3-OS DOZE DEGRAUS DO SILÊNCIO
A vida interior poderia consistir apenas nessa palavra: SILÊNCIO! O silêncio prepara a santidade, começa-a, continua-a e a aperfeiçoa. Deus, que é eterno, não diz mais que uma só palavra: o Verbo. De maneira semelhante seria desejável que todas as nossas palavras expressassem direta ou indiretamente essa única palavra: JESUS!
Esta palavra, “silêncio”, é belíssima! Podemos traduzi-la em doze graus:
1º – FALAR POUCO COM AS CRIATURAS E MUITO COM DEUS
É o primeiro passo, mas indispensável no caminho solitário do silêncio, para unir-se a Deus. É o silêncio em relação ao mundo, aos acontecimentos cotidianos.
2º – O SILÊNCIO NO TRABALHO E NOS MOVIMENTOS
Silêncio em nossas atitudes cotidianas e em todos os nossos sentidos, para percebermos mais claramente a voz de Deus. Afastar-se do ruído e tudo o que poderia distrair- nos. O Senhor nos chama ao deserto. Lá, ele falará ao nosso coração (Oséias).
3º – O SILÊNCIO DA IMAGINAÇÃO
Substituir as perturbações, tristezas, impressões, pela imagem do céu, do Senhor, da paixão de Cristo, das perfeições de Deus.
4º – O SILÊNCIO DA MEMÓRIA
Deixar de lado o passado e preencher a memória com a lembrança da misericórdia de Deus.
5º – O SILÊNCIO EM RELAÇÃO ÀS CRIATURAS
Saber retirar-se e ficar a sós com Deus, para conhecer seus segredos e a felicidade futura que nos espera. Deus nos infundirá um amargo desgosto pelo pecado e tudo o que possa nos separar dele.
6 – O SILÊNCIO DO CORAÇÃO.
Se se fizer silêncio em todos os aspectos que já vimos, ou seja, da língua, dos sentidos, da imaginação, da memória, nós saberemos criar a solidão, se não ao nosso redor, pelo menos no coração. Silenciar, no coração, tudo o que vem simbolicamente dele: os afetos, antipatias, desejos muito ardentes, dos ciúmes, do fervor exagerado, dos suspiros, enfim, em tudo o que for exagerado.
Um coração em silêncio é um coração puro, uma melodia para o coração de Deus. A lamparina se consome sem ruído diante do sacrário e o incenso sobe em silêncio até o trono do salvador. Eis o silêncio do amor!
7º – O SILÊNCIO DA PRÓPRIA NATUREZA E DO AMOR PRÓPRIO
É o silêncio tanto diante do elogio como diante do desprezo, calunias, murmurações que se fazem a nosso respeito, assim como nas alegrias e nos prazeres, nos trabalhos, no frio, no calor, na saúde, na enfermidade. É o silêncio do “eu” humano que passa ao querer divino.
8º – SILÊNCIO DA MENTE
Fazer calar os pensamentos inúteis, os pensamentos naturalmente agradáveis, pois são esses que prejudicam o silêncio da mente.
9º – SILÊNCIO DO JUÍZO: NUNCA JULGAR!
10º SILÊNCIO DA VONTADE
Seguir em tudo a vontade de Deus, sem nunca perguntar: “Por quê?” Ou “Até quando?” É o silêncio do abandono. O divino silêncio de Jesus em sua agonia.
11º – SILÊNCIO CONSIGO MESMO
Esquecer-se, fugir de si mesmo. É o silêncio do nada. É mais heróico que o silêncio da morte.
12º – SILÊNCIO COM DEUS
É aderir-se a Deus, apresentar-se, expor-se diante dele, oferecer-se a Ele, adorá-lo, amá-lo, escutá-lo, ouvi-lo, repousar nele. É o silêncio da eternidade, da união da alma com Deus.