segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O SILÊNCIO - 1ª PARTE -

O SILÊNCIO - 1ª PARTE - INTRODUÇÃO - Mássimo Massini.
Este é um estudo muito bonito, que tirei do boletim espanhol nº 03/98, maio-junho 1998, de Mássimo Massini.
São 10 textos para refletir e meditar.
"Se amas a verdade, seja amante do silêncio; à semelhança do sol, ele te fará luminoso ante Deus e te livrará dos fantasmas da ignorância; o silêncio te unirá ao mesmo Deus" (Isaac de Nínive).
"Pelo silêncio se reconhecem os que levam Deus em seu coração" (Gerhard Tersteegen).
O tema do silêncio, mais do que nunca, é atual. "Conforme vai diminuindo o prestígio da linguagem, aumenta o silêncio" (Susan Sontag).
"Em nenhum século a palavra tem sido tão pervertida, como o está agora, de sua finalidade natural que é a de fazer os homens se comunicarem. Falar e enganar (frequentemente também enganando a si mesmo) são agora quase sinônimos" (Ignazio Silone, "Pão e Vinho")
O desamor pela palavra, que está difundido como nunca, nasce da constatação de nosso falar e o dos demais chegou a ser, em geral, atos meramente físicos, charlatanice impessoal e banal. Em pouco tempo, falar converteu-se, para o homem do século 20, numa "escravidão como a do álcool"
A nossa civilização é caracterizada por palavras acabadas, desgastadas, sem conteúdo, soltas. "Uma civilização baseada nas palavras é uma civilização perturbada. As palavras criam confusão. As palavras não são a palavra. Não há palavras para a experiência mais profunda. Quanto mais desejo expressar-me, tanto menos me entendo. Na verdade, nem tudo é inexprimível em palavras, mas apenas a verdade viva"
Em nossas conversações cotidianas tropeçamos muito em palavras sem peso, inoperantes, que nos entorpecem intelectualmente, assim como tropeçam, resvalam, deterioram, apodrecem as palavras nos slogans, clichês, metáforas mortas, nos pré-fabricados linguísticos. A desumanização política de nosso século também tem levado à desumanização da linguagem. "O silêncio é uma alternativa. Quando as palavras da cidade estão cheias de barbáries e mentiras, nada fala mais forte que a poesia não escrita".
O poeta de nossos tempos, como o místico, provou pelo menos por uma só vez na vida o desejo de "morrer de silêncio".
Deste inferno do ruído, que é a nossa vida cotidiana, desta "galeria do vento das conversas vazias" e das tagarelices nasce espontânea a saudade do silêncio, o desejo de fazer emudecer as palavras instrumentalizadas e de descobrir as palavras do silencio. O homem contemporâneo, ainda que inconscientemente, está gritando com Verlaine ”Dai-me o silêncio e o amor do mistério".

"O silêncio pertence à estrutura fundamental do homem". Nele, "realiza-se o conhecimento autêntico" Para Ghandi, "o silêncio dilata o espaço de tempo de nossa vida".

Para Psichari, é "um grande mestre da verdade" . Para Lavelle, "é a forma mais perfeita do pudor " Para S. Paulo da Cruz, " a chave de ouro que conserva o tesouro das virtudes".
Para Bossuet,, "o guardião da alma". Para João de Jesus Maria, "tem certa afinidade com a contemplação divina e o arrebatamento (o êxtase) da alma, enquanto que faz entender também sem estrépitos de palavras coisas superiores à capacidade do mundo”.


O silêncio é todas estas coisas e muitas outras mais; sem dúvida, dado que muitos se esqueceram do silêncio é talvez mais oportuno esclarecer em seguida o que não é, excluindo algumas ideias errôneas que podem estar circulando.