O Foucauld contemplativo é ao mesmo tempo o “eremita-missionário”.
O amor incondicional por Jesus leva o a compartilhar a obra redentora de Jesus: anunciar a todos, sem exceção, a boa-nova da salvação. Numa meditação sobre o texto de Lc 11,21 diz: “Se queremos imitar Jesus, como é nosso dever, a primeira coisa a fazer é trabalhar na salvação dos homens como sendo a obra de nossa vida. Nela empregar o melhor de nossas forças e de nossos esforços, seja qual for nossa condição”.
O amor incondicional por Jesus leva o a compartilhar a obra redentora de Jesus: anunciar a todos, sem exceção, a boa-nova da salvação. Numa meditação sobre o texto de Lc 11,21 diz: “Se queremos imitar Jesus, como é nosso dever, a primeira coisa a fazer é trabalhar na salvação dos homens como sendo a obra de nossa vida. Nela empregar o melhor de nossas forças e de nossos esforços, seja qual for nossa condição”.
Cresce ele a firme convicção de que a salvação é universal e não exclui absolutamente ninguém. Ele mesmo não se sente chamado a um apostolado direto, como a maioria dos missionários. Quer ser uma simples presença da verdade do Evangelho em meio daqueles que ainda desconhecem o Salvador. É sua intuição nazarena da missão: “gritar o Evangelho pela vida”, e isso significa concretamente ser homem de intensa oração/contemplação e ver Jesus, sobretudo nos últimos, nos pobres.
Para Foucauld esta presença encarnada se torna palpável na amizade e se realiza sempre com meios pobres, nunca apelando à força, à imposição, ou preconizando prestígio social. O Evangelho é, antes de tudo, uma vivência testemunhal de grande simplicidade e jamais uma ostentação de superioridade religiosa ou espetáculo de exclusividade da verdade. Uma presença missionária empregará recursos eminentemente evangélicos, tais como: a bondade, o respeito pelas riquezas religiosas e culturais dos povos. Foucauld promovia, já no seu tempo, o que hoje chamamos de inculturação da fé cristã: um cristianismo em diálogo com as culturas e com as diferentes tradições religiosas. Irmão Carlos parte concretamente da realidade do povo no qual se encontra inserido, procurando identificar-se com ele com espírito fraterno e solidário.
Assim, faz ingentes esforços para se aproximar dos tuaregues, em Tamanrasset, onde passará os últimos anos de sua vida. Como já assinalamos, aprende a língua daquele povo e se familiariza com as suas tradições culturais. “Com todas as minhas forças — escreve ao Padre Huvelin, aos 15-7-1904 — busco mostrar, provar a estes pobres irmãos, que nossa religião é toda de caridade, de fraternidade, que seu conjunto é um coração”.
A inculturação tem sua inspiração evangélica na fraternidade universal. Para Charles de Foucauld todos os seres humanos são verdadeiramente irmãos em Deus, nosso Pai comum e, por isso, devem amar-se afetuosamente. Ele mesmo gosta que o chamem de “irmão universal” e escolheu para si um nome pelo qual os autóctones pudessem conhecê-lo: Abd-Isa, isto é, servo de Jesus. De fato, ele servirá a Jesus, praticando indistintamente a fraternidade para com todos!
“Não quer que sua casa tenha limites, quer que ela se apresente como uma pequena fraternidade, uma khaoua:
‘Os nativos começam a chamá-la — observa numa de suas correspondências — a khaoua, e saber que ali os pobres têm um irmão, não só os pobres, mas todos os homens...
Quero acostumar todos os habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus, idólatras, a considerar-me como seu irmão, o irmão universal. Eles estão começando a denominar a casa a fraternidade ( khaoua em árabe) e isso é um prazer para mim’”.
Nessa universalidade fraterna os pobres e marginalizados ocupam nitidamente o primeiro lugar.
Charles de Foucauld vai diretamente à sua procura, “movido por misericórdia”. Quer ser solidário com os últimos, na qualidade de um servo de Jesus, este mesmo Jesus que ama os pequenos preferentemente. A compassividade do Irmão Carlos é notável.
Numa de suas anotações recomenda: “Sê bom e compassivo; que nenhuma miséria te deixe insensível. Vê Jesus em todo humano. Faze ao próximo o que queres que ele te faça” .
Compassividade inclui necessariamente a luta pela justiça.
Charles de Foucauld não se cala quando estão em jogo os direitos humanos mais elementares, como mostra sua atuação em relação à prática da escravidão, tolerada pelo regime colonial francês, no Norte da África. Em carta de 7-2-1902, ao Dom Martinho, Abade do Mosteiro trapista de Nossa Senhora das Neves, declara: “... Não temos o direito de ser sentinelas que dormem, cães que não ladram, pastores indiferentes... Pergunto-me se não temos de elevar a voz, direta ou indiretamente, para dar a conhecer na França essa injustiça e esse roubo sancionado, que é a escravatura em nossas regiões, e dizer ou fazer com que seja dito: eis o que se passa, non licet!... É Jesus que está nessa dolorosa condição, ‘o que fizerdes a um desses pequeninos é a mim que fazeis’.
Não quero ser um mau pastor ou um cão que não ladra... Tenho medo de sacrificar Jesus ao meu comodismo e à minha grande inclinação pela tranqüilidade, à minha covardia e timidez naturais...