segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O SILÊNCIO – 8ª PARTE

 8- A NECESSIDADE E A FORÇA DO SILÊNCIO

(Dietrich Bonhöeffer)
 A característica da solidão é o silêncio, como a palavra é a característica da comunicação.
Entre silêncio e palavra há o mesmo vínculo interior e a mesma distinção que há entre solidão e comunicação. Uma não pode existir sem a outra. A palavra justa nasce do silêncio, e o justo silêncio, nasce da palavra.
Calar não significa ficar mudo. Falar não significa simplesmente fazer ouvir palavras. O ficar mudo não cria a solidão e o falar por falar não cria a comunicação. Nós nos calamos após ouvir a Palavra, porque esta se segue falando, vive e permanece em nós. No silêncio da manhãzinha e no noturno, Deus tem a primeira e a última palavra do dia. Calar, enfim, é aguardar a palavra de Deus e caminhar, após ouvi-la, com a sua bênção. Aprender a calar nesta época em que o predomínio é falar.
Saber calar-se para ouvir a Palavra permite que nos calemos, e usemos corretamente o silêncio e as palavras em nossa jornada. O silêncio do cristão é um silêncio orientado a ouvir a Palavra, e que pode ser quebrado a qualquer momento. É um silêncio vinculado à Palavra. O silêncio esclarece, purifica, permite a concentração. Devemos saber ouvir e saber falar no momento oportuno!
Onde vivem muitas pessoas, deve haver um período comunitário de silêncio, se não houver um local para o silêncio individual. Encontramos o nosso próximo com um ânimo muito melhor depois de um período de silêncio.
Entretanto, o silêncio mal orientado ou obrigado pode ser um terrível deserto com toda solidão e todos os erros, como também pode ser um paraíso da auto ilusão; e não se sabe qual desses dois é pior.
Nada mais se espere do silêncio que um simples e puro encontro com a Palavra de Deus, em vista da qual se buscou o silêncio. O cristão deve aceitar esse encontro do modo que vier, sem impor condições, e o silêncio será amplamente recompensado.