domingo, 8 de janeiro de 2012

C. DE FOUC- 14-VIDA MISSIONÁRIA




Não conhecendo regiões mais perdidas, mais abandonadas, mais desamparadas, com maior falta de operários evangélicos, do que o Saara e o Marrocos, solicitei e obtive autorização para estabelecer na fronteira um Tabernáculo e de congregar alguns irmãos para a adoração da Sagrada Hóstia.
Aí vivo já há alguns anos, sozinho até agora... Mea culpa, mea culpa: quando o grão de trigo que cai na terra não morre, permanece só; se morre produz muitos frutos... Não estou morto, portanto, estou só... Rezai pela minha conversão, a fim de que morrendo eu produza os frutos... (Carta a Suzanne Perret, 15/12/1904)

Vivo o dia a dia... O tempo em que puder ser útil neste país e enquanto outros não vierem substituir-me ficarei aqui... pois é um lugar que precisa de alguém. Eis o que tomo como regra: fazer as coisas que acredito serem muito úteis às almas e que as circunstâncias não permitem que outros as façam...

Penso, portanto, permanecer neste país enquanto for tolerado, enquanto não for substituído, enquanto puder trabalhar utilmente pelo reino de Jesus. Atualmente sou um nômade vivendo na tenda, mudando sempre de lugar: é muito bom como começo, pois isso me faz ver muita gente e muitos lugares (Carta ao Pe. Huvelin, 13/07/1905).

Depois de ouvir tudo o que a razão diz, vejo essas vastas regiões sem um só sacerdote, vejo-me como o único sacerdote que possa ir até lá e me sinto extremamente e cada vez mais impelido a partir [para o Hoggar, região dos Tuaregues]. Ir lá ao menos uma vez e, segundo o resultado, e a partir do que a experiência me mostrar, voltaria ou não. Apesar do que a razão diz em contra e do verdadeiro horror que minha natureza tem por essa ausência [do eremitério de Beni-Abbès], sinto-me extremamente e cada vez mais impelido interiormente a essa viagem (Carta ao Pe. Huvelin, 13/12/1903).

Meu apostolado deve ser da bondade. Vendo-me os outros devem dizer “já que este homem é tão bom, sua religião deve ser boa”. Se me perguntarem por que sou paciente e bom, devo dizer: “porque sou servo de alguém bem melhor do que eu” (Diário, Oeuvres Spirit., 1909).

A minha obra, infelizmente, não é aqui mais que uma obra de preparação, de desbravamento. Consiste em levar no meio deles o Senhor,no Santíssimo Sacramento, o Senhor que desce todos os dias no Santo Sacrifício; e também em pôr no meio deles uma oração -- oração da Igreja -- por mais miserável que seja aquele que a oferece... Consiste ainda em mostrar aos ignorantes que os cristãos não são o que eles supõem: que também nós cremos, amamos e esperamos. Consiste, finalmente, em dar às almas confiança e amizade, em prendê-los, fazer deles se possível, nossos amigos, para que depois deste primeiro contato, outros possam fazer maior bem a esta pobre gente (Carta ao Côn. Caron, 08/04/1906, Textos Espir. p.264)

É bom viver sozinho no país. Podemos atuar ainda que não façamos grande coisa, porque nos tornamos do país, e nele nos fazemos tão abordáveis e tão pequeninos (Carta a Dom Guérin, 2/7/1907).

A região do Saara que me disponho a penetrar, tem 2 mil quilômetros de norte para sul e mil quilômetros de Leste a Oeste, com 100.000 muçulmanos dispersos, sem um único cristão, a não ser os soldados franceses de todas as patentes. Estes últimos são pouco numerosos. Há 80, quanto muito 100, espalhados por toda esta área, porque nos exércitos do Saara, só os oficiais são franceses, sendo os soldados nativos. 


Não consegui ainda uma única conversão verdadeira e estou aqui há sete anos.Fiz dois batismos, mas sabe Deus, o que sãoe serão as almas batizadas: uma criança que os Padres Brancos criam --- sabe Deus o que virá a ser dela mais tarde --- e uma pobre velha cega: o que haverá na sua pobre cabeça? Até que ponto será real a sua conversão? (Carta ao Côn. Caron, 9/6/1908,Textos Espirit. p.264-265).