem.
Acreditem sempre na própria vocação de oração na eficácia suprema de sua vida entregue por amor e conservem, como Santa teresinha e o Pe. De Foucauld, “ O infinito do desejo na total incapacidade” (O pe. Danielou comentando o caminho da infância espiritual de Santa teresinha).
Vocês se prepararão pela ascese, absolutamente necessária para vocês. Dominar-se. Possuir-se. Desapegados de si mesmos e de todas as coisas. Perderem as ilusões, em toda a veracidade, em Cristo.
O ENTORPECIMENTO DE UM IDEAL
Isso pode ocorrer no contato com a realidade de cada momento e com todo o peso dos obstáculos que esse ideal encontra em vocês mesmos para passar ao ato.
Nossa inclinação para o mal, nosso egoísmo, tendências para a violência, preguiça, dissipação, dificultam a expressão de nosso amor. Sentimos rispidez, arrebatamentos, inércias que nos paralisam, e não fazemos o que desejaríamos, nem no plano da oração, nem no plano do serviço ao próximo. Corremos o risco do desvio em nossas ações, apesar de nossa reta intenção.
Nem devemos achar que isso se arranjará por si mesmo, nem nos espantar ou nos alarmar: “ é preciso aceitar esse trabalho sobre nós mesmos e fazermos esforços perseverantes e metódicos para nos transformar num instrumento dócil da caridade de Cristo. Eis o papel da ascese.
“Ter uma idéia precisa de que somos criatura ao mesmo tempo complexa e una, corpo e alma, marcada pela desordem do primeiro pecado. Devemos ter tomado consciência do lugar que o corpo ocupa na unidade da pessoa humana: ao mesmo tempo instrumento indispensável e obstáculo ao espírito que o anima. Nada é mais nefasto do que querer violentar-se para proceder como espírito puro, quando somos um ser perfeitamente uno, e para quem o corpo é parte essencial. O modo de concebermos a luta contr o desvio de nossa natureza, depende da idéia que tivermos feito de nós mesmos. (indica dois livros de ascese: “O sentido Cristão do Homem”, de Jean Mouroux, e “Problemas a vida Espiritual, do Pe. De Montcheuil).
A LUTA INTERIOR
“ O estado de luta interior é um estado normal. É a ausência de luta que é anormal: é frequentemente sinal de renúncia ao esforço de superação de si mesmo, e ao progresso do amor.” O repouso e a calma só são passageiros. “ A paz de que Jesus fala não é a ausência de luta”: ela está no sentimento de ordem que supõe o duro e penoso esforço de correção. “Jesus não teme falar de violência, de amputação, de guerra, de contradição. É importante ter compreendido bem isso e de ter aceito, em princípio, a luta como estado normal, até à morte. A luta não nos diminui; pelo contrário, nos realiza plenamente, quer como pessoa humana, quer como filhos de Deus. Não nos assustemos, pois, em sentir em nós a desordem e a oposição: é na paz e na alegria de ser aquilo que Deus permitiu que fôssemos que é preciso encarar essa perspectiva. Aluta será, mais especialmente pra nós, um estado normal, pelo fato de que nossa vocação não nos resguarda como fazem as observâncias monásticas. Nossa ascese revestir-se-á de aspectos bem diferentes da de um monge enclausurado”, porque estamos mais em contato com as solicitações exteriores. A tendência à dissipação, por exemplo, por causa do contato com as pessoas, conversas, leituras de jornais, é maior do que a do Cartuxo ou a de outros monges separados do mundo. Este talvez precise lutar contra o egoísmo, para manter-se um contemplativo autêntico.
Não é de um momento para o outro que conseguiremos usar as coisas deste mundo sem abuso. É preciso antes eliminarmos atos mesmo legítimos em si mesmos, em intervalos mais ou menos aproximados.
“Essa espiritualidade, baseada numa luta perseverante, tranquila, mas corajosa e enérgica”, é compatível “com o desenvolvimento de uma vida de oração e com a simplicidade da alma. O Pe. De Foucauld nos garante isso.”
Não podemos usar a espiritualidade e a força de ascese de uma ordem enclausurada para a vida de Irmãozinho. Seria um erro.
> O monge = longa salmodia no coro, monotonia dos dias de silêncio perpétuo, o horizonte limitado da cela ou do claustro > amor por Deus em atos, numa direção determinada e constante.
> O Irmãozinho = trabalho, adorações de dia e à noite, relacionamento com as pessoas > viver seu amor por Jesus em atos muitas vezes imprevistos, muito diferentes dos do claustro.
Coragem sem desfalecimento na luta, coragem que encontrará sua fonte única na fé confiante em Cristo Jesus e em suas promessas: “Tudo é possível naquele que crê. Lembrem-se da infância espiritual de Santa Teresinha e leiam também tudo o que o Pe. De Foucauld escreveu sobre a necessidade da coragem.
“Deve ser a marca distintiva do Irmãozinho de Jesus ter uma coragem humilde, tranquila, mas inquebrantável, para abrir sua alma ao reino do Amor!
UMA ASCESE EFICAZ
A ascese faz-nos evitar os excessos dos que pretendem passar sem ela, porque acham que apenas a graça e as virtudes infusas corrigem nossas más tendências. Precisamos compreender a verdadeira finalidade da ascese,pois outros, ao contrário daqueles que a rejeitam, acham que as práticas ascéticas são “o essencial de nossa vocação de Filhos de Deus”.
Precisamos, pois, de uma ascese adaptada à nossa natureza humana e ao nosso temperamento pessoal. Cada temperamento pede um método diferente de ascese.
“A primeira condição para uma ascese eficaz consiste, pois,num claro conhecimento de si mesmo”. Para nos tornarmos um verdadeiro filho de Deus, precisamos saber que obstáculos o amor vai encontrar em nós para desenvolver-se, “ que forma toma em nós o orgulho do espírito, o egoísmo, a sensualidade”. Também os defeitos de temperamento não tão graves, mas que atrapalham a expansão da caridade, como a sensibilidade exagerada, a timidez, a taciturnidade, a exuberância e a leviandade, assim como hábitos de pensamento,de julgamento,de sentimentos provenientes de nossa educação.. “Esses hábitos nos limitam porque nos especializam e nos opõem aos outros”. Precisam ser dominados.
Finalmente, os defeitos ou manias, mesmo inocentes em si mesmas, que podem nos tornar insuportáveis aos outros. É preciso descobrir a raiz comum a todos os nossos desvios e má tendências, e ela é pouco aparente, e que é o nosso defeito dominante.
“Temos frequentemente muito mais trabalho em descobri-lo e em admiti-lo (...), e nem sempre conseguimos atingi-lo sem o auxílio de outra pessoa”. Aceitar qualquer observação, humildemente e na verdade. “Durante toda a sua vida você terá que combater o mesmo temperamento e o mesmo defeito dominante”.
“Não se muda de temperamento, nem de defeito dominante, mas a gente pode submetê-los”.
Com a idade os defeitos de caráter tendem a endurecer-se e a tornarem-se mais tirânicos, se não nos conquistamos com uma luta enérgica. É preciso “ser muito exigente consigo mesmo desde o começo e de não tratar com leviandade um defeito que poderá tornar-se mais tarde um real obstáculo, impondo-se como um limite ao crescimento da caridade em nós. É preciso saber aceitar a realidade tal como é”. Disse Jesus:“Esforçai-vos por entrar pela porta estreita” (Lc 13,24). Essa conquista de nós mesmos deve ser feita na alegria. “Ela traçará um caminho ao Amor de Jesus que quer tomar-nos inteiramente”.
Esse trabalho pessoal se complementa com “um plano de ataque e de um programa de ascese.” É uma das finalidades do noviciado”. Como ficamos sempre os mesmos, esse esforço de descoberta de si mesmo não terá necessidade de ser refeito continuamente! No retiro anual se esclarecerá bem isso.
A revisão de vida cotidiana, com nossa abertura e com a correção fraterna, é muito importante nessa luta. “Onde houver 2 ou 3 reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles” (Mt. 18,20). Acreditem nessa presença! Ela é real!
A revisão de vida deve ser generosa e humilde, apesar de difícil e espinhosa. Será preciso coragem! Quando for preciso assinalar a algum dos irmãos um afrouxamento visível sobre certo ponto, isso deve ser feito com doçura e sem exagero. Os outros, principalmente os que vivem conosco, veem melhor do que nós próprios nossos progressos ou marasmos (Lc 17,3-4).
Trabalhar “para estabelecer em nós essa simplicidade total está bem no espírito de Cristo. Essa deve ser a marca das Fraternidades. Além da humildade e de todas as qualidades de um amor fraterno, devemos também aceitar francamente o fazermos ajudar por nossos irmãos. Confiar um nos outros. Querer que os irmãos nos ajudem. Isso, é claro, se fará com austeridades e lutas, mas nos garantirá a perseverança e o progresso em nossa vocação.
Como vocês deverão se ajudar:
-Evitem sempre serem absolutos e totais em suas censuras. Vejam a intenção com que tal coisa foi feita, pois “ a intenção de um homem é muitas vezes melhor do que se poderia supor pelo seu comportamento exterior.”
-É preciso ajudar, e não desanimar, nem oprimir;
-Não voltar à carga, se o irmão luta de verdade e faz todo o possível, mesmo que o resultado seja medíocre.
-Votar a chamar a atenção se houver esquecimento, negligência ou abandono da luta.
-Proceder de tal modo com paz e humildade que a atmosfera favoreça a abertura de um tímido ou egocêntrico.
Devemos trabalhar de modo particular para corrigir o que cria obstáculo à oração e á caridade fraterna com as pessoas. Quanto à “caridade fraterna não se deve hesitar em assinalar a cada um os defeitos e os caprichos que a tornam difícil para eles: tendência à discussão, a ter apego às idéias próprias, silêncio afetado demais etc.
Esforço constante para uma vida cada vez mais fraterna, que é uma das finalidades da reunião da noite, e isso não será conseguido sem choques e sem fracassos, mas “devem ser cada vez o ponto de partida para um impulso mais generoso”.
DOSAGEM DA ASCESE
Três atitudes podem ser adotadas: a supressão completa daquilo que nos ameaça arrastar para o mal (ou no mínimo retardar-nos no caminho do amor), o uso regulamentado e a liberdade dominadora, atitudes que correspondem às três etapas da vida acética, sendo esta última raramente atingida em plenitude.
Supressão Completa: “Para destruir em nós as atrações más, e retificar tendências transviadas, será preciso, frequentemente, fazer um esforço de se abster de atos que não são pecados em si mesmos”
Exemplos de supressões definitivas: a clausura e o voto de pobreza. Periódicos ou temporários: certas práticas do noviciado, relativamente à clausura, à abstenção de certos contatos e o jejum periódico no curso do ano.
“Essas supressões nos revelam toda uma zona de nosso ser que ainda não conhecíamos, como nos fazem avaliar no seu justo valor, as exigências quase infinitas de Deus na ordem do desapego a todo o criado”.
Para nós, algumas dessas supressões são também definitivas como os votos de castidade, obediência, renúncia ao exercício da propriedade e instinto de posse.
Há o perigo de apesar dos votos nos apegarmos a coisas pequenas, como uma camisa, uma caneta, e termos medo de emprestar, de sermos generosos, para nos tornar mesquinhos e avaros. São coisas miúdas, mas “suficientes para acorrentar uma alma, impedindo-a de ser grande nos seus desejos, e livremente entregue ao Cristo.”
Temos que ter a iniciativa pessoal de regrarmos o uso de todas as coisas e principalmente aquilo em que percebermos o perigo. É como diz Mt 5,29-30:” Se o teu olho direito te escandalizar”... etc
Outras coisas: a bebida alcoólica, fumar: se não conseguirmos regular seu uso, cortemos de vez esses hábitos. Eles não devem tomar conta de nós. Quanto ao jornal, se não nos dominamos e começarmos a perder tempo de oração e leituras úteis, cortemo-lo por algum tempo e tudo voltará ao lugar.
“De tempos em tempos, uma parada brusca, para verificar o funcionamento dos breques, e manter-se senhor da velocidade. Nossa ascese deve ser, pois, viva e flexível(...) Vigilância, iniciativa, energia e agilidade deverão, pois,ser as qualidades a serem empregadas na luta para conquistar a própria liberdade.
Há uma ascese do corpo, uma do espírito, do coração, da imaginação.
A ascese do corpo: a energia ao levantar-se, a coragem no trabalho manual e em suportar o cansaço, a correção e a virilidade do porte, mesmo quando se está sozinho, sobretudo na capela, por ocasião das adorações noturnas. Também a ginástica.
ASCESE NA ORAÇÃO
“Conjunto de práticas que ajudam a alma a entrar em oração, na medida em que essas práticas concorrem para afastar aquilo que dificulta a oração, disciplinando o corpo, a inspiração e o espírito”.
O silêncio “ é como que o ambiente normal da união da alma a Deus no ato da oração”, tanto o interior como o exterior (que ajuda na obtenção do silêncio interior), o silêncio interior se pode obter no meio do barulho e das conversar: “estado interior de calma das paixões, na liberdade de qualquer apego desordenado e consentido a si mesmo e àquilo que nos pudesse desviar do olhar de fé sobre a presença divina.”
“Esse silêncio nos é sempre necessário e devemos nos esforçar para estabelecê-lo em nós permanentemente”.
Quanto ao silêncio exterior, é mau se for a consequência de um temperamento fechado, egoísta, no desejo de repouso, “pretexto para uma falta de esforço para vencer o individualismo, se esconder descontentamento ou rancor, se for dissimulação ou falta de franqueza, se detiver em nossos lábios, uma palavra de perdão, se deixar em abandono nosso irmão em necessidade de ser auxiliado”.
O silêncio é bom quando é necessário para permitir o trabalho intelectual, reflexão, para estabelecer o silêncio interior em alguém muito ocupado, sobretudo excelente quando procurado para orar a Deus.
Fazer zonas de silêncio diárias, semanais, mensais, também para permitir a oração e controlar a autenticidade do nosso silêncio interior.
“Há palavras que não rompem o silêncio. Há silêncios exteriores que quebram o silêncio divino da alma.” O silêncio deve produzir um ambiente de paz e recolhimento, mas nunca pesado ou triste.
Momentos de silêncio na Fraternidade: Nas orações, retiros mensais, retiros mensais mais longos de cada ano, nas Fraternidades de oração, que são mais consagradas a ele. Não nos assustemos, entretanto, se não o obtivermos a contento numa Fraternidade operária, em que há pouco espaço. Façamos esforço para obtê-lo não numa regulamentação exterior, mas numa exigência de caridade e de espírito de oração constantemente retomados.
Ascese do silêncio unida à do corpo, o meio que ela usa. Para isso, fazer bem feitas as orações vocais. As orações da Missa, do Ofício, devem ser ditas com fé. “Pelo meu corpo, minha alma dá testemunho de sua presença a Deus” (Jean Mouroux, “Sens Chrétien de l'Homme, pág. 57). “Daí a importância de não desprezar a disciplina da imaginação e do espírito, como auxílio de um método simples e concreto. É todo o nosso ser que é preciso dar a Deus na fé.”
“ O método que nos seja pessoal, a fim de realizar, no começo da oração, a pacificação das paixões e a calma da imaginação”. Todos os métodos que dão resultado são bons, “e o mais simples é sempre o melhor”.
Pe. de Foucauld recomenda o método de se partir “simplesmente da presença de Jesus no Evangelho e na Eucaristia, para travar um colóquio com seu Mestre, durante o qual adora, agradece, pede, suplica, faz ato de reparação, mas sobretudo escuta Jesus falar.”
ASCÉTICA CENTRADA NA CRUZ
É um aspecto da disciplina ascética própria do Pe. De Foucauld: uma obra de amor, centrada na Cruz. “Normalmente a ascética é um esforço de renúncia voluntária, metódica, para corrigir o desvio”. O amor da Cruz pouco a pouco se sobrepõe e “depois se substitui facilmente ao esforço propriamente ascético. É a loucura da Cruz, que opera m nós um mistério de morte e de renúncia,não mais para reprimir nossas más tendências, mas simplesmente por amor de Jesus, porque Jesus sofreu, e porque existe ainda uma medida de sofrimento a ser preenchida no Corpo Místico, para completar a redenção de nossos irmãos.
Darmos “ à menor renúncia voluntária, à menor prática disciplinar, um valor de ascese ma, principalmente, um valor de amor referindo-nos explicitamente à Cruz de Jesus e às almas que esperam nosso esforço de redenção.
DIRIGIR-SE POR SI MESMO
Um ano de noviciado não basta para preparar os Irmãozinhos à vida difícil que os caracteriza, que supões um domínio de si e um hábito de oração que só se obtém após anos de fidelidade, Mas podemos ensiná-los a dirigir-se por si mesmos, colocando-lhes as bases, os princípios, contribuindo para dar hábitos iniciais necessários, esclarecendo nitidamente o caminho a ser seguido, fazer descobrir o ideal, colocar os fundamentos de uma vida de fé com Cristo, ensinar a rezar, levar a um verdadeiro conhecimento de si mesmo e mostrar que o trabalho de ascese e de desapego é necessário para deixar Cristo agir em nós. Em seguida, é preciso pôr o religioso em face das própria dificuldades de sua vida, par ensiná-lo a vencê-las.
Não nos esqueçamos que a perfeição da santidade exige a intervenção dos dons do Espírito Santo, adaptada a cada caso.
O Irmãozinho deve ao mesmo tempo buscar o auxílio do Espírito Santo e, por si mesmo, esforçar-se generosamente para realizar uma oração redentora. Não lhe faltarão os dons do Espírito Santo em sua vocação, se ele se mantiver fiel e cumprir a vontade do Pai no estado de vida indicado pela Providência.
O noviciado não pode senão começar essa obra de formação. O Irmãozinho terá oportunidade de rever sua caminhada nesse sentido no segundo noviciado de vários meses antes da profissão perpétua e poderá fazer as retificações necessárias e completar a formação religiosa na maturidade do homem. (El-Abiodh Didi-Cheikh, 24/2/48).